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Gado Jersey tem porte inferior ao holandês e por isso dá menos despesas com alimentação | Josua© Teixeira/ Gazeta Do Povo
Gado Jersey tem porte inferior ao holandês e por isso dá menos despesas com alimentação| Foto: Josua© Teixeira/ Gazeta Do Povo

Das embalagens de produtos lácteos aos pontinhos pretos e brancos nos pastos das fazendas, as vacas holandesas se tornaram símbolo da bacia leiteira do Paraná. A grande população de animais e a tradição junto aos produtores fez com que o gado europeu deixasse pouco espaço para outros animais de origem estrangeira dentro da cadeia do leite. Para enfrentar esse cenário, criadores da raça jérsei se apoiam em argumentos como um rebanho de fácil adaptação e a produção de qualidade superior para tentar ganhar mercado.

Dados de 2011 calculados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) indicam que o rebanho ordenhado soma 1,5 milhão de vacas no Paraná. Conforme a Associação Paranaense de Criadores de Bovinos da Raça Holandesa (APCBRH), cerca de 60% dos animais têm sangue holandês. “Em algumas regiões, como os Campos Gerais, a participação chega a 90%”, salienta Altair Valotto, superintendente da entidade. Como nem todos os produtores fazem o cadastro, apenas 180 mil cabeças estão registradas na associação.

A vantagem se repete no mercado de genética. Em 2012 a raça holandesa deteve 58% de participação nas vendas do segmento leiteiro, segundo a Associação Brasileira de Inseminação Artificial (Asbia). Jérsei e gir aparecem na sequência, com 15% e 13%, respectivamente. Albert Kuipers, gerente para a área de leite da CRV Lagoa, pondera que apesar do domínio holandês, o mercado ficou estável nos últimos anos. “Outras raças cresceram por possuírem características que agradam a indústria, como maior teor de sólidos e facilidade no manejo”, aponta.

Fábio Mezzadri, veterinário da Secretaria Estadual de Agricultura e Abastecimento (Seab), explica que apesar de apresentar desvantagem no volume de produção, o jérsei produz leite com maior porcentual de gordura do que o rebanho holandês. “Os animais têm um porte menor e acabam comendo menos, o que gera uma diferença de custos”, acrescenta.

No Paraná o plantel é estimado em 30 mil cabeças, indica Nelci Mainardes, que preside a associação de criadores do estado. “A região de Castro é a que mais produz em termos de volume, mas o maior número de produtores está concentrado no Sudoeste paranaense”, aponta. Ele destaca que a raça tem boa adaptação a regiões de relevo acidentado e rende remuneração acima da média. “Na cooperativa Castrolanda, há produtores que receberam R$1,20 por litro, enquanto o preço médio é de R$1,10”, salienta.

Valotto confirma o crescimento do jérsei, mas acha pouco provável que ele assuma a liderança do mercado. “A raça holandesa é cosmopolita e como a população de animais é grande, o ganho genético é rápido, com mais opções para os produtores”, afirma.

3,5 mil litros é a desvantagem de lactação da vaca jérsei em relação à holandesa, que rende 8 mil litros em 305 dias, contra 4,5 mil litros da concorrente.

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