De suco a calmante, o maracujá é sucesso nacional. Mas comer a fruta assim, pura, não é para qualquer um. Entretanto, se até agora o problema era aquele “azedinho” da polpa, a Embrapa acaba de lançar uma novidade: a cultivar BRS Mel do Cerrado, que faz jus ao nome.
“Também conhecida como maracujina ou maracujá-doce, a espécie já é conhecido da indústria cosmética e farmacêutica. A polpa é bastante doce e difere do maracujá azedo porque tem menor acidez”, explica a pesquisadora Ana Maria Costa.
Além do paladar do consumidor, a Embrapa aposta que a novidade pode agradar o bolso dos produtores. Segundo a entidade, a BRS Mel do Cerrado se diferencia até de outras espécies de maracujá-doce pela alta produtividade, resistência a doenças e ótimo aproveitamento da fruta, aumentando o potencial de agregação de valor.
Com até 300 gramas, cerca de 80% do peso vem da casca, que também é comestível. Ela pode ser utilizada como farinha, ingrediente de saladas e doce em compota, dizem os cientistas. Além disso, a indústria de medicamentos e cosméticos já demonstrou interesse pelas folhas do maracujá-doce da Embrapa. “Elas são ricas em antioxidantes e flavonoides. E o óleo extraído das sementes é utilizado na produção de cosméticos”, afirma Ana Maria Costa.
Com sistema de produção bastante parecido com o azedo, que ocupa mais de 90% dos pomares brasileiros, o maracujá-doce ganha na rentabilidade, pagando até quatro vezes mais ao agricultor. Essa é, inclusive, a aposta do produtor Luiz Carlos Cotta, de Sobradinho, no Distrito Federal, e que foi um dos participantes das fases de pesquisa. “No início vou comercializar em embalagens com 10 ou 12 unidades e depois espero abrir mercado para atender os interessados em aproveitar o produto. Na próxima safra, vou abrir área para plantar mais desse maracujá para ter mais essa opção de renda na propriedade”, conta.
O Brasil é o maior produtor mundial de maracujá, com quase 700 mil toneladas, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).