| Foto: Albari Rosa/ gazeta do povo

Nova Cultura

Intervalo para a troca do veículo está cada vez menor

O consumidor brasileiro está mudando sua cultura na hora de trocar de carro. Segundo Sérgio Balbinot, gerente da Metrosul, concessionária Chevrolet em Curitiba, antes o proprietário demorava no mínimo 4 anos para efetuar a substituição do veículo. Hoje, este tempo caiu para dois anos, em média. "O cliente espera encerrar o financiamento para, logo em seguida, adquirir um novo carro", afirma.

E, por isso, o valor de revenda passou a ser um fator decisivo na escolha. "O consumidor deixar de comprar o modelo se percebe que irá perder muito dinheiro lá na frente", salienta. Balbinot lembra que hoje em dia prazos mais curtos de pagamento significam muitas vezes taxa zero ou juros subsidiados. "É possível desembolsar pouco dinheiro na troca do usado para o novo quando ocorre em intervalos menores", frisa.

O gerente reconhece que a depreciação em concessionária é um pouco maior do que o acerto com particular, mas lembra que na loja a venda é imediata, à vista e sem riscos. Ele reforça ainda que o dono não precisará perder tempo encontrando um comprador e nem ficar sujeito à responsabilidade civil que rege a transação entre particulares diante de um possível problema, seja no veículo ou na negociação.

CARREGANDO :)
CARREGANDO :)

No início deste ano o analista de sistema Antonio Carlos Wolf Junior, 41 anos, de Curitiba, decidiu trocar de carro. Consultou a tabela Fipe – um dos principais termômetros de preço médio do mercado – e viu que seu Fiat Stilo 2005 estava cotado a R$ 22,5 mil. Colocou o hatch à venda e recebeu várias propostas, mas nenhuma próxima ao valor Fipe. Acabou fechando negócio por R$ 18,5 mil ou 18% a menos do que pretendia, pois desejava entrar de férias de carro novo poucos dias depois.

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Para não perder dinheiro novamente, na hora da escolher qual modelo levaria para a garagem ele fez questão de acrescentar na compra o fator depreciação. Após rápida pesquisa, constatou que o Chevrolet Onix se enquadrava neste quesito e também na faixa dos R$ 40 mil que pretendia desembolsar. Financiou o compacto em 18 meses e em julho de 2015, quando pagar a parcela derradeira, fará uma nova troca por outro modelo, já sabendo que desta vez a desvalorização do seu carro não passará de 10%.

Para ser mais exato, Wolf Jr. deverá vender o seu Onix por um preço apenas 8,5% inferior ao que ele pagou quando tirou da concessionária, é claro, considerando o bom estado de conservação do veículo. Este foi o porcentual verificado pela Agência AutoInforme na 1ª edição do ‘Prêmio Maior Valor de Revenda’. No levantamento baseado em dados da tabela Molicar, outra ferramenta de consulta do varejo, o índice obtido pelo hatch da Chevrolet é o menor entre os 100 modelos mais vendidos no país. A pesquisa considerou os preços médios do mercado nacional (e não os de tabela da fábrica) para o zero km vendido no período de novembro de 2013 a novembro de 2014. Outros 15 veículos foram contemplados pelo prêmio em suas respectivas categorias.

Bem avaliado

Quem também terá o carro pouco desvalorizado quando passar adiante é o bancário Ayrton Pires Ribas Filho, 41 anos, também da capital. Há menos de três meses ele adquiriu um Ford EcoSport, que, segundo a AutoInforme, deprecia 11,1% nos primeiros doze meses após deixar a concessionária. O jipinho possui o maior valor de revenda entre os SUVs compactos. "Já tinha outro EcoSport, que foi bem avaliado pela concessionária. Então decidi trocar por um novo, que não era a minha ideia inicial. Mas as condições e o valor pago pelo meu usado foram fundamentais na escolha", diz o proprietário. O bancário fez um financiamento de 36 meses e quando terminar de pagá-lo fará a troca de carro. "Ele ainda estará na garantia e valorizado. Não perderei muito na negociação", salienta.

Estímulo

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De acordo com Joel Leite, idealizador do prêmio e diretor da Agência AutoInforme, a iniciativa tem como objetivo estimular montadoras e importadoras a valorizar seus próprios produtos. Ele ressalta que esse estudo vem sendo feito há mais de dez anos e este ano decidiu transformá-lo num prêmio. "Em vez de questionar por que um carro perde valor, deveríamos perguntar por que um carro mantém um valor de mercado tão alto e por tanto tempo", destaca.

Leite explica que a depreciação depende de vários fatores. "Do tamanho do carro, da marca, da rede de revendedores, do cuidado que a marca tem em relação ao pós-venda, ao segmento, a origem, ao fato de ter grande volume de venda e à sua aceitação no mercado", lista.

Motivos

O diretor da Molicar Vitor Meizikas Filho observa que no caso de veículos comerciais, picapes e utilitários esportivos a baixa depreciação é reflexo da robustez, qualidade e suporte da rede autorizada no pós venda e assistência técnica. Já nos modelos de entrada, minivans e monovolumes a menor depreciação está relacionada ao volume de vendas do zero. "Se existe a preferência é porque a relação custo x beneficio é o melhor, diminuindo assim a depreciação", justifica. "Para hatches e sedãs, o que garante o bom valor de revenda é a tecnologia embarcada e arrojo no desenho", conclui.

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