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Vai ultrapassar os EUA

Relatório estima que produção de soja no Brasil crescerá 25% na próxima década

Brasil deve produzir 144 milhões de toneladas de soja em 2028, ante 121 milhões de t dos EUA. (Foto: Michel Willian/Gazeta do Povo)

O Brasil deve se consolidar na próxima década como o principal produtor de soja do planeta, ultrapassando - e bastante - os Estados Unidos. A estimativa é da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), que publicou nesta segunda-feira (8) o relatório "Perspectivas Agrícolas 2019-2028" em parceria com a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). O estudo fornece uma avaliação das perspectivas para os mercados futuros de produtos agropecuários em escala global.

O volume total produzido de soja no Brasil deve aumentar em 25% no período, passando dos atuais 115 milhões de toneladas (estimativa da safra atual) para 144 milhões de t. Os EUA, em 2028, devem produzir 121 milhões de t. A produção global da oleaginosa também deve seguir o ritmo de crescimento na próxima década, expandindo a uma taxa média de 1,6% ao ano, com aumento da área cultivada.

A produção de outras oleaginosas deve aumentar 1,4% ao ano na próxima década, refletindo um crescimento mais lento em relação aos últimos dez anos, devido em parte à redução da demanda por óleo de canola como matéria-prima na produção de biodiesel na Europa. O esmagamento de soja e outras sementes em farelo e óleo continuará a dominar o uso e aumentar mais rapidamente do que outros usos, como o consumo direto de alimentos / rações de soja, amendoim e sementes de girassol. “No total, 91% da produção mundial de soja e 87% da produção mundial de outras oleaginosas são projetados para serem moídos em 2028”, diz o documento.

De acordo com a FAO e a OCDE, a demanda global por produtos agrícolas deverá crescer 15% na próxima década, enquanto o crescimento da produtividade agrícola deverá aumentar um pouco mais rápido, fazendo com que os preços ajustados das principais commodities, como a soja, permaneçam abaixo dos níveis atuais.

O mesmo fenômeno deve ocorrer no milho. O preço mundial do cereal, estimado em US $ 160 por t em 2018 deve chegar a US $ 186 por t em 2028. Segundo o relatório, embora os estoques globais do produto estejam em declínio, os esforços de estocagem na China, com preços mais baixos de energia e dos insumos, e projeções de crescimento mais lento na demanda de exportação em comparação com a década anterior limitarão os ganhos reais no preço internacional do milho. Assim, enquanto o preço nominal deve aumentar, o crescimento vai perder para a inflação e, como resultado, o preço real deve cair.

De modo geral, a produção global de cereais está projetada para crescer 1,2% ao ano entre o período base e 2028, atingindo 3,05 bilhões de t em 2028. Ao longo do período de previsão, a média global de produtividade de cereais deverá crescer 1,1% ao ano (mais lenta que os 1,9% verificados na década anterior), impulsionada pelos avanços da biotecnologia, mudanças estruturais em direção a fazendas maiores e melhores práticas de cultivo.

América Latina e Caribe

Este ano, o relatório da OCDE/FAO dedicou um capítulo especial à região produtora da América Latina e Caribe (ALC), que representa 14% da produção global e 23% das exportações mundiais de commodities agrícolas e pesqueiras. “Espera-se que o crescimento da produção [na ALC] diminua na próxima década, mas com 22% de crescimento para as culturas e 16% para os produtos pecuários, respectivamente sete e dois pontos percentuais maiores que a média global”, informa o documento.

O aumento das exportações da América Latina limitará a desaceleração da produção, ressaltando a importância desses país para a abertura comercial em nível global. Até 2028, a região responderá por mais de 25% das exportações mundiais de produtos agrícolas e pesqueiros.

Para a maioria dos países da região, segundo o relatório, o apoio fornecido aos agricultores é baixo em relação à média da OCDE ou à média global, “portanto as decisões de produção são determinadas principalmente pelos sinais do mercado. No entanto, devido ao estado diversificado da infraestrutura rural e às iniciativas de P & D em toda a região, há requisitos diferentes para gastos públicos em investimentos estratégicos em um ambiente favorável à agricultura que possam elevar a produtividade agrícola de forma sustentável.”

Ainda conforme o estudo, vários governos da ALC enfrentam a necessidade de investir na melhoria do desempenho ambiental do setor e reduzir a erosão do solo, o desmatamento e as emissões da produção agrícola. Há fortes oportunidades também de crescimento em cultivos de frutas e hortaliças de alto valor, agregando oportunidades para os pequenos produtores. Entretanto, as políticas precisam ser diferenciadas de acordo com suas dotações de recursos e potencial de mercado, segundo a OCDE.

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