• Carregando...
População saiu às ruas de Caracas para protestar contra a falta de pernil, prato principal das festas de fim de ano | Federico  Parra/AFP
População saiu às ruas de Caracas para protestar contra a falta de pernil, prato principal das festas de fim de ano| Foto: Federico Parra/AFP

Centenas de venezuelanos protestaram nos últimos dois dias para cobrar a promessa feita pelo regime de Nicolás Maduro de vender carne de porco subsidiada para as festas de fim de ano.

A distribuição do produto seria feita pelos Comitês Locais de Abastecimento e Produção (Claps), programa alimentar chavista, mas a quantidade foi insuficiente. A frustração chegou às ruas, no que foi apelidado nas redes sociais de “revolta do pernil”.

Os atos ocorreram em Caracas e em dez dos 23 Estados. A falta da carne se somou às reclamações pela escassez de outros alimentos, remédios, gasolina e gás, que perdurou por todo o mês.

Em discurso na quarta, Maduro acusou Portugal de ter sabotado a chegada da parte do pernil que tiveram que importar - mesmo argumento usado para justificar a falta de outros produtos, inclusive os produzidos localmente.

“Nos sabotaram. Posso nomear um país: Portugal. Nós compramos o porco, assinamos os acordos, mas eles buscaram as contas bancárias dos navios”, disse o ditador.

O chanceler português, Augusto Santos Silva, negou que o governo seja responsável por impedir a compra. “Vivemos numa economia de mercado. Companhias são responsáveis por exportações.”

A Raporal, empresa que recebeu a encomenda dos pernis, disse que a mercadoria não foi enviada porque o regime deve 40 milhões (R$ 158 milhões) à companhia.

A oposição ironizou o novo caso de escassez. “Ele provavelmente vai culpar Cristóvão Colombo pela hiperinflação”, criticou o antichavista exilado Antonio Ledezma.

A Venezuela conta com a segunda maior comunidade de portugueses e descendentes na Améria Latina (cerca de um milhão), logo atrás do Brasil. A escassez de alimentos e o conturbado ambiente político vêm aumentando o fluxo inverso de imigrantes, que agora retornam para Portugal e para a Ilha da Madeira. O governo português já revelou ter um plano de contingência para retirada dos portugueses do país latino-americano, em caso de emergência ou guerra civil.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]