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Com o passar do tempo e a mudança no perfil das famílias, ao tamanho das aves ficou mais parecido e aumentou a confusão. | André Rodrigues/Gazeta do Povo
Com o passar do tempo e a mudança no perfil das famílias, ao tamanho das aves ficou mais parecido e aumentou a confusão.| Foto: André Rodrigues/Gazeta do Povo

Peru é peru e chester é...? Pois é! A identidade do bicho é um verdadeiro mistério, já que, normalmente, a gente só o vê embalado e temperado, prontinho para ir ao forno. Mas ele também não é de outro mundo, embora alguns acreditem que seja uma aberração criada pelo cruzamento de peru com avestruz. Na verdade, o chester nada mais é do que um frangão, um super frango. Mas esqueça a história de hormônios.

“Ele foi desenvolvido para ter um crescimento um pouco mais lento e um rendimento maior de peito, porque é abatido um pouco mais pesado”, explica Ariel Mendes, diretor de relações institucionais da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA). “O frango tem um ponto de abate que normalmente vai de 38 a 42 dias, já o frango natalino é abatido com até 53 dias”, conta.

O nome Chester foi criado pela Perdigão - empresa que foi incorporada pela BRF - na década de 1980, assim como há outras aves natalinas nas gôndolas do mercado, que vieram na sequência para aproveitar esse nicho e são exatamente a mesma coisa. Em relação à carne, além de mais concentrada no peito e nas coxas, ela também é um pouco mais consistente. Porém, do ponto de vista nutricional, não há qualquer diferença para o frango convencional.

Uma curiosidade é que, ainda hoje, mesmo depois de 37 anos sendo criada no Brasil, muita gente confunde a ave natalina com o peru. “São espécies diferentes, o ‘chester’, quando surgiu, o pessoal dizia que era um cruzamento de peru com frango, mas não”, diz Ariel Mendes. O peru, que veio da América do Norte, é uma ave naturalmente maior e mais pesada, a carne dela é mais firme e tem um sabor mais acentuado.

Macho e fêmea

Com o tempo, a avicultura se tornou um dos segmentos mais tecnológicos do agronegócio. Por exemplo, machos e fêmeas, em geral, são criados de forma separada. E, por mais que à meia-noite, na hora da fome, a gente não ligue muito para a diferença, isso aparece também durante a ceia, sabia?

A ave natalina que é vendida no mercado é o frango macho, porque é ele maior e rende mais. Já no caso do peru, é o contrário: quem vai à mesa é a fêmea, menor, o que, tudo bem, até justifica a confusão na hora de reconhecer o bicho. “O peru mudou muito no Brasil, antigamente era mais pesado e hoje está bem menor”, conta o diretor da ABPA. “Você tem dois tipos de peru: esse natalino é abatido com quatro meses. Como as famílias são menores, ele é para consumir em uma noite e não ficar a semana toda na geladeira. É mais prático e mais barato. E tem o peru pesado, que é para exportação ou para industrializar”, completa.

Números

Ariel Mendes explica que, como o frango natalino é criado nas mesmas granjas que o convencional, não existe uma estatística específica para esse segmento, mas geralmente a concentração de produção é a mesma, com o Paraná liderando o setor e Brasil figurando como maior exportador do mundo. Em 2013, o país produziu 13,14 milhões de toneladas de frango e 327,2 mil toneladas de peru (59% ficaram por aqui e 41% foram embarcados para o exterior).

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