Repetindo o que havia dito na época de campanha, o presidente Jair Bolsonaro voltou a afirmar que pretende retirar a placa Mercosul de circulação, mesmo ela já equipando mais de 1 milhão de carros nos sete estados que adotaram o novo sistema de identificação no ano passado.
O discurso contra a chapa azul e branca foi feito durante uma transmissão ao vivo nas redes sociais na noite de quinta-feira (14), ao lado dos ministros de Relações Exteriores, Ernesto Araújo, e da Saúde, Luiz Henrique Mandetta.
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"Vamos ver se a gente consegue anular a placa do Mercosul. É um constrangimento, uma despesa a mais", disse o presidente, citando o trabalho do ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas.
O modelo unificado é adotado nos estados do Rio de Janeiro, Paraná, Rio Grande do Sul, Amazonas, Bahia, Espírito Santo e Rio Grande do Norte.
A obrigatoriedade da implantação em todo o país, que estava prevista para vigorar em dezembro do ano passado, foi adiada para o próximo dia 30 de junho.
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Recentemente o Ministério da Infraestrutura, por meio de uma consulta da reportagem da Gazeta do Povo, admitiu que a placa Mercosul não iria acabar e que o governo avaliava uma maneira de melhorar o nível de segurança das informações para evitar a clonagem, analisando ainda as características da placa e o processo para a sua emissão.
Este estudo está em curso no Conselho Nacional de Trânsito (Contran), por isso o órgão orientou a todos os estados que ainda não incorporaram a placa que não façam até que as análises sejam concluídas.
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Desde que a resolução 729 do Contran, que regulamenta a nova placa, foi publicada em março de 2018, o dispositivo já perdeu alguns itens de segurança previstos no projeto original. Na lista estão lacre, substituído pelo QR Code; tarja superior em 3D; e a bandeira do estado e o brasão do município nos quais o veículo foi registrado.
Combinação da placa cinza ‘trava’ até 2030
A placa Mercosul possui sete caracteres, sendo quatro letras e três números. Com isso, são possíveis mais de 450 milhões de combinações diferentes.
Caso o governo de Bolsonaro acabe mesmo com o novo formato, será necessário encontrar uma outra solução para substituir o placa cinza em breve, uma vez que a combinação de três letras e quatro números do modelo que foi adotada nos anos 1990 deve durar no máximo até 2030 - neste estilo são mais de 175 milhões de possibilidades de combinação.
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A Gazeta do Povo enviou para o Ministério da Infraestrutura alguns questionamentos sobre o assunto, entre eles as duas perguntas abaixo:
- Como ficariam os mais de 1 milhão de usuários que já rodam com o padrão unificado nos veículos? Que gastaram, em média, entre R$ 250 (simples emplacamento) a R$ 600 (troca de estado)? Seriam ressarcidos ou não haveria cobrança no retorno à placa cinza?
- E os fabricantes (da matéria-prima e dos QR-codes e seriais), estampadores e próprios Detrans, que já receberam pelo serviço prestado nos sete estados citados acima?
O órgão, através da assessoria de imprensa, respondeu por telefone que não há mais informações além do estudo que está ocorrendo no Contran. Lembrando que a cada mês pelo menos 100 mil novos veículos são emplacados com a placa padrão Mercosul no Brasil.
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Confira na íntegra a fala do presidente da República sobre a placa Mercosul:
"Nós também estamos em contato já há algum tempo com o nosso ministro Tarcísio, da Infraestrutura, para ver se a gente consegue anular essa placa do Mercosul. Porque eu acho que não tem ali o município, a placa de trânsito dos nossos carros ali. Não traz, no meu entender, benefício para o Brasil essa placa do Mercosul.
É um constrangimento, é uma despesa a mais para a população. Vamos tentar então, estamos tentando uma maneira legal. Eu acho que dá para encontrar a solução de acabarmos com essa placa do Mercosul também.”
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