Com o novo Plano de Desenvolvimento e Zoneamento (PDZ), aprovado pelo Ministério da Infraestrutura em julho deste ano, o Porto de Santos (SPA – Santos Port Authority) projeta uma movimentação superior a 240 milhões de toneladas em 2040. Paralelamente, projeta-se também um aumento na participação da ferrovia na matriz de transporte que atende o complexo portuário santista de 91%, chegando a 86 milhões de toneladas e elevando a fatia dos trilhos no porto dos atuais 33% para 40%. Atualmente, o trem responde por 45 milhões de toneladas.
Maior complexo portuário da América Latina, em 2020 o Porto de Santos vem batendo seguidos recordes de movimentação de cargas desde fevereiro, em comparação aos mesmos meses dos anos anteriores. Em agosto deste ano totalizou no acumulado 97,8 milhões toneladas, já superando toda a movimentação anual de quase uma década atrás – em 2011 foram 97,1 milhões de toneladas. A projeção é ultrapassar as 135 milhões de toneladas neste ano. Em 2019 o Porto de Santos movimentou 28% das trocas comerciais brasileiras.
Impulsionado pelo aumento da participação brasileira no comércio internacional, em especial de produtos do agronegócio, o Porto de Santos prevê investimentos de R$ 9,7 bilhões na próxima década. A autoridade portuária calcula o valor que deve ser aplicado em novos terminais (R$ 2,5 bilhões), oito novos arrendamentos a serem realizados a partir de 2021 (R$ 5,2 bilhões) e obras de acessos rodoferroviários (R$ 2 bilhões).
Além de maior participação na matriz ferroviária, com continuidade de trabalhos na melhoria dos acessos rodoferroviários, com a qual espera-se alcançar um incremento de 50% na movimentação de cargas, o Porto de Santos atua na implantação da clusterização (categorização das informações de produtos semelhantes) de cargas. Assim como em projetos greenfield (incipientes, ainda no papel) e com a viabilização de um novo terminal de passageiros.
Apesar da redução da atividade econômica no país, devido à pandemia, no acumulado de janeiro a agosto deste ano o Porto de Santos bateu recorde de movimentação de cargas, com um crescimento de 10% em relação ao mesmo período do ano anterior. “Isso se deve à força do agronegócio e ao câmbio que favorece as exportações, além das medidas mercadológicas, operacionais e sanitárias que adotamos”, analisa o presidente da Santos Port Authority (SPA), Fernando Biral. Em médio e longo prazo, Biral espera que o país consolide sua atividade exportadora e fortaleça a produção local, além de receber investimentos privados para a infraestrutura, o que é vital para ampliar a competitividade do país. “Esse é o círculo virtuoso pelo qual trabalhamos.”
Gargalo ferroviário
A melhoria da malha ferroviária é um dos gargalos do escoamento da produção no Brasil e, no Porto de Santos, não é diferente, de acordo com as empresas responsáveis pela logística no local. Para Guilherme Penin, diretor de Regulatório da Rumo, uma das maiores empresas que atuam no complexo santista, é necessária uma mudança estrutural na recepção do Porto de Santos. Atualmente, as cargas que chegam ao cais paulista são movimentadas 70% por rodovia e 30% por ferrovia. A expectativa é que, no futuro, esses dados se invertam.
Novos terminais
Os novos terminais, dos diversos tipos de cargas e movimentações, já estão sendo viabilizados, com leilões e pregões definidos para os próximos meses. Para carga solta, especialmente celulose, foram realizados dois leilões que atraíram para o porto R$ 900 milhões entre outorgas e investimentos a serem viabilizados nos próximos anos. As duas áreas foram arrematadas pelas empresas Eldorado e Bracell e gerarão empregos e renda para a região e para o país.
De acordo com Penin, com a modernização da malha paulista é imprescindível aumentar também os investimentos de acesso ferroviário ao porto. “A Rumo já conta com uma série de projetos nesse sentido, que preveem construções de novas vias férreas internas e peras (pátios que possibilita o transbordo da carga sem precisar desmembrar o trem) ferroviárias para otimizar a movimentação dos vagões, de novos pátios de estacionamento para organização dos trens e melhorias na infraestrutura dos terminais portuários já existentes”, contou Penin.
A Rumo e a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) assinaram, em 27 de maio deste ano, a prorrogação antecipada da concessão da malha paulista. As futuras obras de modernização e aumento de eficiência previstas no contrato farão a capacidade de escoamento dessa malha aumentar de 35 milhões para 75 milhões de toneladas por ano. O histórico da movimentação ferroviária no porto paulista mostra que de 2001 a 2016 o volume subiu cerca de 1,5 milhão de tonelada por ano. A partir de 2018 e agora com as obras vinculadas à renovação da concessão, a projeção é de crescer o volume em 7,5 milhões por ano.
Para granéis líquidos, o Porto de Santos assinou, em maio deste ano, um contrato de arrendamento do terminal STS 13A, localizado na Ilha Barnabé, margem esquerda do complexo portuário. A área conta com 38,4 mil metros e deverá ter, segundo o contrato, capacidade estática mínima de 70,5 mil metros cúbicos. Os investimentos estimados a serem feitos pela empresa somam, aproximadamente, R$ 111 milhões.
Ainda nesse segmento, segundo a SPA, está em análise pelo Tribunal de Contas da União (TCU) as minutas dos editais para os leilões das áreas STS 08 e STS 8A. Tratam-se das maiores licitações portuárias realizadas no país em toda a sua história dos portos. As duas áreas somam investimentos da ordem de R$ 1,4 bilhão por parte dos futuros arrendatários.
O PDZ prevê um aumento da capacidade de granéis líquidos em 40%, de 16 para 22,4 milhões de toneladas até 2040. Parte desse aumento já contabiliza a entrada em operação dos novos terminais. Além dos terminais já em andamento e do planejamento para a implantação de outros na lógica de clusterização, o PDZ aponta ainda para novos cais públicos na região da Alemoa, áreas greenfield no fundo do canal e terminal de carga geral na região da Prainha (margem esquerda, Guarujá).
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