Detroit (EUA) - Uma das estrelas da edição 2011 do Salão do Automóvel de Detroit (EUA), que termina hoje, não é nenhum lançamento, muito menos um carro-conceito. Mas um modelo que há um mês está à venda no mercado norte-americano e acaba de ser eleito o "O Carro do Ano" nos Estados Unidos: o Volt. No estande da General Motors, o hatchback com cara de sedã ocupa o espaço principal, dividindo as atenções com o Sonic, outra grande aposta da fabricante para se reerguer na Terra do Tio Sam após decretar falência durante a crise que atingiu o setor no biênio 2008-2009.
A GM o descreve como um veículo elétrico de autonomia estendida. Enquanto na maioria dos modelos híbridos existe um motor a combustão que cede tração às rodas no caso da bateria não possuir carga, o Volt trabalha apenas com tração elétrica. Ele é recarregável em qualquer tomada e tem autonomia máxima de 80 km com uma bateria completa (que demora até dez horas para ser recarregada em 120 volts, quatro horas em 220 V).
Mas e quando a carga acaba? Entra em ação o motor 1.4 a gasolina, que não impulsiona o carro, mas gera energia para o motor elétrico de 149 cv. Nesta situação, a autonomia do Volt chega a 500 km. A vantagem do sistema adotado pela GM é que afasta o temor dos proprietários de parar na estrada, sem uma tomada para resolver o problema. Basta ter gasolina no tanque de 35 litros. O motorista acompanha todo esse processo enquanto dirige, através de duas telas de LCD posicionadas no painel e no console central, que informam desde a carga da bateria disponível ao consumo de combustível.
A uma temperatura de -10°, a reportagem do caderno Automóveis, Motos & Cia acelerou o Volt pelas ruas e estradas geladas de Detroit alguns trechos até cobertos com neve. Em um percurso de 80 km, a carga completa da bateria se esgotou na metade do caminho temperaturas abaixo de 0 °C prejudicam a autonomia do motor elétrico, que pode cair pela metade. Então o bloco gerador entrou em funcionamento de maneira tão discreta que foi quase imperceptível. Como ele não interfere na tração das rodas, a velocidade não se alterou, nem a aceleração. Até mesmo o silêncio do passeio no modo elétrico é parecido. O consumo médio foi equivalente a 85,3 km/l, valor que tenderia a diminuir caso o percurso fosse maior e o propulsor a gasolina funcionasse por mais tempo.
Como trata-se de um modelo elétrico, os 37,7 kgfm de torque (força) ficam disponíveis assim que o motorista pisa no pedal, o que dá acelerações mais fluidas e ajuda nas ultrapassagens a velocidade máxima chega a 160 km/h.
O acabamento interno rivaliza entre o tradicional e o moderno, sem muitos exageros visuais. Os itens de série incluem ar-condicionado, direção hidráulica, oito air bags, freios ABS, sistema de controle de estabilidade, rodas aro 17" e som Bose com HD de 30 GB para armazenamento de músicas. O hatch de quatro portas oferece lugar para quatro pessoas a bateria, posicionada entre os eixos, tira o espaço de um terceiro ocupante no banco traseiro.
Cerca de 350 unidades já foram vendidas nos EUA. A GM espera chegar a 10 mil este ano. O modelo custa U$S 41 mil (R$ 70 mil), mas cai para US$ 33.500 (R$ 57 mil) com um desconto subsidiado pelo governo federal, ao qual terão direito os primeiros 200 mil compradores. Mesmo assim é caro para os padrões de hatches norte-americanos. Gasta-se mais na compra, mas ganha-se na economia de combustível. Basta pensar que, para alguém que realiza percursos curtos na cidade, pode-se usar o carro sem colocar uma gota de combustível. Fica pelo preço da recarga da bateria, pouco mais de US$ 1.
Em breve, a GM do Brasil importará entre cinco e dez unidades do Volt para fazer testes no país. A intenção é verificar uma eventual demanda pelo modelo. Ele será apresentado a membros do governo federal para tentar acelerar a criação de um programa de benefícios a veículos híbridos e elétricos, pois sem eles será impossível vender o carro em solo brasileiro.
O jornalista viajou a convite da Anfavea
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