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Fluence Z.E é equipado com um motor elétrico capaz de gerar 95 cavalos de potência | Fotos: Divulgação
Fluence Z.E é equipado com um motor elétrico capaz de gerar 95 cavalos de potência| Foto: Fotos: Divulgação

Renault

Fluence e Twizy chegam neste ano

A Renault vai mesmo trazer parte de sua gama elétrica para o Brasil em 2012. E os escolhidos são os modelos Fluence ZE, a versão "ecologicamente correta" do sedã, e o Twizy, um compacto aparentemente muito divertido.

O Renault Fluence elétrico pode desembarcar no Brasil já no primeiro semestre do próximo ano vindo direto da planta de Bursa, na Turquia. O modelo é equipado com um motor elétrico, este abastecido por baterias de ion lítio, capaz de gerar 95 cv de potência e 22,6 kgfm de torque. Este conjunto garante uma autonomia de 185 km, segundo a montadora.

Já o Twizy, carrinho futurista que leva apenas duas pessoas, já foi confirmado para 38 países, entre eles o Brasil. O modelo faz parte da gama elétrica da Renault, que ainda traz o pequeno Zoe, o utilitário Kangoo Z.E, além do próprio Fluence.

Com apenas 2,33 m de comprimento, 36 cm a menos que o Smart ForTwo, o Twizy é movido por um motor elétrico de 16 cv, tem velocidade máxima de 80 km/h e autonomia para rodar 100 km com uma carga completa de bateria.

Estratégia

O lançamento da linha elétrica na Europa implicou bem mais que desenvolver veículos. Era preciso oferecer soluções no momento da recarga das baterias. A aliança Renault-Nissan fez parcerias com autoridades públicas, operadoras e empresas de distribuição de energia elétrica, centros comerciais e hotéis para que o comprador tenha abastecer seu carro. Como parte da estratégia de comercialização, o Fluence custa 25.900 euros (R$ 62.400), igual ao modelo a diesel, sem a bateria de íons de lítio de 398 V/22 KWh. Uma bateria deste tipo custa mais que o carro. Neste caso, o comprador paga um aluguel de apenas 88 euros (R$ 211) durante 36 meses, que é um grande incentivo do fabricante. E os países europeus ainda acrescentam até 5 mil euros (R$ 12 mil) de subsídio direto para número limitado de vendas.

Estudo

Energia não seria suficiente para toda a frota

A consultoria Andrade & Canellas, especializada nas questões energéticas, divulgou um estudo informando que caso toda a frota de veículos brasileiros fosse substituída por modelos movidos a energia elétrica, exigiria que o parque gerador brasileiro produzisse mais 190.108 GWh por ano. Ou seja, para que o sistema elétrico nacional gerasse energia suficiente para abastecer toda a frota atual de veículos leves movidos a gasolina ou etanol, seria preciso construir cinco usinas hidrelétricas como a de Belo Monte (ainda em construção) ou três usinas como a de Itaipu.

  • O carrinho futurista Twizy será enviado pela Renault para 38 países, entre eles o Brasil
  • Toyota Prius, primeiro híbrido em série no mundo, será vendido aqui neste ano
  • Os modelos Mitsubishi i-MiEV e Nissan Leaf rodam no país como reforço de imagem das marcas

A questão do carro elétrico está se tornando um assunto cada vez mais inevitável. Muitos especialistas e ambientalistas colocam esse tipo de tecnologia como uma das formas de combater as mudanças climáticas geradas pelo aumento desenfreado das emissões de gases de efeitos estufa no planeta. Po­­rém, muitas questões ainda precisam ser resolvidas, como o custo e peso das baterias utlizadas nos mo­­tores desses veículos, políticas de incentivos à essa tecnologia, ou mesmo, uma mudança do cenário econômico de alguns países, como o Bra­­sil, que nos últimos anos vem mi­­rando seu foco nos combustíveis derivados do petróleo e no etanol.

Para o presidente mundial da PSA Peugeot Citroën, Philipe Va­­rin, os carros elétricos continuarão a ser minoria absoluta nas ruas do planeta até o fim desta década. E muito depois disso, os motores a combustão ainda dominarão o cenário internacional. Para Varin, as vendas de elétricos puros e híbridos só vão superar 5% do mercado global depois de 2020 – e só deslancharão, quando surgirem baterias eficientes e baratas. Pratica­­men­­te todos os participantes do setor automotivo acompanham a corrente da eletrificação veicular. Mas não no Brasil. Apesar do anúncio de programas bilionários para o desenvolvimento de elétricos e híbridos em países desenvolvidos, quase nada veio para cá. A Ford colocou à venda no país o Fusion Hybrid em outubro de 2010, por R$ 133,9 mil, que pelo preço en­­controu pouquíssimos interessados por aqui. Os puramente elétricos Mitsubishi i-MiEV, Nissan Leaf e Chevrolet Volt foram trazidos apenas para demonstrações, utilizados pelos departamentos de marketing das montadoras para reforçar positivamente a imagem de algumas marcas. Agora, em 2012, a Toyota vai trazer o Prius, primeiro híbrido vendido em maior escala no mundo, e a Re­­nault também promete trazer as versões elétricas do sedã Fluence e do subcompacto Twizy, mas sem pretensão de vendê-los (confira nes­­ta mesma página). Pouco antes de deixar a presidência da Renault do Brasil, Jean-Michle Jalinier, disse que o carro elétrico ainda precisa de muitos incentivos para ser viá­­vel. Na Europa cada modelo recebe algo como US$ 5 mil de in­­centivo governamental. Assim esse não é o momento dos elétricos no Brasil, mas poderá ser em mais dois ou três anos, quando o custo baixar.

De acordo com o site Automotive Business, se os híbridos podem chegar em volumes limitados, a preços para lá de salgados, no caso dos elétricos o custo será estratosférico, próximo de R$ 290 mil, especialmente depois da elevação do IPI em 30 pontos. "Sem contrapartida para tecnologias avançadas e inovação o Brasil ficará afastado do conhecimento em evolução no mercado internacional, garante Reinaldo Muratori, diretor de engenharia e negócios da Mitsubishi Motors do Brasil, que em 2010 trouxe uma unidade do i-MiEV para rodar por aqui. Para ele, o projeto de lei 2092/2011, do deputado federal Irajá Abreu, do DEM, com estímulos aos elétricos, que está sendo avaliado pela Comissão de Minas e Energia da Câmara dos Deputados, ainda tem adiante longa trajetória até uma possível aprovação em diferentes instâncias. E no Executivo as dificuldades são igualmente desafiadoras e, ao que tudo indica, só serão superadas quando a presidente Dilma Roussef estiver sensibilizada pela causa do elétrico.

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