O plano original era desembarcar em Paris, pegar o carro a ser avaliado para a Gazeta do Povo e seguir o máximo possível na estrada para adiantar a viagem até Spa-Francorchamps, na Bélgica, onde eu cobriria o GP de Fórmula 1 (ocorrido no fim de agosto). Na teoria, o roteiro era ótimo. O duro era ter fôlego para encarar mais de 350 quilômetros de estrada após 12 horas de viagem intercontinental em um voo noturno.
INFOGRÁFICO: Veja os possíveis concorrentes do novo 208 GTi
"Tudo bem", pensei. "Pego o carro em Paris e, se estiver muito cansado, já paro depois de 150 km e acordo bem cedo no dia seguinte e completo a viagem". Foi ainda pensando neste plano B que encontrei meu companheiro de viagem: o Peugeot 208 GTi, versão esportiva do hatch com motor 1.6 THP, de 200 cv. O hot hatch seria uma das atrações da montadora francesa no Salão do Automóvel de São Paulo, que vai até o dia 9 de novembro, mas o modelo acabou não vindo para a mostra.
Quem acompanha o noticiário da F-1 e quem também é apaixonado por carro já sabe que motor 1.6 turbo pode ser sinônimo de forte aceleração, ótima retomada e alta velocidade. Afinal, em 2014, os novos carros da principal categoria do automobilismo mundial introduziram na competição um conceito que a indústria já havia implementado há alguns anos (o downsizing aliado a boa performance).
Se em sedãs de luxo ou grandes SUVs este conceito já cria carros bastante divertidos em acelerar, no caso de um carro compacto como o 208 este efeito é ainda mais animador. No trânsito enfrentado na saída de Paris rumo ao circuito de Spa-Francorchamps, por exemplo, o GTi já mostrou porque seria um grande companheiro de viagem, com arrancadas dignas de um esportivo algo que pode ser comprovado com o número de aceleração de 0 a 100 km/h, feita em 6,8 segundos. O contorno do Arco do Triunfo, sempre dramático com suas 12 avenidas despejando carros por todos os lados na "Etoile" (estrela, em francês), foi feito em segundos graças a tanta agilidade.
A versão avaliada nesta viagem da França a Spa-Francorchamps tinha câmbio manual de seis marchas o mesmo que será usado no Brasil, apesar de o motor ser outro o 1.6 THP de 165 cv, emprestado do irmão Citroën DS3. A transmissão não se mostrou um incômodo no trânsito da cidade e se tornou extremamente divertida na estrada, sobretudo nos trechos mais sinuosos, como na Bélgica, onde as estradas mais se parecem com circuitos de F-1, com curvas longas, grandes retas e longos trechos de aclive e declive.
A brincadeira fica bastante divertida com o ronco do motor provocando o motorista a cada redução ou mesmo com as esticadas no conta-giros nas trocas para cima. O condutor se sente dentro de um verdadeiro cockpit, com bancos esportivos, pedais e outros acessórios que remetem à competição. O painel de instrumentos, por exemplo, é iluminado por leds. O volante é outro destaque: pequeno, semelhante aos de corrida, perfeito para manobras em uma condução esportiva.
O modelo ainda conta com cores exclusivas na pintura externa, rodas de liga leve aro 17 polegadas e grade frontal modificada. E dois elementos visuais dignos das corridas: spoiler e aerofólio. O bom ajuste de suspensão torna a condução do 208 bastante estável, e a eficiência dos freios também é outro ponto alto do compacto.
Tanta esportividade não traz prejuízo ao conforto, e meu plano B de dormir no meio do caminho de Paris a Spa vai rapidamente dando espaço para o plano A: a chegada até o circuito foi cumprida com absoluto sucesso, com uma tática de apenas uma parada por minha culpa, claro, que precisei fazer o meu reabastecimento, porque o indicador de capacidade do tanque sequer me preocupou nos primeiros 300 km.
Meu plano A ficou ainda melhor deu até para esticar para a bela cidade de Aachen, na Alemanha (a cerca de 60 km de Spa) e jantar antes de ir para o hotel. Não sem antes, claro, dar aquela acelerada na famosa AutoBhan germânica e conferir que o 208 pode superar seu nome em km/h com uma facilidade impressionante.
Só faltou mesmo o teste no mais desafiador dos circuitos da F-1, mas infelizmente naquele fim de semana a pista belga estava fechada para turistas, pois foi reservada para um seleto grupo de pilotos como Fernando Alonso, Sebastian Vettel, Lewis Hamilton, Nico Rosberg e companhia.
No Brasil, a versão nervosa do 208 perderá a letra i, mas ganhará duas portas extras. O visual, porém, será o mesmo do exemplar europeu. As vendas começam no início de 2015 e com preço na casa dos R$ 70 mil.
* Rodrigo França é colunista de F-1 da Gazeta do Povo.
Reforma tributária promete simplificar impostos, mas Congresso tem nós a desatar
Índia cresce mais que a China: será a nova locomotiva do mundo?
Lula quer resgatar velha Petrobras para tocar projetos de interesse do governo
O que esperar do futuro da Petrobras nas mãos da nova presidente; ouça o podcast