Os Portos do Paraná (Paranaguá e Antonina) iniciaram este mês com um maior número de equipamentos de dragagem operando de forma simultânea no Brasil. São sete unidades em atividade ao mesmo tempo: quatro dragas, dois batelões e um nivelador. O trabalho em conjunto da frota é inédito no país e agiliza as obras de manutenção da profundidade. Nesse caso, o investimento de R$ 403 milhões foi da empresa pública paranaense Portos do Paraná. O trabalho vai seguir dessa forma até 2023, quando finda o contrato.
“É raro um porto contar com a disponibilidade de tantos equipamentos ao mesmo tempo. Mas estamos fazendo esse trabalho com todo o cuidado para o meio ambiente, com a anuência dos órgãos competentes e diálogo com a população”, afirmou o diretor-presidente dos Portos do Paraná, Luiz Fernando Garcia.
A dragagem simultânea permite que os serviços sejam finalizados em um menor tempo, o que diminuí os impactos nas operações. “Com o fim das obras, o Porto de Paranaguá terá uma condição inédita para receber navios maiores. Isso tem impacto direto na quantidade de carga movimentada, empregos gerados e maior renda para nossa população”, disse.
A etapa atual deve manter a profundidade de 16,5 metros na área externa do canal (Alfa); 15,5 metros na área interna do canal, mais próximo à Ilha do Mel (Bravo 1); 14,5 metros na área interna, mais próximo à Ilha das Cobras (Bravo 2) e Bacia de Evolução (Charlie I e 3); além dos 12,5 metros de calado nos berços de atracação do Porto de Paranaguá.
A maior draga hopper em operação no Brasil chegou ao Paraná no final de setembro. Com 152,9 metros de comprimento, a Gerardus Mercartor tem capacidade de cisterna de 18 mil metros cúbicos (m³). De origem belga, a embarcação vai atuar na área externa do canal de acesso ao Porto de Paranaguá, conhecida como Alfa.
A draga chinesa Hang Jun 4011 está finalizando a dragagem no canal de acesso ao Porto de Antonina, denominada área Delta. A capacidade de cisterna é de 5 mil m³. A Xin Hai Hu 9, do mesmo país, trabalha na área Charlie, em frente ao Porto de Paranaguá, que inclui a bacia de evolução. Do tipo hopper, ela tem capacidade de cisterna de 10 mil m³.
Já a Xin Hai Beng é mecânica, do tipo Clamshell. Esse tipo de embarcação é fixa e opera com um guindaste, auxiliada por caçambas e batelões. Os que atendem a operação são o Hang Bo 2002 e o Hang Bo 2003 (capacidade de 2 mil m³ cada). O conjunto executa a dragagem dos berços de atracação.
STATUS - A dragagem dos berços está quase concluída. A batimetria para aferir os resultados deve ocorrer em cerca de dez dias e, com isso, a Xin Hai Beng zarpa para outros portos. Nas áreas Charlie e Delta, o prazo de conclusão é nos próximos dias. Depois de finalizadas, as dragas hopper chinesas se juntam com a embarcação holandesa para atuar em conjunto nas áreas Bravo e Surdinho (mais internas no canal de acesso ao Porto de Paranaguá).
Desde 2019 já foram dragados 5,4 milhões de metros cúbicos de sedimentos nos portos paranaenses.
Meio ambiente
Durante as campanhas de dragagens de manutenção – conforme determina o Plano de Controle Ambiental, aprovado pelo Ibama – são executados programas de comunicação, educação e monitoramentos ambientais. A área de despejo dos sedimentos dragados fica localizada a mais de 20 quilômetros da Ilha da Galheta e da Ilha do Mel. A área de descarte, regulamentada pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), foi definida após estudos de correntes e outros aspectos climáticos, como a mais indicada para a dispersão do material dragado sem prejuízos ambientais.
Sul Export
Assunto fundamental e desafiante para os portos do Brasil, a dragagem foi tema de painel esta semana durante o Fórum Regional de Logística e Infraestrutura Portuária – Sul Export (www.forumbrasilexport.com.br), realizado em Curitiba. O encontro debate os desafios dos portos brasileiros, em especial da Região Sul, e para o setor de logística nacional.
Durante a apresentação, Julio Cesar Dias, da Secretaria Nacional de Portos de Transportes Aquaviários do Ministério da Infraestrutura, disse que os investimentos em dragagem, inclusive a permanente, nos portos ficarão a cargo apenas de investimentos privados, feita pelos arrendatários. O governo federal não fará aportes significantes nesse sentido.
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