Uma técnica de aerografia que surgiu por acaso na oficina artesanal que mantém nos fundos de casa fez o trabalho do artista plástico curitibano Bene Santos Costa, 49 anos, virar um dos mais requisitados no mundo automotivo. Ele conseguiu mesclar em alto e baixo relevo palavras, logomarcas e desenhos. E o resultado impressiona pelo realismo dos traços. "É uma técnica inédita que não existe em lugar nenhum do planeta. Já estive várias vezes no Sema, maior feira de tuning do mundo, que ocorre em Las Vegas, e não vi nada igual", garante Rafael Casagrande, diretor da Força Livre Motorsport, responsável por eventos automobilísticos.
Costa explica que não se trata de plotagem ou aplique com verniz, e sim um método de preenchimento falso que surgiu há cinco anos durante um erro cometido numa adesivagem em painel. "A logomarca ficou embaixo do adesivo, dando efeito de relevo. Fiquei chateado, pois o trabalho estava perdido, porém nasceu ali o primeiro passo para o que hoje é o relevo, tanto alto quanto baixo. Depois disso, aperfeiçoei a técnica várias vezes", diz.
Um dos mais famosos trabalhos do curitibano foi feito em um Mustang GT 2007, conversível encomendado por uma multinacional no ramo de telefonia móvel. Ele redesenhou, a partir de 2.600 minúsculos logotipos do cliente, a lendária faixa dupla que atravessa pelo centro toda a extensão do ícone esportivo. "Depois do preenchimento, fui esculpindo letra por letra", recorda. O serviço, produzido em parceria com a TMC Concept, chamou tanto a atenção dos executivos da empresa que o veículo correu o mundo em eventos promocionais. "Só tive dó de lixar a carroceria do Mustang zerinho", diz Costa, que iniciou a carreira como letreirista de fachada comercial.
Seu último trabalho também vem causando admiração por onde passa. O veículo utilizado desta vez foi um Mitsubishi Eclipse, de uma empresa de alarmes na capital. A logomarca está estampada no capô do automóvel em alto e baixo relevo. "Todo mundo pensou que afundei a logo na lataria. Pediram até para abrir o capô e olhar por dentro. Custaram a acreditar quando viram que não houve nenhuma alteração", conta.
Outra aerografia aplicada por Costa em um Dodge Dart recebeu elogios até do norte-americano Chip Foose, o "papa" do design automotivo no mundo. O destaque é a "Super Bee" realizando um burn-out, expressão inglesa para a técnica de "fritar" o pneu, que levanta muita fumaça. A "Super Bee", no caso, é uma abelha mascote que identifica uma das versões do Dodge Dart.
Na pista
A criatividade do paranaense também chegou ao mundo da velocidade. Sua arte pode ser apreciada no possante Opala Comodoro 77 de Agenor Scortegagna Jr., o Scort, de Colombo. Conhecido no meio pelo apelido de "Big Bear" (Grande Urso), o piloto espalhou pela carroceria do carro sua marca registrada. No capô, por exemplo, um enorme urso feroz arranha a lataria . Detalhe: as garras e o focinho do animal estão em alto relevo, criando uma ilusão tridimensional. "Para dar mais vida ao desenho, utilizei pincel para realçar o brilho nos dentes, os pelos nas patas e as veias nos olhos". O curitibano Alberto Turkot, o Barba, é outro que cobriu seu dragster com os traços do artista.
O leque de produtos que recebem o "estilo" Bene Costa inclui ainda motos, triciclos, veículos hot rod, jet ski, baú de caminhão e capacetes. Ele fez, inclusive, duas réplicas perfeitas dos capacetes do campeões mundiais de F-1 Emerson Fittipaldi e Nigel Mansell. "Em breve pretendo ministrar um curso para ensinar essa técnica a outros profissionais", anuncia.
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Serviço
Confira outros trabalhos de Bene Costa no site oficial (www.studiobsc.com).
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