Se você olhar para essa BMW R 1200 RT e não sentir uma vontade incontrolável de pegar a estrada, lamento informar, mas há algo de errado com você. Afinal, a grã-turismo alemã é a perfeita tradução do turismo sobre duas rodas. Ainda mais nesse novo modelo 2010, que recebeu diversas melhorias, entre elas a versão atualizada do motor boxer de dois cilindros opostos e 1.170 cm³, que oferece mais torque desde baixos regimes. Além, é claro, de alguns itens que transformam um simples passeio de moto em uma viagem pra lá de prazerosa.
A R 1200 RT 2010 oferece, por exemplo, parabrisa ajustável eletronicamente, posição de pilotagem confortável para rodar centenas de quilômetros, tanque com capacidade para 25 litros e, agora, um sistema de som que permite acoplar um tocador de MP3, um Ipod ou até mesmo um pen-drive para escolher a trilha sonora perfeita para um tour de moto.
Alto e bom som
Com uma seleção de músicas que iam de Red Hot Chilli Peppers a Yes, passando por Rolling Stones e Franz Ferdinand, devidamente gravada no pen-drive, saímos cedo para aproveitar o ensolarado Dia de Tiradentes, no feriado de 21 de abril. Bastou seguir a dica da BMW: gravar os arquivos em pastas com o nome BMW1, BMW2, e assim por diante. A moto alemã também se rendeu às músicas digitais e não oferece mais CD Player.
Mas, como tudo na vida, a R 1200 RT tem também seu lado ruim. Pois circular com os 259 kg (em ordem de marcha) distribuídos em mais de dois metros de comprimento e 90,5 cm de largura (com as duas bolsas laterais) por regiões de tráfego intenso não é uma tarefa das mais agradáveis. Sorte que uma das qualidades do motor boxer é oferecer bastante torque desde as baixas rotações.
A nova versão do motor de dois cilindros opostos com 1.170 cm³ ganhou um duplo comando de válvulas no cabeçote (DOHC), novas borboletas de aceleração e novas válvulas, tudo para garantir um torque máximo maior: 12,25 kgfm a 6.000 rpm (no modelo anterior eram 11,74 kgfm na mesma rotação). Número suficiente para levar a RT de 0 a 100 km/h em apenas 3,8 segundos. As melhorias garantiram também uma curva de torque mais plana.
A RT parece até uma moto automática. Mesmo em terceira marcha, em 1.500 rotações, basta girar o acelerador para o motor oferecer vigor sem a tradicional "batida de pino". Isso graças ao comando eletrônico que gerencia o motor e evita o desconforto. Dessa forma fica até fácil pilotar essa grande motocicleta em baixas velocidades. Difícil é circular entre os carros com quase um metro de largura!
Outro ponto positivo é que os retrovisores dessa BMW realmente funcionam. Acoplados à enorme carenagem frontal oferecem excelente visão traseira.
A potência máxima foi mantida: os mesmos 110 cv, só que agora a 7.750 rpm. E o motor pode atingir mais 500 rotações, chegando a 8.500 giros. Não que estas informações não sejam importantes. Mas é que desempenho não é a proposta da RT.
Aceleração
Na estrada, regulamos o piloto automático para 100 km/h, limite de velocidade da rodovia; ajustamos o parabrisa em uma altura adequada; e curtimos a trilha sonora, enquanto usávamos o novo e prático seletor que aumenta o volume e muda de faixa no punho esquerdo.
O conforto era tanto que não dava nem vontade de acelerar mais. Essa é a proposta da R 1200 RT: viajar com prazer, sem pressa e confortavelmente. Até mesmo porque acima de 140 km/h ficava difícil ouvir a música.
Rodeado pela bela paisagem, o piloto se distrai com as informações do computador de bordo: autonomia, consumo médio, velocidade média, pressão dos pneus... Dá para aproveitar e testar as mudanças do novo ajuste eletrônico de suspensão (ESA II), com o qual é possível escolher os modos Comfort, Normal e Sport, além de piloto, piloto e garupa e com bagagem. Na cidade, com mais buracos, o modo Comfort, mais macio, se mostrou adequado. O Normal foi ideal para a tocada tranquila . O modo Sport parece rígido demais, transferindo ao piloto toda e qualquer imperfeição do piso.
Que pena!
Depois de mais de quase 300 km rodando sem destino certo, apenas curtindo os mimos dessa grã-turismo, era hora de voltar para casa. Uma pena! Porque a distância foi pouca para as qualidades da R 1200 RT. De acordo com o computador de bordo, o consumo médio foi de 18,5 km/l, que resulta, teoricamente, em uma autonomia de mais de 460 km.
Com algum esforço para manobrar a enorme moto alemã, devido à estatura mediana do piloto, ela foi para a garagem. Uma tarefa delicada, já que seu banco original fica a 84 cm do solo (pode ser ajustado em 82 cm também).
E para ter uma dessas definitivamente na garagem, é preciso desembolsar R$ 89.900 (valor da versão Premium com todos os opcionais descritos). E os pilotos de estatura mediana não precisam se preocupar porque há a opção de um banco mais baixo, a 78 cm do chão.
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