Novidades
O que vem por aí
Que ainda não viu um carro chinês circulando pelas ruas, certamente verá neste segundo semestre. Além dos modelos já comercializados, diversas novidades vão desembarcar no Brasil até o fim do ano. Destaque para o Chery QQ, quatro portas, com motor 1.1, previsto para vir em setembro. Apesar do visual de gosto duvidoso, o supercompacto tem como principal atributo o preço: R$ 19.900 para o modelo básico. Se for equipado com ar-condicionado, direção hidráulica, air bags, conjunto elétrico e freios ABS, o valor sobe para R$ 22 mil. Ou seja, bem mais em conta que os modelos equivalentes de marcas consagradas. Não há como negar que é tentador mesmo para aquele cliente mais conservador, que olha torto para modelos da China.
A CN Autos, responsável pela importação dos veículos utilitários Towner e Topic das marcas Hafei e Janbei, trará os modelos da Great Wall. Inicialmente o utilitário Hover, a picape média Wingle e o crossover CoolBear. De acordo com Humberto Gandolpho, diretor comercial da CN Autos, a ideia é começar as vendas antes mesmo da apresentação ao público, que será feita no Salão do Automóvel de São Paulo, em outubro. A feira paulista também será palco para outras novidades chinesas, como os compactos Mini Benni e Benni 1.0 e o hatch Alsvin 1.5, importados pela Chana. A JAC Motors mostrará o sedã médio J5, a minivan J6 e o modelo compacto J3, nas versões hatch e sedã.
Inspiração
Clones de modelos famosos
A China sempre se destacou como o país das falsificações. Tênis, roupas, eletrônicos, brinquedos e CDs encabeçam a lista. Mas quem poderia imaginar que até automóveis seriam "copiados"! Pois alguns modelos que são vendidos no Brasil ou que virão em breve tiveram inspirações famosas.
O visual do Lifan 320 seguiu as linhas do Mini Cooper. Ou pelo menos tentou. A geração anterior do Toyota Corolla foi fonte para a concepção do F3, da marca BYD, outra que irá explorar o mercado nacional. O crossover Coolbear, da Great Wall, lembra o sul-coreano Kia Soul.
Tarcísio Rosenstein, gerente comercial da Effa Motors, em Curitiba, enxerga nesse tipo de imitação uma oportunidade para o consumidor que aprecia o design de modelos mais caros ter na garagam uma versão similar. "Quem gosta do Mini Cooper, por exemplo, mas não dispõe de R$ 84 mil para comprá-lo, pode levar o Lifan 320 por R$ 30 mil", diz o gerente. É claro que não tem a mesma potência de motor e requinte, mas estão lá air bag, ar-condicionado e ABS. "São quase R$ 18 mil em acessórios. O carro em si acaba saindo por R$ 12 mil".
O primeiro caso de "clones" veio à tona em 2003 quando a Chery apresentou o compacto QQ, uma cópia do Chevrolet Spark. A GM ingressou com um processo de plágio contra a fábrica chinesa, perdeu em primeira estância e desistiu da ação. A Chery também usou o design de dois concorrentes para criar o Tiggo: a frente veio do Honda CR-V e a traseira do Toyota RAV4.
Estrutura
Imagem negativa deve mudar
Tudo indica que a imagem de que carros chineses não são confiáveis e de que são reprovados em testes de colisão deverá desaparecer ao longo dos próximos anos. A indústria automotiva na China está evoluindo na melhoria dos produtos para atender aos exigentes mercados da Europa e dos Estados Unidos.
Fenômeno semelhante viveu o Japão na década de 1970 e a Coreia do Sul na de 1990. "Os chineses vão superar essa imagem com maior rapidez", crava Rosa Maria Aragão, gerente comercial da Chery Hong Kong, em Curitiba. Ao contrário da experiência asiática no passado, hoje a China é beneficiada pela globalização. Tem acesso fácil aos mais diferentes fornecedores e à tecnologia de ponta.
A associação com grandes fabricantes também está mudando o conceito do consumidor, afirma Rosa Aragão. A Geely, maior montadora privada da China, por exemplo, comprou da Ford a sueca Volvo. A Chery, maior empresa chinesa independente de automóveis, contratou os renomados estúdios italianos Pininfarina e Bertone para desenhar seus modelos e a empresa austríaca AVL para desenvolver seus motores. Já os carros da Effa Motors agora são produzidos pela Suzuki.
O empresário Sérgio Habib, ex-presidente da Citroën no Brasil, está trazendo a JAC Motors. A meta dele é audaciosa: emplacar 35 mil unidades em 2011 e pular para 50 mil em 2012, quando a rede de concessionários JAC Motors já terá expandido para 100 pontos de vendas em todo o país. Somando as marcas chinesas que já atuam no Brasil, o número de revendas passa de 150 lojas e deve chegar 300 até o fim de 2010.
Em 2007, os primeiros veículos chineses começavam a desembarcar em solo brasileiro. Traziam na bagagem a desconfiança do consumidor quanto à confiabilidade dos produtos, afinal de contas o país asiático sempre foi famoso por fabricar mercadorias falsificadas e de qualidade duvidosa. Talvez por isso, e também pela crise que tomou conta mundo nos dois anos seguintes, a tão falada invasão chinesa não passou de algumas poucas unidades de comerciais leves destinados ao transporte de mercadorias ou passageiros.
Este ano, porém, o cenário é outro. Impulsionadas pelo bom momento econômico, especialmente no setor automotivo, as marcas chinesas começaram a se espalhar pelo Brasil. Da pioneira Chana à recente Lifan, que estreia essa semana no Paraná, o número de empresas que atuam via importação já alcança uma dezena e outras tantas fincarão suas bandeiras no país nos próximos meses.
A artilharia chinesa agora também está voltada para os veículos de passeio. A Effa Motors, por exemplo, comercializa o M-100 (hatch compacto) e trouxe ainda a marca Lifan, com seus modelos 320 (hatch) e 620 (sedã). A Chery veio com o Tiggo (utilitário compacto), o Face (hatch) e o Cielo (hatch e sedã). Até o fim do ano, mais novidades serão lançadas.
A relação custo-benefício é a munição asiática para ganhar mercado. Por um preço bem mais acessível, é possível levar para casa um veículo equipado com vários itens de conforto e segurança.
Essa estratégia fisgou a servidora pública estadual Cristiane Pansolin Cardoso, 37 anos, de Curitiba. Ela queria trocar a sua minivan por um utilitário, porém os preços das opções pesquisadas oneravam o orçamento. Até que visitou o Salão do Automóvel de Curitiba, em novembro de 2009, e se deparou com o Tiggo. Fez o test drive e gostou do carro. "É um veículo confortável, econômico e oferece uma ampla lista de acessórios. Caiu como uma luva."
O jipinho traz direção hidráulica, CD player com MP3 e USB, ar-condicionado, travamento automático das portas e ajuste elétrico dos retrovisores, entre outros mimos. Há ainda duplo air bag e freios ABS (antitravamento) com EBD (controle de distribuição da força de frenagem), além de rodas de liga leve aro 16". O motor 2.0 de 16 válvulas, a gasolina, desenvolve 135 cavalos de potência.
Tudo por R$ R$ 51.900 (preço de tabela). Como comparativo, a versão 2.0 do novo Ecosport, líder no segmento e equivalente no nível de equipamentos, custa R$ 63.870. A vantagem do modelo da Ford é o bloco bicombustível e a maior potência (145 cv).
O custo-benefício também seduziu o estudante Daniel Rodrigues de Oliveira, 22 anos, da capital. Ele adquiriu um Chery Face. "Fiquei surpreso ao conhecer o carro na loja. Eu esperava menos", resume. A marca oferece três anos de garantia e assistência técnica 24 horas pelo mesmo período.
O modelo chinês segue o formato dos concorrentes VW Fox, Renault Sandero e Chevrolet Agile, ou seja, hatch com jeito de minivan. A única versão importada, com motor 1.3, de 84 cv a gasolina, vem completa: direção hidráulica, ar-condicionado, CD player com MP3, air bag duplo, freios ABS com EBD, travas e vidros elétricos e rodas de liga leve. O preço tabelado é de R$ 31.900, menos que os rivais, onde o recheio de itens só aparece de série (ou como opcionais) nas versões mais sofisticadas o que significa cerca de R$ 10 mil a mais comparado ao Face.
Popular
Como o trunfo chinês é o baixo custo, não poderia faltar a opção popular. Por enquanto, o modelo oferecido por aqui é o M-100 (R$ 23.480), tido como o mais barato do Brasil (valor de fábrica). O administrador de empresas curitibano João Guilherme Hapner, 44 anos, levou um para casa, financiando-o 100%. "Vou economizar quase R$ 12 mil em relação ao financiamento de um popular tradicional. Mesmo com a depreciação na revenda, ainda sairei no lucro", garante.
Ele trocou seu popular "pelado", de duas portas, pelo Effa com quatro portas, ar-condicionado, trava e vidros elétricos, CD player com MP3 e faróis de neblina a direção não é hidráulica, mas na nova linha vinda do Uruguai ela será elétrica. Hapner revela que ficou desconfiado do produto chinês antes de comprá-lo, porém o preço e os equipamentos influenciaram na decisão. "Já andei 15 mil quilômetros e só encostei na oficina para fazer as revisões obrigatórias", conta.
O administrador se diz satisfeito com o desempenho do propulsor 1.0, de 47 cv e 120 km/h de velocidade máxima. O carro, segundo o dono, faz 14 km com um litro de gasolina na cidade. "Já o coloquei na estrada também, em viagem para o litoral paranaense, e ele não fez feio na subida da serra. Com quatro ocupantes, chegou a 80 km/h na quarta marcha", diz.
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Serviço: Chery Hong Kong (41) 3072-5200. Effa Motors (41) 3051-4000.
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