A hora da verdade no Detran

O sonho de ter a carteira de habilitação pode ser barrado no mais temido desafio dos candidatos à motorista: o exame prático de direção. Segundo dados do Departamento de Trânsito do Paraná (Detran-PR), os testes, que tiram o sono de muita gente, reprovaram, só no primeiro semestre de 2006, 38% dos mais de 180 mil examinados no estado – cerca de 71 mil candidatos. No ano passado, o número de não aprovados fechou em cerca de 170 mil.

De acordo com a coordenadora de habilitação do Detran-PR, Maria Aparecida Farias, a prova prática tem por objetivo avaliar como o candidato se comporta no dia-a-dia do trânsito. No caso específico dos automóveis, categoria B, são realizados testes de balizamento e percurso de rua. Embora relativamente simples, fatores como nervosismo e despreparo acabam tornando os obstáculos mais difíceis de serem superados. "Além da questão emocional, existe a falta de compreensão daquilo que foi ensinado. Por isso, muita gente acaba não passando", explica.

A estudante Minor Maria, 21 anos, conhece bem o gosto amargo da decepção. Tentando pela terceira vez conseguir a tão aguardada primeira carteira de motorista, a jovem curitibana esbarrou novamente na falta de tranqüilidade. "Estava um pouco nervosa e acabei errando por desatenção", justifica Minor, que não parou na preferencial e também não deu passagem a um pedestre. O motivo de ter sido reprovada nas avaliações anteriores foi o mesmo. "Não passei nas outras vezes porque não estava emocionalmente preparada", confessa.

O examinador do Detran-PR Rogério Ricardo Santos aponta, no entanto, que a causa mais freqüente de eliminação nos exames práticos de direção é mesmo o despreparo técnico. "Tem muita gente que vem fazer o teste sem estar pronto para pegar um carro", diz. Santos afirma que são falhas freqüentes erros de sinalização e regras de circulação. O examinador aponta ainda que a resolução 186, de 1997, do Conselho Nacional de Trânsito (Contran), tornou mais rígidas as exigências para os futuros condutores. "Existem hoje diversas faltas eliminatórias, que podem desclassificar o examinado, muitas vezes, por causa de um só ato mal feito", adverte.

Para quem se prepara para realizar o exame, a coordenadora de habilitação dá a dica: "vá seguro e consciente de que fez um bom aproveitamento das aulas do curso de direção. Essa é a melhor forma de controlar a emoção", acrescenta Maria Aparecida. Já a estudante curitibana que, desta vez, voltou para a casa sem o documento desejado garante: nada de se abalar. "Da próxima vez venho mais calma e confiante", finaliza.