O que pode
A pessoa física pode importar veículos zero quilômetro ou de coleção (fabricados há mais de 30 anos). É considerado zero o carro com até 3 anos de fabricação, que esteja em propriedade da loja/fábrica (não faturado para ninguém) e que tenha rodado no máximo 70 milhas (pouco mais de 100 km).
Raridades
Comprar um carro no exterior significa ser o único a rodar com o modelo ou um dos poucos. Veja quantas unidades de alguns desses carros foram emplacadas em Curitiba no ano passado.
Em "Velozes e Furiosos 5 Operação Rio" a Polícia Civil carioca combate a criminalidade a bordo de modelos da nova geração do Dodge Charger R/T, transformados em viaturas. Dom Toretto (Vin Diesel) e Brian OConnor (Paul Walker) aceleram modelos Dodge Charger Vault SRT8. E por aí vai. Do outro lado da telinha, apaixonados por carros sonham em pilotar essas máquinas. E isso não é impossível. Basta fazer uma operação de importação direta para pessoa física.
Em Curitiba, empresas são especializadas em assessorar compradores de modelos que não são comercializados no país por concessionárias. Uma delas é a Collection Cars. O gerente de vendas, Sione Simacoski, conta que o cliente desse tipo de negócio é homem, tem entre 35 e 50 anos de idade e prefere os modelos esportivos. Normalmente, completa, ele já chega com o carro escolhido, mas a empresa também tem fotos e vídeos para apresentar àqueles que querem um modelo exclusivo, mas ainda não fizeram sua escolha.
Definido o carro, a Collection Cars coloca um profissional da empresa em Curitiba para procurar o modelo nas concessionárias no exterior. O cliente, então, é informado sobre o preço e, se ele quiser fechar o negócio, precisa dar um sinal que varia de US$ 1,5 mil a US$ 10 mil, conforme o valor do automóvel. A partir daí, a empresa que assessora o comprador providencia toda a documentação, pede a licença de importação e, quando o governo autoriza a transação, o cliente paga o valor restante para a concessionária no exterior e é providenciado o embarque e o desembaraço do carro aqui no Brasil.
Só quando o carro chegar nas mãos do cliente ele paga a comissão para a Collection Cars. Segundo Simacoski, esse valor fica entre R$ 15 mil e R$ 30 mil, variando de acordo com o valor da negociação, já incluídas as despesas de frete, impostos, seguro e despesas aduaneiras.
Circular pelas ruas em um modelo exclusivo exige um pouco de paciência do comprador. Se ele escolher um carro que já está pronto lá fora, do jeito que está na loja, vai esperar de três a quatro meses entre a escolha e a entrega do bem. Mas se ele quiser algo mais, como algum acessório, por exemplo, terá que esperar, em média, mais seis semanas.
Economia
Mas isso não é problema para quem busca, além da exclusividade, vantagem econômica. O importador pessoa física pode ser isentado do pagamento de alguns impostos, como o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), desde que comprove que o veículo é para uso e não para comércio. Em alguns casos, o veículo pode ser liberado sem o recolhimento do IPI, mediante medida liminar. Em outros casos, Simacoski explica que os compradores são orientados a depositar o valor referente ao IPI em juízo, para depois pedir a devolução, o que ocorre num prazo aproximado de um ano. "A liminar é para deixar de pagar o que não é devido", explica.
Quando a pessoa adquire seu veículo importado diretamente das lojas, aí não tem como fugir do IPI, pois fica caracterizado o comércio. Por isso que na importação independente o preço final fica menor. Simacoski dá um exemplo. O FX35 da Infiniti, marca de luxo da Nissan, se adquirido em uma loja, custa cerca de R$ 300 mil. Pela importação independente, vai sair por aproximadamente R$ 200 mil.
Em 2011 eram importados dois por mês
Sione Simacoski, gerente de Vendas da Collection Cars, conta que os modelos mais procurados são aqueles que oferecem o melhor custo-benefício, como Ford Mustang, Chevrolet Corvete e Infiniti, a divisão de luxo da Nissan. Além de chegar aqui por um preço melhor na importação independente, são modelos com bom valor de revenda. Os proprietários, completa, costumam ficar com esses carros durante um ano e depois trocam.
O gerente diz que em 2011 a Collection Cars importou em média dois veículos por mês. Este ano, de acordo com ele, o ritmo está um pouco mais lento por causa da alta do dólar, do aumento do prazo para a licença de importação (que antes era automática) e da variação do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI).
Ainda assim, ele diz que faz cerca de 50 cotações por mês.
Manutenção
Apesar de ser um negócio vantajoso do ponto de vista financeiro e de a pessoa poder contar com um modelo exclusivo, muitos consumidores ainda não fazem a importação independente por desconhecimento e por insegurança. Afinal, são transações que envolvem um grande volume de recursos: a partir de R$ 140 mil até perto de R$ 1 milhão.
Algumas pessoas também ficam preocupadas com a manutenção do carro. Simacoski explica que as marcas que têm concessionária aqui não atendem veículos trazidos por importação independente, mas existem na cidade oficinas especializadas nesses veículos. "Eu tenho um mecânico de confiança que cuida dos meus carros", diz o dono de um carro trazido do exterior, que prefere não ser identificado. As peças também são encontradas nessas empresas ou, então, são importadas quando há necessidade.
Para ele, essa questão da manutenção não é um problema. E ele garante que está bastante satisfeito com a compra que fez porque gastou menos do que previa e agora tem um carro do jeito que sonhava, de uma edição limitada e exclusivo.
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