• Carregando...
 | CHRISTIAN RIZZI/CHRISTIAN RIZZI
| Foto: CHRISTIAN RIZZI/CHRISTIAN RIZZI

Pode ser bem difícil criar gado no coração do Canadá. No inverno, é preciso lutar contra os ventos do ártico e temperaturas congelantes. No verão, por outro lado, enfrenta-se um calor escaldante. Mas ao menos sempre tem uma chuvinha para refrescar e deixar o pasto bem verde. Mas, neste ano, mal caiu uma gota.

No racho de Larry Maxwell, por exemplo, a seca implacável “fritou” todo o pasto, deixando-o quebradiço e marrom, inútil para os animais. Para poder alimentar suas 150 cabeças de gado ele está trazendo feno de quase 100 km de distância, o que representa quase o dobro do custo do ano passado.

Maxwell tinha planejado manter o seu rebanho do mesmo tamanho este ano, mas o aumento dos gasto já forçou o pecuarista a abater 30 animais, e ele provavelmente terá de vender até outros 10 para arrecadar os fundos que precisa para alimentar o resto do gado durante o inverno.

“Este é um dos piores anos que já tivemos. O gado é a nossa principal fonte de lucro e é difícil para a gente ter de se livrar das vacas. É de partir o coração”, diz o produtor, cujo rancho fica em Trochu, na província de Alberta.

Histórias semelhantes à de Maxwell estão ocorrendo por todo o Canadá, o 6º maior produtor mundial de carne bovina. O crescente aumento dos custos de alimentação significa que o rebanho do país, que já estava em baixa há 30 anos, deve encolher ainda mais em breve. Com as condições difíceis do inverno que vem chegando os fazendeiros provavelmente deve sacrificar quase 20% dos seus rebanhos este ano, até porque os animais normalmente precisam de mais alimento durante os meses de frio, conforme explica Charlie Christie, presidente da Associação de Produtores de Carne de Alberta.

A indústria da carne no Canadá vem sofrendo um revés atrás do outro, começando com um surto do mal da vaca louca mais de uma década atrás. Depois, foi a vez de sofrer com seca, enchentes e falta de mão de obra, o que reduziu o rebanho para 12,4 milhões de cabeças em julho, o menor desde 1988, segundo dados do governo.

“Estávamos esperando que esse rebanho crescesse nos próximos anos, mas vamos acabar vendo um rebanho menor”, diz Christie, que moveu seus animais para o pasto um mês antes e usou palha de canola para suplementar a alimentação dos bichos.

Preço não vai baixar

Infelizmente, para os consumidores, o aumento dos abates não vai reduzir drasticamente o preço da carne no curto prazo conforme a demanda se mantenha relativamente forte, explica Christie. Ao mesmo tempo, tem havia um boom nos EUA de produção de carne, que vai manter os estoques globais elevados.

Para os produtores canadenses, os problemas se intensificaram este ano quando algumas regiões de Alberta, província que mais produz carne, teve menos de 60% da chuva habitual durante o período de crescimento do pasto. A seca deteriorou as condições do pasto e elevou em duas vezes o preço do feno em relação ao ano anterior. O custo da cevada em Alberta está próximo do nível mais alto em pelo menos três anos, de acordo com a Companhia de Fazendeiros para Gestão Avançada de Riscos, baseada em Winnipeg.

Como muitos fazendeiros foram obrigados a vender mais animais, os mercados de leilão de gado abriram mais cedo do que de costume no outono e as vendas estão movimentadas, informa Brian Lemon, gerente geral da Associação do Produtores de Carne de Manitoba. O número de cabeças de gado a venda está 10% maior este ano, derrubando os preços aos níveis mais baixos em anos, diz Brian Perillat, analista sênior da Canfax em Calgary, divisão de análise de mercado da Associação Canadense de Criadores de Gado.

“Mais adiante, esperamos reverter a queda do mercado e começar a crescer. Mas, por enquanto, vamos continuar a ver os nossos números abaixo dos do ano passado”, diz Perillat, conforme o número de abates continua a subir.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]