Depois de três temporadas de queda acentuada nas cotações e diante da previsão de novos recuos nos preços da soja e do milho neste ano, os Estados Unidos devem pisar no freio e diminuir novamente a área destinada aos grãos neste ano. Em projeções preliminares anunciadas pelo Departamento de Agricultura do país (Usda) na semana passada, a safra norte-americana 2016/17 – que já começou a ser cultivada na no Texas e deve ter início no Meio-Oeste no mês que vem –, terá a menor área plantada em cinco anos.
Conforme o órgão, as oito principais culturas norte-americanas (soja, milho, trigo, sorgo, cevada, aveia, arroz e algodão) ocuparão 101,66 milhões de hectares no próximo ciclo, 567 mil ha (ou 0,6%) a menos do que em 2015/16. Incrementos previstos para a área de milho, arroz e algodão serão insuficientes para anular reduções no cultivo de soja, trigo, sorgo e cevada, resultado na menor área de grãos norte-americana desde 2011.
A soja, que nos últimos anos “roubou” milhões de hectares do milho, deve ceder terreno ao cereal. Nas contas do Usda, as plantações de milho cobrirão 35,63 milhões de hectares no próximo ciclo, 1 milhão de hectares (2,8%) acima da área cultivada em 2015/16, enquanto o plantio da oleaginosa deverá cair 283 mil hectares (0,8%), para 33,19 milhões de hectares.
As projeções integram o Baseline Projections, relatório de perspectivas de longo prazo do Usda que serve como referência de orçamento e formulação de políticas para o governo norte-americano. Os números serão postos à prova no final desta semana durante o Agricultural Outlook Forum, quando o órgão divulga a sua primeira estimativa extraoficial da intenção de plantio nos EUA. O congresso será acompanhando in loco pela Expedição Safra.
“Entre as discussões que mais chamam atenção, ao lado das estimativas para o próximo plantio nos Estados Unidos área, está o tema da inflação nos preços dos alimentos. Vai ser interessante ver como questões macroeconômicas como a desaceleração da China, a queda dos preços do petróleo e até o temor de recessão nos Estados Unidos irão impactar na produção, no consumo e no comércio de grãos”, diz o gerente do Núcleo de Agronegócio da Gazeta do Povo, Giovani Ferreira, que acompanha os debates.