Dentre as montadoras que levantam a bandeira dos carros elétricos no Brasil, a Nissan parece ser a mais empenhada em popularizar a tecnologia por aqui.
A marca japonesa investe pesado na divulgação e interação com o consumidor do seu projeto de mobilidade inteligente ('Nissan Intelligent Mobility’). O foco da montadora é transformar a maneira como os veículos são conduzidos e impulsionados.
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E o garoto-propaganda desta ativação é o Leaf, carro 100% elétrico que já emplacou quase 400 mil unidades no mundo desde o seu lançamento em 2010.
Quem visitou o Rio de Janeiro e São Paulo entre 2012 e 2016 deve ter cruzado com um táxi ou uma viatura policial com a seguinte inscrição na lateral: ‘emissão zero’, em referência à ausência de gases poluentes ao meio ambiente no sistema elétrico.
Foi um projeto piloto da Nissan na busca pela eletrificação em nosso mercado. Eram modelos da primeira geração do carro que também serviram para transportar os atletas durante a Olimpíada do Rio, em 2014.
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Após esse aperitivo a fabricante decide agora importar o Leaf ao país, mas desta vez oferecendo ao consumidor final.
O modelo está no período de pré-venda, iniciado no Salão de São Paulo 2018, e na virada do semestre chega às lojas a segunda geração, lançada mundialmente em setembro de 2017.
Serão seis cidades e sete concessionárias a comercializar a novidade pelo preço de R$ 178,4 mil (na pré-venda é necessário um sinal de R$ 5 mil): São Paulo (Carrera e Fuji), Rio de Janeiro (San Diego - Barra), Brasília (Gran Premier), Curitiba (Barigui), Florianópolis (Globo) e Porto Alegre (Iesa). A marca oferece 3 anos de garantia para o carro e 8 anos para as baterias.
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Em mais uma etapa para propagar a sua bandeira de mobilidade inteligente no país, a Nissan organizou um pequeno test drive com o Leaf no Autódromo de Interlagos, em São Paulo, para conhecer mais de perto um dos elétricos mais vendido no mundo.
A Gazeta do Povo esteve presente e destaca a seguir as impressões ao dirigir do hatch médio premium movido a bateria de íon-lítio.
Arrancada bruta...
Por natureza, os motores elétricos despejam um nível de torque digno de propulsores turbos. No caso do Leaf, são 32,6 kgfm de força, a mesma de um Audi A4 2.0 TFSI.
A entrega é imediata assim que pisamos no pedal do acelerador e está disponível em todas as faixas de giro - propulsores a combustão apresentam pico de torque e potência durante uma faixa restrita e elevada de rotação.
O velocímetro digital sobe rapidamente e chega aos 100 km/h em 7,9 segundos, desempenho bem melhor que os hatches médios vendidos no Brasil: Chevrolet Cruze 1.4 turbo (24,6 kgfm/ 9 s), VW Golf 1.4 turbo (25,6 kgfm/ 9,1 s) e Ford Focus 2.0 (22,5 kgfm/ 9,2 s).
Na reta de Interlagos, ao tirar o carro da imobilidade o corpo gruda no banco quando pressionamos o pedal da esquerda no máximo. Ao acionar a função Boost no câmbio, o sprint é ainda mais divertido.
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Rodar manso...
Só que andar com o pé lá no fundo num veículo elétrico significa torrar a carga da bateria rapidamente. E a intenção não é essa. Por isso, mesmo com todo esse torque e a potência de 149 cv (110 kWh), a velocidade máxima atingida é de apenas 144 km/h.
A ideia aqui é se deslocar sem poluir e com um ‘consumo’ de fazer inveja ao mais econômico dos modelos 1.0 a gasolina.
A bateria do Leaf de 40 kWh é capaz de segurar uma carga por até 389 km no ciclo urbano (com média de 241 km), graças ao sistema de regeneração de energia durante as frenagens ou quando aliviamos o pé do acelerador. Digamos que seria algo próximo a 50 km/l de combustível dos motores a combustão interna.
Baterias no assoalho auxiliam na estabilidade
Trechos com slalom em cones foram montados ao longo da pista para avaliar o desempenho em curvas fechadas.
Pudemos perceber a estabilidade segura, favorecida pelas baterias instaladas no assoalho, sob os assentos, que baixam o centro de gravidade do veículo.
A direção elétrica é precisa e relação curtas, contribuindo para respostas rápidas ao comando do motorista. Já a rolagem da carroceria é mínima nas mudanças bruscas de direção.
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Para frear, não precisa pisar no pedal
A autonomia maior também pode ser obtida com outros três recursos: a tecnologia e-Pedal, o botão Eco e a função ‘Battery’ do câmbio automático.
O primeiro caso é uma solução incomum ao que estamos acostumados a ver. É possível acelerar e frear usando apenas o pedal do acelerador. Isso mesmo que você leu. Ao tirar o pé do pedal da direita, o carro diminui a velocidade gradativamente até parar totalmente.
Além de realimentar a bateria, a tecnologia é ideal para quando se avista um sinal fechado ou o trânsito parado à frente. Mas não se preocupe, o pedal de freio estará ali para uma frenagem mais imediata.
É um conceito de um pedal que já existe no BMW i3 e no Chevrolet Bolt.
Já a função Eco limita a entrega de potência, enquanto a Battery intensifica a capacidade de frenagem, especialmente em descidas, para obter mais energia por meio de regeneração.
Silêncio do motor ao ligar, aspirador de pó ao rodar
A falta de ruído é a marca registrada do motor elétrico. É necessário um aviso no painel para informar que o carro está ligado ao apertar o botão de partida. O silêncio sob o capô é absoluto.
Ao entrar em movimento, um pequeno zunido começa a surgir e à media que se ganha velocidade ele lembra o som de um aspirador de pó, porém bastante suave, amplificado pelo barulho do rolamento dos pneus com o piso.
Espaço de sedã e bom nível de conteúdo
O Leaf tem 2,70 metros de entre-eixos, similar ao de um sedã médio como o Toyota Corolla, por exemplo. Isso garante uma boa acomodação para quem vai atrás, mas o túnel central bastante elevado deixa o ocupante do meio mal acomodado.
Como as baterias estão sob o assoalho, abre espaço no porta-malas, que pode transportar até 435 litros de bagagem.
O acabamento é de qualidade, com couro nos bancos, portas e no volante multifuncional. Há ainda detalhes de Alcântara que melhoram a sensação de sofisticação.
O painel traz superfície de plástico emborrachado, agradável ao toque, e detalhes cromados e em preto brilhante (abraçando o sistema multimídia e no console central).
O banco do motorista é ajustado eletricamente e há uma boa área para acomodação de objetos nas portas, além de inúmeros porta-copos.
O quadro de instrumentos mescla mostradores digitais com o velocímetro analógico, solução usada pelo Kicks, com uma porção virtual que mostra dados como o funcionamento da bateria.
No multimídia há também gráficos e mostradores auxiliares do sistema elétrico. O dispositivo vem ainda com câmera de ré e visão 360 graus, além de conexão Android Auto e Apple CarPlay.
Destaque para a transmissão, em formado circular e de aparência futurista, que regular as posições Drive, Boost, Ré, além do botão do Parking. O comando é bem intuitivo e fácil de usar.
No pacote de itens que auxiliam a condução está o alerta de tráfego cruzado, que detecta os veículos que se aproximam pela esquerda ou direita (ideal em saídas de cruzamentos e estacionamento com baixa ou nenhuma visibilidade).
Recarregável na tomada, mas demora
A Nissan instalou uma estação de carga rápida em Interlagos, que permite ‘reabastecer’ o veículo com 80% da carga em 40 minutos. São mais de 400 volts de tensão, algo que não está disponível nas casas que oferecem a recarga atualmente.
O carregamento rápido está disponível em alguns estabelecimentos comerciais de capitais como São Paulo, Curitiba e Rio de Janeiro, e trechos de rodovias no Paraná, São Paulo e Rio de Janeiro.
Ou seja, ao comprar um carro elétrico saiba que uma carga completa em casa pode demorar até 8 horas em tomada de 220 v e duplicar esse tempo numa de 110 v.
A Nissan oferece no pacote da compra do Leaf o wallbox, estação de recarga doméstica que diminui bastante o tempo de reabastecimento. Mas, a opção está disponível apenas na pré-venda do carro. Depois, o cliente terá de desembolsar cerca de R$ 7 mil para instalar o dispositivo na residência.
O Leaf pode funcionar com uma fonte de eletricidade, por meio de um rede instalada que permite abastecer a casa com a energia da bateria, evitando assim o consumo na residência em períodos de pico, por exemplo.
Outros elétricos no Brasil
A onda elétrica que vem avançado no mercado mundial e que começa a chegar mais forte ao Brasil terá neste ano pelo menos outros quatro modelos movidos à energia limpa, além do Leaf, oferecidos nas redes autorizadas da fabricantes.
O Renault Zoe já está à venda nas duas lojas homologadas pela marca - Globo Renault, em Curitiba, e Renault Sinal, em São Paulo - pelo preço de R$ 149 mil. É o modelo elétrico mais comercializado na Europa. Já foram emplacados 100 mil unidades do Zoe em todo o mundo.
O JAC IEV40, versão elétrica do T40, estreia em junho e com preço anunciado pela marca chinesa de R$ 139.990. O lançamento do Chevrolet Bolt ainda não tem data definida, porém o preço está definido: R$ 175 mil.
A Volkswagen também adiantou que trará o e-Golf em algum momento de 2019.
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