Na tentativa de rebater a estagnação nas exportações nacionais e aumentar o consumo interno, a cadeia produtiva de suínos do Paraná busca sinergia com a indústria para ganhar o mercado de cortes especiais. Amanhã, entidades que representam os produtores, frigoríficos, institutos de pesquisa e comércio varejista vão se reunir em Curitiba para discutir a viabilidade do abate de animais mais pesados. Pesquisa realizada pela Associação Brasileira dos Criadores de Suínos (ABCS), em parceria com Emater, Embrapa, Universidade Federal do Paraná (UFPR), a Associação Paranaense dos Criadores da Região Centro-Sul do Estado (Suinosul), revela que é possível aumentar em 30% os rendimentos de cortes nobres, como mignon e picanha, vistos como mais saudáveis, se o suíno for abatido com mais de 130 quilos.
Segundo a Emater, as indústrias que trabalham de forma integrada com os criadores já adotam essa estratégia, mas ainda há um mercado independente no estado, que abate mais de 50 mil animais por semana com peso de até 100 quilos ou menos. “São 60 frigoríficos envolvidos nesse mercado independente, que abastece o Paraná e Santa Catarina”, afirma Remi Jose Sterzellecke, agrônomo da Emater responsável pelo projeto da cadeia das carnes.
Para terminar um animal com padrão carne especial é preciso alongar o ciclo de produção em 60 a 70 dias. O custo da engorda, segundo Sterzellecke, é diluído com o ganho de produtividade. As despesas mais pesadas são concentradas na fase inicial do ciclo até o fim da desmama dos leitões. Os frigoríficos que aderirem à mudança terão de fazer ajustes de genética, manejo e tipo da ração usada nas granjas.
Estratégia
As carnes especiais são uma das principais apostas da suinocultura brasileira para ganhar o paladar dos consumidores. “Precisamos ficar menos reféns das exportações e acabar com um preconceito que ainda é muito forte em relação à carne de porco. Os limitadores são diferentes em cada região do país e nem sempre é o preço o maior deles”, aponta Anny Almeida, gerente executiva da ABCS. A entidade executa há cinco anos o Projeto de Desenvolvimento da Suinocultura (PNDS), que discute estratégias para ampliar a demanda per capita em dois quilos a cada dois anos. Nos dois primeiros anos, as metas foram alcançadas. O consumo interno cresceu de 13,7 quilos por habitante ao ano para 15,1 quilos. Mas, desde então, a marca não sai do lugar. “Para 2015, a meta é 18 quilos”, afirma Anny.
Além de apresentar os estudos sobre ganho de produtividade com abate de animais mais pesados, o encontro em Curitiba pretende mostrar na prática que é possível melhorar e ter novos cortes individuais da carne. Um consultor da ABCS fará cortes mais demandados pelo setor. A ideia é mostrar para o mercado varejista que o suíno, assim como o bovino, pode render muito mais que as tradicionais costela e bisteca.
Venda travada
No acumulado de janeiro a maio deste ano, o Brasil praticamente manteve o faturamento com as exportações de carne suína em cerca de US$ 530 milhões. O volume ficou ligeiramente abaixo do registrado em igual período de 2013. De 198 mil toneladas, as vendas caíram para 190 mil toneladas em 2014.
US$ 42,6 MILHÕES Foi quanto o Paraná faturou com as exportações de carne de porco de janeiro a maio deste ano. Valor ficou ligeiramente acima dos US$ 40,2 milhões arrecadados em igual período do ano passado. Em volume, embarques somaram 16,3 mil toneladas, contra 15,2 mil vendidas em 2013.