O presidente Michel Temer voltou a lamentar os prejuízos da repercussão da Operação Carne Fraca, divulgada pela Polícia Federal (PF) na última sexta-feira. Em cerimônia no Palácio do Planalto nesta quinta-feira, Temer disse que a “nacionalidade” contestou o que poderia se transformar em um evento internacional “desastroso”, e que ligará nesta quinta-feira ao presidente chinês. O presidente chegou a dizer que a operação da PF foi um “pequeno incidente”, mas depois emendou que o assunto é “grave”.
“Tivemos esse pequeno incidente... Não vou falar pequeno, porque é grave. A questão da carne está sendo elucidada”, afirmou Michel Temer. O presidente acrescentou que a “nacionalidade se mobilizou” para questionar os desdobramentos das investigações, chamadas pela PF de as maiores de sua história. Havia risco de um “evento internacional desastroso”, disse, reconhecendo que a operação alcançou uma dimensão indesejada. “Isso não poderia alcançar a dimensão que está alcançando.”
Michel Temer disse que ligará para o presidente da China nesta quinta-feira, e pediu que o Ministério das Relações Exteriores continue em contato com embaixadores de países importadores de carne para mostrar que o mercado de proteína animal no Brasil não foi afetado pelas investigações.
A China, segundo maior país comprador da carne brasileira, segue suspendendo essas importações. Egito, o terceiro maior, também. Em nota, a embaixada chinesa pediu que o governo brasileiro puna com “severidade” empresas e pessoas envolvidas em irregularidades.
“Logo superaremos, esperamos, esse embaraço que pode causar prejuízo ao país, mas digo eu, será logo superado pela compreensão de todos aqueles, a imprensa colaborou, quando eu falo em nacionalidade, o Brasil todo colaborou para esse fator”, afirmou o peemedebista, citando que o mercado de carne é “fundamental para a economia” e que ela não pode perder credibilidade.
Na última terça-feira, Temer havia dito a investidores que a Operação Carne Fraca era “fato insignificante” e que o “alarde” causado não poderia passar “impunemente”. Nesse discurso, o presidente citou números de frigoríficos e funcionários investigados e comparou-os com os dados totais do Brasil. Ele usou a mesma estratégia nesta quinta-feira, ao mencionar que 21 das 4.383 plantas frigoríficas estão sob investigação, assim como 30 servidores de 11.300 do Ministério da Agricultura.
A Carne Fraca detectou que superintendências regionais do Ministério da Pesca e do Ministério da Agricultura do Paraná, Minas Gerais e Goiás atuavam para proteger grupos empresariais, em prejuízo do consumidor. Foram presos executivos dos grupos JBS (dono de marcas como Friboi, Seara e Swift) e BRF (Sadia e Perdigão). Depois de dois anos de investigação, foram identificadas, segundo a Polícia Federal, irregularidades como reembalagem de produtos vencidos e venda de carne imprópria para alimentação.
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