Ainda faltam seis meses para a Festa Nacional do Porco na Lata, mas ela já vem movimentando Mandaguaçú (PR). A 7ª edição comemora os 75 anos do município, mas o produto está sendo preparado para outros eventos. O primeiro foi na Expoingá, em maio, em Maringá. As próximas latas devem estar em festas de cidades próximas, como Marialva e Prudentópolis.
Quem garante é o secretário de Agricultura de Mandaguaçú, Luiz Carlos Grossi. Ele conta que o prato era preparado pelos pioneiros da região. “Nossa comunidade foi colonizada por italianos e famílias que tinham o costume de fazer o porco na lata”, explica. Como não havia geladeira para conservar alimentos, o suíno era frito e enlatado na própria banha do animal, para ampliar o prazo de conservação, que pode chegar a oito meses.
O que o pessoal de antigamente não imaginava é que, um dia, a invenção faria parte da sustentabilidade do município: a arrecadação da festa não fica com a prefeitura. “O lucro é distribuído entidades e associações da cidade”, garante o secretário.
A Sociedade São Vicente de Paulo abriga 37 idosos e é uma das beneficiadas. “Toda ajuda é bem-vinda, já que passamos por uma constante luta para manter nossos asilados. A verba veio para suprir algumas necessidades que tínhamos”, afirma a assistente social do asilo, Rosangela Batista Marchetti. Ela conta que foram adquiridos, além de alimentos, produtos para tratamentos de saúde, como colchões especiais.
Gordura só no ponto certo
O porco na lata foi eleito prato típico de Mandaguaçu em 2010, após consulta popular, vencendo a concorrência de outras receitas suínas, como leitão à pururuca e desossado. “A ideia era começar uma festa para inserir a cidade no calendário nacional de eventos”, explica Grossi. Em 2015, uma média de 10 mil pessoas por dia passaram pela Festa Nacional do Porco na Lata durante os três dias de evento - em 2016 não houve o evento.
Cerca de dez famílias produzem 3,5 toneladas do alimento apenas para os dias da celebração - que neste ano acontece em 15, 16 e 17 de dezembro. “Nosso trabalho é sem remuneração, é um hobbie”, diz Marival Terezan, agricultor e voluntário nas edições anteriores.
A ideia, agora, é expandir a produção a outros eventos, principalmente em locais próximos ,no norte do Paraná. “A prefeitura doou as latas para fazer demonstrações na Expoingá”, informa Nilson Magalhães, um dos “chefs de cozinha” da iguaria. “Mas nunca pensei em vender”, conta. Nem ele nem outras famílias tentaram comercializar industrialmente o produto - talvez como forma de ‘respeitar as origens’.