Não fosse pela capacidade cúbica de seus motores, entre 250 cm³ e 300 cm³, Yamaha XTZ 250 Ténéré e Honda XRE 300 bem que poderiam ser excelentes aventureiras. Têm tanques de combustível com capacidade acima da média, bancos largos, proteção aerodinâmica e suspensões de longo curso. Mas os dois modelos servem como primeira opção, principalmente pelo preço, para o motociclista brasileiro que busca uma moto versátil, para uso no dia-a-dia ou em viagens.
Lançada em junho de 2009, a Honda XRE 300 praticamente inaugurou no Brasil o segmento de motos trails de baixa capacidade cúbica com vocação mais "aventureira". Substituiu a XR 250 Tornado não apenas com um motor maior, mas também com mais conforto e autonomia.
Para enfrentar a XRE, a Yamaha apresentou recentemente a XTZ 250 Ténéré que, apesar de anunciada como um novo modelo, se trata de uma versão mais sofisticada da Lander. O motor de 250 cm³ é fixado de forma diferente no mesmo quadro de berço semiduplo, mas com conjunto de suspensão recalibrado o garfo dianteiro tem menor curso, e o amortecedor traseiro ganhou reservatório de gás e nova regulagem. Mas a principal mudança fica mesmo por conta do tanque de maior capacidade (16 litros na XTZ, 11 na Lander) e o banco mais largo e em dois níveis. Tudo para atender ao motociclista que quer uma moto para viajar.
Apesar da menor capacidade, o desempenho do motor monocilíndrico Yamaha de 249 cm³, comando simples no cabeçote, e refrigeração mista (ar e óleo) tem praticamente o mesmo desempenho do propulsor de 291 cm³ da Honda. Os números de potência declarados (26,1 cv na XRE 300, 21 cv na Ténéré 250) fazem que crer que a trail da Honda teria melhor desempenho, mas na prática as duas chegam a velocidades finais semelhantes, por volta dos 135 km/h no velocímetro.
A diferença mais sensível é mesmo em arrancadas, quando o maior torque (2,81 kgfm) e as relações primárias e secundárias da XRE 300 fazem a Honda largar na frente da Yamaha (2,10 kgfm). Mas a diferença não chega a ser determinante na hora de optar por uma das duas.
Mais importante é o consumo e a autonomia. E o gasto de ambas é bem semelhante: a XRE 300 (versão com ABS, utilizada no comparativo) roda em média 28 km/litro, enquanto a Ténéré faz 28,5 km/litro. Claro, estilo de pilotagem, peso do piloto, bagagem, vento contra e outros fatores podem alterar a média.
Com seu tanque para 16 litros, a Ténéré leva vantagem no questio autonomia: poderia rodar mais de 450 km sem abastecer. Já a XRE 300, com apenas 12,4 litros, chega a cerca de 340 km de autonomia.
Pilotagem
As duas trails têm quadros do tipo berço semiduplo em aço, suspensões de longo curso e vocação mais on do que off-road. As suspensões de ambas enfrentam obstáculos sem grandes problemas, porém nota-se mais rigidez na Yamaha do que na Honda. A Ténéré é mais estável no asfalto, enquanto a XRE 300 parece absorver melhor as imperfeições de estradas de terra. Ambas encaram terra batida com desenvoltura, mas passam longe de trilhas mais pesadas - essa nem é a proposta.
No quesito freios, a XRE 300 leva larga vantagem, sobretudo na versão com ABS. A Honda tem uma resposta instantânea, enquanto a Yamaha, apesar da nova malha interna em cobre, ainda tem um freio um pouco mais lento, comumente chamado de "borrachudo".
Outra diferença entre elas são as rodas e pneus: XRE 300 tem aros de alumínio pintados em preto e Ténéré, aros de aço. Já os pneus Metzeler Enduro 3 da XRE são mais off-road e fazem muito barulho no asfalto. Por outro lado, os pneus Pirelli Scorpion MT 90 da Yamaha são de uso misto também, porém com mais vocação para uso em estrada. Fazem menos ruído em altas velocidades e transmitem mais segurança no asfalto.
Conforto
Tanto XRE 300 como Ténéré 250 foram projetadas para encarar viagens e proporcionam conforto ao motociclista. Ambos os assentos são largos, em dois níveis e confortáveis. Na Yamaha a espuma tem maior densidade e melhor encaixe para o piloto do que na Honda. Outro item que dá vantagem para a Ténéré é o grande para-brisa que ajuda a desviar o vento e aumentar o conforto, principalmente na estrada.
O que não significa que a XRE 300 seja desconfortável, pelo contrário. O banco da Honda é macio e a posição de pilotagem também é excelente. Mas a pequena bolha da XRE não é tão eficaz quanto a da Ténéré. Por outro lado, a XRE 300 traz de série um item prático para viagens: o bagageiro, que serve para ancorar cargas ou instalar um baú-para a Ténéré, o item é acessório. Analisando outros equipamentos, como painel e os comandos, a Ténéré leva vantagem. Seu painel é mais moderno (conta-giros de leitura analógica e velocímetro digital) e de fácil leitura. O painel da XRE também é atual, porém o tacômetro digital é de difícil visualização, principalmente sob o sol. Nos comandos, outro ponto para a Yamaha, que traz lampejador de farol alto, ausente no modelo Honda.
Preços
Os desenhos dos dois modelos são atuais e de bom gosto, porém alguns torcem o nariz para o desenho da XRE 300, enquanto outros criticam a traseira minimalista da Ténéré 250. Se deixarmos de lado o design, já que se trata de um quesito muito pessoal, os dois modelos atendem à proposta de ser uma moto de média capacidade cúbica para uso misto em cidade e estradas.
Mas um item pesa bastante na hora de escolher entre Honda XRE 300 e Yamaha XTZ 250 Ténéré: o efeito no bolso do consumidor. Enquanto a nova Ténéré tem preço médio de R$ 13.350, a XRE 300 com ABS é vendida a R$ 16.150 (valores praticados nas concessionárias de São Paulo, SP). E até mesmo na versão sem ABS, a moto Honda é mais cara, custando R$ 13.500.
Se compararmos o preço do seguro, a Ténéré também sai mais em conta. Cotado na mesma seguradora e para o mesmo perfil de motociclista (masculino, 31 anos, residente na Grande São Paulo), o seguro para a XTZ 250 fica em R$ 2.387, enquanto para a XRE 300 sai R$ 6.049 quase três vezes mais caro.
Conclusão
Antes deste comparativo, a grande dúvida era: seria a recém-lançada Yamaha XTZ 250 Ténéré uma concorrente a altura da Honda XRE 300? A resposta é sim. Cumpre praticamente o mesmo papel, por um preço menor. A Honda XRE 300, porém, tem freios melhores, rodas de alumínio e bagageiro de série. Por outro lado, a Ténéré tem tanque maior, bolha mais eficiente e pneus mais adequados à sua proposta. A escolha vai depender do seu gosto pessoal e, principalmente, do seu bolso.
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