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Cresceu 64% em junho

Peste suína na China impulsiona exportação de frango brasileiro

Linha de produção de frigorífico da Cogran em Pará de Minas (MG); exportações cresceram no primeiro semestre, principalmente tendo a China como destino. (Foto: Daniel Caron/Gazeta do Povo)

As exportações de proteína animal oriundas do Brasil registraram crescimento no primeiro semestre do ano, mostrando uma clara recuperação da imagem do setor, abalada após a operação Carne Fraca, de 2017, e pelas guerras comerciais travadas entre grandes parceiros comerciais do país. Entre os produtos que se destacam nessa retomada está a carne de frango, que somente no mês de junho totalizou 386,2 mil toneladas embarcadas de produtos in natura e especializados – 64% a mais do que no mesmo mês de 2018.

Para a indústria do setor, a disseminação da peste suína africana na China e em países do entorno foi a principal motor do crescimento acelerado. Somente em junho, a receita cambial com a carne de frango subiu 76,6%, com um saldo positivo de US$ 639,6 milhões, de acordo com informações da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA). No semestre, o desempenho das exportações teve alta de 11,4%, com pouco mais de 2 milhões de toneladas embarcadas neste ano, ante 1,83 milhão de t nos primeiros seis meses de 2018.

“Voltamos a ter mais credibilidade nos mercados, que voltaram a ser nossos. Mas há um trabalho forte de divulgação da nossa carne na Europa para recuperar a imagem”, diz Francisco Turra, presidente da ABPA. Segundo ele, houve uma elevação nas compras de quase todos os grandes importadores, gerando uma corrente positiva de exportações. E no caso específico do frango, o produto entrou como substituto, muitas vezes, para a proteína de origem suína e bovina em países que estão no foco da peste suína africana.

Somente a China, principal destino das exportações brasileiras, incrementou suas compras em 22,6% entre janeiro e junho deste ano, totalizando 257,9 mil toneladas de frango, conforme a ABPA. E o ritmo deve continuar crescendo nos próximos anos. “A peste suína está hoje fora de controle na China. Eles criam muito suíno solto, o que dificulta o controle. E o plantel como era antes não volta mais [a China já registrou mais de 120 surtos da doença e estima-se que o plantel tenha sido reduzido em 40 milhões de suínos]. Além disso, é uma região muito populosa, que tem renda e que compra mesmo”, afirma Turra.

A União Europeia, que fechou recentemente acordo comercial com o Mercosul, também comprou 21% mais frango brasileiro no primeiro semestre de 2019, totalizando 129,9 mil toneladas. E após o acordo comercial, mesmo com uma boa parte da cota reservada à Argentina, as exportações devem continuar crescendo, segundo Turra. De acordo como Ministério da Agricultura, ficou estabelecida uma cota de 180 mil toneladas peso carcaça para exportações do Mercosul à UE, com intracota zero, 50% com osso e 50% sem osso, e volume crescente nos próximos 5 anos.

E não para por aí. Os mercados árabes, tradicionais consumidores do frango brasileiro, também elevaram as importações do produto. Somente os Emirados Árabes Unidos importaram 35,7% a mais no primeiro semestre, chegando a 192 mil t no período. Segundo Francisco Turra, há outras possibilidades de crescimento também em mercados como México e Coreia do Sul. “Podemos avançar em decorrência da escassez de carne suína nesses países, que estão mais prevenidos com a questão da segurança alimentar”, pontua.

* Até junho.

Exportação de suínos também cresce

No embalo do crescimento das exportações, a carne suína também foi junto. O volume exportado pelo Brasil no primeiro semestre foi de 346,6 mil toneladas, superando em 24,5% o total embarcado no primeiro semestre de 2018, de 278,3 mil toneladas. Somente em junho último o crescimento foi de 81%.

A alta é ainda maior na receita cambial do mês, quando os embarques geraram divisas de US$ 137,7 milhões, saldo 111,9% superior em relação ao mesmo mês do ano passado. Segundo Turra, o preço médio das exportações em junho apresentou elevação porque o mercado internacional aumentou a demanda por produtos, o que pressionou para cima os preços médios da carne suína.

A China, mais uma vez, foi o principal destino das exportações em 2019. O país asiático representou 26,7% da carne suína embarcada do Brasil e incrementou suas compras em 30,7% nos primeiros seis meses do ano, com total de 91,2 mil t no período, passando a Rússia, que importou 26,1 mil t (7,6% do total) no primeiro semestre. No mesmo período do ano passado as exportações estavam suspensas para este mercado. Segundo a ABPA, na América do Sul, Uruguai e Chile foram os principais destinos da carne suína brasileira, importando, respectivamente, 21,2 mil t (+17%) e 21 mil t (+45%).

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