Três gerações, três Pedros e uma história. Em 1985, o funcionário público Pedro Vall comprou uma Kombi ano 1974, que havia sido usada como ambulância. Ele reformou o carro, pintou de preto, marrom e bege e durante dez anos esse foi o veículo da família. A Kombi passou a fazer parte da história da infância e da adolescência dos três filhos de Vall. O mais novo, Pedro Vall Júnior, conta que aprendeu a dirigir na Kombi.
Mas em 1995 Vall decidiu mudar de carro. O tempo passou e o gosto de Júnior pelos carros antigos foi se multiplicando. Até que em 2007 o representante comercial decidiu que iria em busca daquele carro que fez parte de um período importante da vida da família, inclusive trazendo lembranças da vó Zenóbia, que já faleceu. Perguntando aqui e ali, descobriu que o carro já havia passado pelas mãos de três pessoas depois do seu pai.
Júnior conta que quando encontrou a Kombi ela estava bem acabada porque o dono usava o veículo para trabalhar. Ele confessa que pagou um pouco mais do que ela valia, mas não reclama. A restauração foi minuciosa e Júnior deixou o carro com as mesmas características que o seu pai deu a ele em 1985. "Não optei por recuperar sua forma original porque teria de fazer uma ambulância e não era isso que eu queria", explica.
Agora, Júnior garante que a Kombi não deixa mais a família. Tanto que o filho dele, Pedro Vall Neto, de 2 anos, já é um apaixonado pelo carro. "É para ele que vou transferir a Kombi", diz o pai orgulhoso.
Aniversário
Imagine quantas outras histórias envolvem a Kombi, que este mês completa 52 anos de fabricação no Brasil. O modelo foi o primeiro da Volkswagen a ser produzido aqui. O nome Kombi vem do alemão Kombinationfahrzeug que quer dizer "veículo combinado" ou "veículo multiuso", em uma tradução mais livre. E mesmo há tanto tempo no mercado, o modelo continua sendo bastante procurado. Segundo dados da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave), de janeiro a julho deste ano foram vendidas mais de 17 mil unidades (novas) do modelo, que está entre os 40 mais vendidos do país.
O médico Ronaldo Régis Mobius, presidente do Clube da Kombi de Curitiba, guarda em sua casa um modelo de 1968. Ele lembra que sua família, sempre ligada ao comércio, teve muitas Kombis, mas a maioria se foi com o tempo. A que ficou é toda original, garante ele, que afirma não conhecer outra pessoa que tenha um modelo tão antigo que não tenha precisado de restauro. Por isso, os cuidados com o carro não tem fim. Tanto que a foto para essa reportagem só foi possível porque não choveu no dia marcado. "Com chuva eu não saio. A Kombi é outro filho que tenho em casa".
O Clube da Kombi de Curitiba foi fundado há dois anos e reúne dez carros. Os proprietários se encontram uma vez ao mês. O mesmo acontece no Kombi Clube Curitiba, que está ativo há quase o mesmo tempo e conta com 18 veículos. O presidente, Marco Aurélio César Rebuli, diz que os encontros são oportunidades para expor os carros, trocar ideias, falar sobre peças e contar histórias.
Rebuli garante que ele tem a Kombi mais conhecida de Curitiba, que já participou de comerciais de televisão e hoje costuma ser contratada por noivas que querem chegar ao casamento de uma forma bem original. Ele comprou a Kombi há sete anos porque as viagens com a mulher e dois filhos, que eram feitas num Fusca placa preta (de colecionador), passaram a ficar desconfortáveis. Rebuli caprichou na personalização e hoje não passa despercebido em sua Kombi laranja.
Serviço:
Para comemorar os 52 anos de fabricação da Kombi no Brasil será realizada uma exposição com veículos de colecionadores no sábado, dia 12, das 14 às 18 horas, na Copava do Cabral (Avenida Munhoz da Rocha, 903). Informações: 3313-3011.
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