Quadro tubular, baixo peso, freios de competição, ciclística impecável e posição de pilotagem esportiva uma moto praticamente pronta para a pista. Assim pode ser resumida a Bimota DB7 que, até hoje, mais de 30 anos após a criação da marca, perpetua a filosofia dos três fundadores que dão nome a Bimota: Valério Bianchi, Giuseppi Morri e Massimo Tamburini. E mesmo já tendo mudado de mãos, a pequena fábrica italiana de Rimini conserva os valores de seus fundadores, como provou a superesportiva DB7 mesmo antes de entrar na pista do autódromo José Carlos Pace, em Interlagos, São Paulo, para uma avaliação em seu habitat natural.
Além de seu design italiano de muito bom gosto, chamam atenção os detalhes da construção da DB7. Na carenagem em fibra de carbono, encontra-se o conjunto óptico formado por dois faróis elipsoidais. As setas dianteiras são integradas aos espelhos retrovisores, e na traseira a discreta lanterna e as setas trazem LEDs. Para completar o pacote "exclusivo", a DB7 traz os manetes de freio e embreagem usinados pela própria Bimota, com o logo da marca.
Ronco estranho
Se desligada a superesportiva italiana já atraía olhares curiosos, quando o motor acordou, a DB7 virou uma verdadeira atração nos boxes de Interlagos. Equipada com o propulsor Ducati Testastretta Evoluzione com dois cilindros em "L" (V a 90°) de 1099 cm³, a DB7 emite um ronco grave e compassado pela ponteira de escapamento construída em titânio. Com seu sistema de embreagem a seco e o diferenciado comando de válvulas desmodrômico da Ducati, o barulho de metal é elevado e o motor soa ruidoso para quem está acostumado aos quatro cilindros em linha japoneses.
Ao montar na DB7, o que impressiona é seu tanque esguio que proporciona um perfeito encaixe do piloto. O peso de apenas 170 kg a seco também faz dela uma das mais leves em sua categoria. Alimentado por injeção eletrônica e com refrigeração líquida, o propulsor da Ducati oferece 162 cavalos de potência máxima a 9.750 rpm. Pode parecer pouco em comparação com os 180 ou 190 cv das japonesas, mas não é. Com seu peso menor, a Bimota DB7 chega bem perto do tão sonhado 1 cv por quilo. A grande diferença deste bicilíndrico italiano é sua personalidade: sobe de giros com uma facilidade impressionante e entrega potência em uma ampla faixa de rotações.
Na pista
A Bimota é exclusiva na construção e também em sua condução. Durante a avaliação feita pela reportagem o que me chamou a atenção primeiramente foi o sistema de freios Brembo. Cilindro mestre, pinça radial monobloco, pastilhas e discos de freio tudo é fabricado pela grife italiana. São dois discos flutuantes de 320 mm de diâmetro na dianteira mordidos por pinça de radial de quatro pistões; e disco simples flutuante de 220 mm de diâmetro com pinça de dois pistões na traseira. Seu funcionamento é impecável: mordida instantânea, frenagem progressiva e segura. E o melhor, sem demonstrar fadiga em nenhuma situação.
Ciclística
Uma das razões para que a Bimota seja tão leve é seu quadro treliçado com tubos ovais feitos em cromo-molibdênio. Mas não se trata de um quadro em treliça comum. Ele é composto, tem placas de alumínio para sustentar o motor e até mesmo a balança traseira, fixada ao motor, é construída em tubos ovais. Além disso, a DB7 não tem um subquadro para sustentar a rabeta e o banco da garupa (se é que aquele pedacinho de espuma pode ser chamado assim). A rabeta é construída em fibra de carbono estrutural, o que ajuda a reduzir o peso e abaixa o centro de gravidade da moto.
Essas inovações resultam em uma ciclística bastante precisa e ágil. Basta frear, apontar e deitar. Vale também dar crédito para as suspensões que contribuem e muito para o desempenho da DB7 nas curvas. Na dianteira, os garfos invertidos Marzocchi Corse RAC de 43 mm revestidos com nitrito de titânio são totalmente ajustáveis por um sistema de cliques. Na traseira, um conjunto fabricado pela Extreme Tech exclusivamente para a Bimota. O corpo do amortecedor é inteiramente usinado e possui todas as regulagens típicas com a adição de regulagem independente de compressão e extensão em alta e baixa velocidade.
Exclusiva
Importada e distribuída pela Perfect Motors, que tem um técnico treinado na fábrica para oferecer assistência técnica ao modelo, a Bimota DB7 é praticamente uma moto de pista que pode rodar nas ruas. Portanto, se você quer uma moto para viajar, passear com a esposa, namorada, enfim... a DB7 não foi feita para você. Seu motor funciona bem somente em altos regimes, sua ciclística é bastante racing, enfim qualidades que não combinam com radares, estradas esburacadas e o trânsito urbano.
A superesportiva italiana é mais do que exclusiva. É uma motocicleta especial mesmo. E não porque há somente cinco exemplares da Bimota DB7 no Brasil, e nem mesmo porque ela custa R$ 99 mil. Mas porque traz em cada detalhe a paixão italiana pelo motociclismo, a filosofia de criar uma máquina de duas rodas que transpirasse esportividade, velocidade e desempenho em cada detalhe.
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