Opinião
Força do motor e conforto impressionam
Foi o primeiro contato que tive com um carro elétrico (a convite da Gazeta do Povo). E apesar de eu gostar de modelos mais esportivos, o que mais me chamou a atenção no hatch foi a força do bloco elétrico. Pisava e o Zoe respondia prontamente, como se fosse um veículo com motor potente (ele rende 88 cv). O sistema que para o carro em subida, não permitindo que ele recue, também é um conforto a se destacar. Fiquei impressionado com o extremo silêncio, seja na partida ou em movimento.
É uma experiência completamente diferente do que eu dirigir os meus Polo Sedan e Ford Fiesta. O câmbio automático de relação infinita passa a sensação de estar acelerando um carrinho de brinquedo. O interior moderno, com o painel todo digital, lembrou-me um ambiente de celular. É tudo muito claro. Tem tudo a ver com a nova geração de motoristas.
Charles José Sprada, 40 anos, farmacêutico em Curitiba.
Ao volante
Silêncio impera na partida com o carro em movimento
O silêncio é uma virtude em qualquer carro elétrico. Não se ouve nada quando o motor entra em funcionamento. A vibração é nula e é quase imperceptível o zunido crescente, que se mistura ao barulho do pneu no rolamento, à medida que o veículo ganha velocidade.
Na cidade, a força do torque em baixa rotação vira uma patada a cada saída de cruzamento. O recurso que segura o carro nas paradas em aclives libera o pé direito para o descanso, já que o esquerdo fica o tempo todo no apoio lateral devido à presença do câmbio automático. Na estrada, as retomadas são feitas com facilidade, mas acima dos 120 km/h, o fôlego já começa a desaparecer.
O painel todo digital traz uma grande tela de LCD, onde o computador de bordo é completo. Informa velocidade, consumo instantâneo e médio, autonomia e um indicador sobre se o carro está consumindo ou regenerando a energia. No console central existe um botão Eco que serve para reduzir a eficiência do ar-condicionado e o próprio rendimento do motor elétrico, para que a autonomia chegue aos 210 km anunciados.
O trânsito de Curitiba está menos poluente e barulhento desde quinta-feira passada (5). Uma parceria entre a Renault e a prefeitura pôs nas ruas veículos 100% elétricos. São cinco unidades do hatch Zoe, três da minivan Kangoo e dois do quadriciclo Twizy, além de três ônibus protótipos, montados pela Itaipu Binacional, outra integrante do projeto batizado de Curitiba Ecoelétrico. Os modelos serão usados pela Secretaria Municipal de Trânsito (Setran), Guarda Municipal e Instituto Curitiba de Turismo por dois anos.
A reportagem teve a oportunidade de dirigir o Zoe e avaliar seu comportamento. Baseado no Clio Europeu, ele oferece um design exclusivo que não passa despercebido aos olhos de quem não está habituado à tecnologia, já comum na Europa, EUA e Japão. No Velho Continente, por exemplo, o Zoe começou a ser vendido em 2012 ao preço de 21 mil euros (R$ 65 mil), porém em países onde há incentivos do governo para a mobilidade verde, como é o caso da França, o preço cai para 14 mil euros (R$ 43 mil). No Brasil, considerando as tributações de importação, não sairia por menos de R$ 200 mil.
O modelo tem um aspecto encorpado, mas não foi isso que despertou a curiosidade das pessoas no trânsito. As luzes de condução diurna nos para-choques e as lanternas transparentes, ambas com um coloração azulada, prendem a atenção, bem como os dizeres em inglês na lateral informando se tratar de um veículo movido a eletricidade.
As baterias, localizadas no assoalho, garantem uma autonomia de até 210 km, segundo dados de fábrica. Recebemos o Zoe com 110 km de carga. Para evitar gastá-la toda antes de devolver o veículo à Renault, usamos bastante a frenagem regenerativa, que recupera energia de maneira tímida, mas o suficiente para retardar a queda do porcentual de indicador de carga exibido no quadro de instrumentos, que é todo digital.
Se tivéssemos um posto de reabastecimento de 220 volts em casa, o tempo para a recarga completa seria de 8 horas, com um gasto inferior a R$ 10. Para atingir a mesma autonomia de 210 km com o Clio, por exemplo, um dos modelos com menor consumo de combustível no país, o custo alcançaria quase R$ 40, levando em conta os R$ 2,90 cobrados pelo litro de gasolina.
O motor do Zoe rende 88 cv. Parece pouco, porém uma das características dos elétricos é oferecer torque elevado assim que o acelerador é pressionado. No caso do Renault são 22,4 kgfm, a mesma força do BMW 316i, só que o alemão a gasolina entrega 136 cv. Os números do Zoe garantem agilidade no trânsito urbano. Os 50 km/h são atingidos em apenas 4 segundos.
Por dentro, o visual é clean. Há poucos botões de comando e a tonalidade clara predomina no ambiente. O revestimento do painel e das portas leva plástico duro e de boa qualidade. O toque de sofisticação está no monitor colorido no console central. São 7 polegadas que concentram todo o infotenimento (navegação, rádio, climatização, telefone), incluindo as diversas funções do sistema elétrico (controle de fluxos energéticos, autonomia, dicas para baixar consumo, etc).
Pioneira
Curitiba é a primeira cidade do país a integrar o programa Mobilidade Elétrica Inteligente (Mob-i), da Itaipu Binacional a próxima será Brasília. E a Copa do Mundo será vitrine para a frota elétrica. Os carros irão trafegar em locais estratégicos com aglomeração de turistas, como as imediações da Arena da Baixada, da Fanfest, na Pedreira Paulo Leminski, e do polo hoteleiro. Também foram instalados postos de recarga, já em funcionamento na Praça Rui Barbosa, parques Tanguá e Barigui, Jardim Botânico, entre outros.
Da casca
O Zoe é o primeiro veículo da Renault criado do zero para ser um automóvel 100% elétrico, ao contrário da maioria dos carros que circula pelo mundo sem motores a combustão. Ele não é um modelo adaptado para se tornar elétrico, como a própria Renault fez com o Fluence e o Kangoo. Outros verdes famosos são o Nissan Leaf, que irá rodar como táxi em São Paulo e Rio de Janeiro até os Jogos Olímpicos de 2016, no Brasil, e o Chevrolet Volt, vendido nos EUA.
Conheça o Zoe
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