| Foto: Divulgação
Volante com pegada esportiva e detalhes em vermelho por toda a cabine ; Aerofólio e spoiler aumentam a esportividade
Hot hatch celebra 30 anos- A versão apimentada do hatch francês completa 30 anos neste ano. O precursor 205 GTi (à esq. na foto ao lado) surgiu em 1984 para rivalizar com a segunda geração do Golf GTi, à época referência entre os esportivos compactos. O 205 GTi trazia bloco 1.6, de 105 cv e 13,7 kgfm. Era um carro rápido, ágil e muito leve, pesando 883 kg. Por isso, era capaz de chegar aos 100 km/h em apenas 8,7s

O plano original era desembarcar em Paris, pegar o carro a ser avaliado para a Gazeta do Povo e seguir o máximo possível na estrada para adiantar a viagem até Spa-Francorchamps, na Bélgica, onde eu cobriria o GP de Fórmula 1 (ocorrido no fim de agosto). Na teoria, o roteiro era ótimo. O duro era ter fôlego para encarar mais de 350 quilômetros de estrada após 12 horas de viagem intercontinental em um voo noturno.

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INFOGRÁFICO: Veja os possíveis concorrentes do novo 208 GTi

"Tudo bem", pensei. "Pego o carro em Paris e, se estiver muito cansado, já paro depois de 150 km e acordo bem cedo no dia seguinte e completo a viagem". Foi ainda pensando neste plano B que encontrei meu companheiro de viagem: o Peugeot 208 GTi, versão esportiva do hatch com motor 1.6 THP, de 200 cv. O hot hatch seria uma das atrações da montadora francesa no Salão do Automóvel de São Paulo, que vai até o dia 9 de novembro, mas o modelo acabou não vindo para a mostra.

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Quem acompanha o noticiário da F-1 – e quem também é apaixonado por carro – já sabe que motor 1.6 turbo pode ser sinônimo de forte aceleração, ótima retomada e alta velocidade. Afinal, em 2014, os novos carros da principal categoria do automobilismo mundial introduziram na competição um conceito que a indústria já havia implementado há alguns anos (o downsizing aliado a boa performance).

Se em sedãs de luxo ou grandes SUVs este conceito já cria carros bastante divertidos em acelerar, no caso de um carro compacto como o 208 este efeito é ainda mais animador. No trânsito enfrentado na saída de Paris rumo ao circuito de Spa-Francorchamps, por exemplo, o GTi já mostrou porque seria um grande companheiro de viagem, com arrancadas dignas de um esportivo – algo que pode ser comprovado com o número de aceleração de 0 a 100 km/h, feita em 6,8 segundos. O contorno do Arco do Triunfo, sempre dramático com suas 12 avenidas despejando carros por todos os lados na "Etoile" (estrela, em francês), foi feito em segundos graças a tanta agilidade.

A versão avaliada nesta viagem da França a Spa-Francorchamps tinha câmbio manual de seis marchas – o mesmo que será usado no Brasil, apesar de o motor ser outro – o 1.6 THP de 165 cv, emprestado do irmão Citroën DS3. A transmissão não se mostrou um incômodo no trânsito da cidade e se tornou extremamente divertida na estrada, sobretudo nos trechos mais sinuosos, como na Bélgica, onde as estradas mais se parecem com circuitos de F-1, com curvas longas, grandes retas e longos trechos de aclive e declive.

A brincadeira fica bastante divertida com o ronco do motor ‘provocando’ o motorista a cada redução ou mesmo com as ‘esticadas’ no conta-giros nas trocas para cima. O condutor se sente dentro de um verdadeiro ‘cockpit’, com bancos esportivos, pedais e outros acessórios que remetem à competição. O painel de instrumentos, por exemplo, é iluminado por leds. O volante é outro destaque: pequeno, semelhante aos de corrida, perfeito para manobras em uma condução esportiva.

O modelo ainda conta com cores exclusivas na pintura externa, rodas de liga leve aro 17 polegadas e grade frontal modificada. E dois elementos visuais dignos das corridas: spoiler e aerofólio. O bom ajuste de suspensão torna a condução do 208 bastante estável, e a eficiência dos freios também é outro ponto alto do compacto.

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Tanta esportividade não traz prejuízo ao conforto, e meu plano B de dormir no meio do caminho de Paris a Spa vai rapidamente dando espaço para o plano A: a chegada até o circuito foi cumprida com absoluto sucesso, com uma tática de apenas uma parada – por minha culpa, claro, que precisei fazer o meu ‘reabastecimento’, porque o indicador de capacidade do tanque sequer me preocupou nos primeiros 300 km.

Meu plano A ficou ainda melhor – deu até para esticar para a bela cidade de Aachen, na Alemanha (a cerca de 60 km de Spa) e jantar antes de ir para o hotel. Não sem antes, claro, dar aquela acelerada na famosa AutoBhan germânica e conferir que o 208 pode superar seu nome em km/h com uma facilidade impressionante.

Só faltou mesmo o teste no mais desafiador dos circuitos da F-1, mas infelizmente naquele fim de semana a pista belga estava fechada para turistas, pois foi reservada para um seleto grupo de pilotos como Fernando Alonso, Sebastian Vettel, Lewis Hamilton, Nico Rosberg e companhia.

No Brasil, a versão nervosa do 208 perderá a letra ‘i’, mas ganhará duas portas extras. O visual, porém, será o mesmo do exemplar europeu. As vendas começam no início de 2015 e com preço na casa dos R$ 70 mil.

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* Rodrigo França é colunista de F-1 da Gazeta do Povo.