Dezesseis dos 33 postos de fiscalização da Agência de Defesa Agropecuária do Paraná (Adapar), instalados nas divisas do estado, estão desativados temporariamente por falta de servidores. A informação é da própria Adapar, que trabalha para reestruturar essas barreiras e não perder a chance de tornar o estado área livre de peste suína clássica reconhecida ante a Organização Mundial de Saúde Animal (OIE).
Outra medida para facilitar a obtenção do reconhecimento e reforçar o sistema de defesa foi anunciada na Agroleite, ontem, pelo secretário estadual da Agricultura e do Abastecimento, Norberto Ortigara. Os 200 primeiros colocados em concurso para preencher vagas no Instituto Paranaense de Assistência Técnica (Emater) foram chamados para exames médicos e devem começar a trabalhar até setembro. Faltarão ainda 400 vagas a serem preenchidas -- metade na Adapar e o restante no Emater. O impacto na folha salarial é de R$ 695 mil por mês, apenas na Adapar.
Em 2010, um ano antes de o órgão ser criado, 31 das 33 barreiras sanitárias de trânsito animal estavam ativas. A reportagem entrou em contato com alguns dos municípios que sediam as estruturas e verificou que não há técnicos nos locais. Nem mesmo policiais tem feito a fiscalização.
O diretor da Adapar, Inácio Kroetz, diz que os pontos fora de funcionamento foram determinados estrategicamente e que não são considerados como de ingresso de animais. “A fiscalização do trânsito existe, é efetiva, mas cabe melhorias. Vamos apresentar nosso relatório [à OIE] e acredito que ele será convincente”, defende.
As barreiras sanitárias são importantes para mostrar a capacidade do estado em evitar a entrada de animais contaminados em caso de surtos de doenças, não só da peste suína. Na semana passada, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) cogitou deixar o Paraná de fora do pleito na OIE, levando em consideração apenas os pedidos do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina. O estado tem até 19 de setembro para enviar seu relatório ao órgão internacional, mas há chance de o prazo ser estendido.
O gerente de Saúde Animal da Adapar, Rafael Gonçalves Dias, minimiza o problema. “Não há necessidade [de todos estarem funcionando] porque não há nenhuma doença de risco atualmente. Se precisar amanhã temos como colocar esses fiscais nos postos”, afirma. Das 17 barreiras ativas, dez funcionam 24 horas por dia, três 12 horas e outros quatro em horário comercial.
Dias ressalta que há outras ferramentas para controlar o trânsito. “Temos fiscalização volante e também nos locais de risco. São várias linhas de ação além do posto fixo”, destaca.
Adapar aposta em corredores sanitários
Através da análise estratégica, a Adapar quer transformar os postos inativos em pontos de rechaço (bloqueio de cargas consideradas de risco). Serão determinados pontos específicos de ingresso de animais, formando corredores sanitários ao longo do estado. O sistema é inspirado no modelo de Santa Catarina, usado desde a década passada.
Serão 16 postos de entrada, já definidos (veja o mapa), mas que dependem de decreto do governador para entrarem em vigor. Onze serão instalados na divisa com São Paulo e Mato Grosso do Sul. Com Santa Catarina, as estruturas serão compartilhadas com agentes do estado vizinho. Segundo a Adapar, a proposta está em análise na Casa Civil. “Vamos determinar os pontos de ingresso e horário de funcionamento com base no risco. Não adianta ter 30 estruturas em locais errados, que não passa um veículo à noite”, explica o diretor da agência, Inácio Kroetz.
A fiscalização será complementada com o monitoramento por câmeras. Serão instalados 470 equipamentos de vigilância nas rodovias estaduais.
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