Único setor a apresentar um Produto Interno Bruto (PIB) positivo em 2015, o agronegócio deve seguir com um bom desempenho ao longo do ano, na avaliação de representantes do setor ouvidos pelo Broadcast Agro, serviço em tempo real da Agência Estado. Há divergências de opiniões, porém, sobre se o resultado será maior ou menor ante o período anterior, por causa da recessão econômica do País, contrabalançada pelo avanço da produção e das exportações do setor.
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE) apontou que o PIB da Agropecuária em 2015 subiu 1,8% em relação a 2014. No quarto trimestre do ano passado, a alta foi de 2,9% ante o trimestre anterior. Já na comparação com o quarto trimestre de 2014, o PIB agro mostrou alta de 0,6%. A ministra da Agricultura, Kátia Abreu, afirmou que o desempenho “não foi surpresa” e que um resultado positivo já era previsto.
Analistas concordam que, de forma geral, o desempenho do setor continuará crescendo entre 1,5% e 2,2% em 2016, mas o agronegócio brasileiro não terá força suficiente para evitar novos recuos do PIB nacional, que em 2015 encolheu 3,8% na comparação com 2014.
A Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja-MT) projeta um possível aumento em 2016, em consequência principalmente do crescimento esperado para a produção de soja e milho na safra 2015/16. Estas mesmas culturas foram as responsáveis por garantir o avanço do campo no ano passado. Por outro lado, culturas importantes tiveram queda na produção agropecuária, como café e laranja.
Na avaliação do assessor Técnico da Organização das Cooperativas do Paraná (Ocepar), Gilson Martins, o setor está em amadurecimento e os investimentos em atividades de maior valor agregado e mais intensivas, como avicultura, ajudaram a dar fôlego e contribuíram para o bom desempenho do ano passado.
Para a avicultura e suinocultura, o presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Francisco Turra, acredita que o País mantenha competitividade ao longo deste ano, o que vai garantir o bom desempenho. Para a carne bovina, a gestora de Departamento de Análise Econômica da Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul (Famasul), Adriana Mascarenhas, avalia que a expectativa é positiva para as exportações, mas o consumo interno será mais fraco. No entanto, Adriana pondera que, no geral, há muitas incertezas relacionadas à turbulência política e econômica, especialmente quanto ao câmbio.
Em relação ao PIB Brasil, é unânime que, mesmo com um bom desempenho, o agronegócio, sozinho, não terá força de impulsionar o País. “O Brasil precisa crescer e o agronegócio não vai segurar as pontas sozinho”, disse o presidente do Conselho Superior do Agronegócio da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Cosag/Fiesp), João Sampaio.
Já para 2017, o cenário é mais obscuro. O sócio-fundador da consultoria Agrosecurity, Fernando Pimentel, alerta para os efeitos que a retração do crédito observada desde o ano passado podem surtir no longo prazo. “A retração de crédito é um fator de preocupação e pode afetar a manutenção da intenção de plantio de 2017”, afirmou.
O presidente da Sociedade Brasileira Rural (SRB), Gustavo Diniz Junqueira, afirma que, sem investimento em produtividade, a agropecuária brasileira tende a perder força no longo prazo. “Os ganhos com o câmbio só vão persistir no próximo ano se o dólar for a R$ 5”, afirmou.
Sobre o Plano Safra 2016/17, a ministra Kátia Abreu afirmou que o governo vai trabalhar “sem exageros”, respeitando o momento que o Brasil vive, de ajuste fiscal e baixo crescimento. “Estou otimista que a produção e as exportações serão o braço mais forte para sair da crise. Temos de ser agressivos no sentido de abrir mercados e buscar opções”, observou.
CNA
Ainda a respeito do desempenho do PIB agropecuário, a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) avalia que o setor não está imune à recessão econômica e à crise política do País. De acordo com a entidade, mantido o atual quadro econômico, o PIB agropecuário deve retornar aos níveis de 2010, o que significaria cinco anos de retrocesso.
A CNA pontuou ainda que a queda na capacidade de investimento do País, se mantidos os níveis atuais, poderá corroer todos os ganhos de produtividade obtidos nos últimos anos e defendeu a adoção de reformas estruturantes da economia, com prioridade às reformas tributária e trabalhista. Para a CNA, o índice do ano passado já refletiu os efeitos da crise econômica sobre toda a cadeia produtiva da agricultura e da pecuária.
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