Centenas de venezuelanos protestaram nos últimos dois dias para cobrar a promessa feita pelo regime de Nicolás Maduro de vender carne de porco subsidiada para as festas de fim de ano.
A distribuição do produto seria feita pelos Comitês Locais de Abastecimento e Produção (Claps), programa alimentar chavista, mas a quantidade foi insuficiente. A frustração chegou às ruas, no que foi apelidado nas redes sociais de “revolta do pernil”.
Os atos ocorreram em Caracas e em dez dos 23 Estados. A falta da carne se somou às reclamações pela escassez de outros alimentos, remédios, gasolina e gás, que perdurou por todo o mês.
Em discurso na quarta, Maduro acusou Portugal de ter sabotado a chegada da parte do pernil que tiveram que importar - mesmo argumento usado para justificar a falta de outros produtos, inclusive os produzidos localmente.
“Nos sabotaram. Posso nomear um país: Portugal. Nós compramos o porco, assinamos os acordos, mas eles buscaram as contas bancárias dos navios”, disse o ditador.
O chanceler português, Augusto Santos Silva, negou que o governo seja responsável por impedir a compra. “Vivemos numa economia de mercado. Companhias são responsáveis por exportações.”
A Raporal, empresa que recebeu a encomenda dos pernis, disse que a mercadoria não foi enviada porque o regime deve 40 milhões (R$ 158 milhões) à companhia.
A oposição ironizou o novo caso de escassez. “Ele provavelmente vai culpar Cristóvão Colombo pela hiperinflação”, criticou o antichavista exilado Antonio Ledezma.
A Venezuela conta com a segunda maior comunidade de portugueses e descendentes na Améria Latina (cerca de um milhão), logo atrás do Brasil. A escassez de alimentos e o conturbado ambiente político vêm aumentando o fluxo inverso de imigrantes, que agora retornam para Portugal e para a Ilha da Madeira. O governo português já revelou ter um plano de contingência para retirada dos portugueses do país latino-americano, em caso de emergência ou guerra civil.
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