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A precariedade da Transamazônica instiga a travessia em veículos off-road.
Faraônica - Projetada no governo de Emílio Garrastazu Médici (1969 a 1974), a rodovia (BR 230) corta os estados do Piauí, Maranhão, Pará e Amazonas.
Asfalto - Inicialmente era para ser uma estrada pavimentada com 8 mil quilômetros de comprimento, porém não sofreu maiores modificações até 2007 quando iniciaram as obras de asfaltamento em diversos trechos.
Pontes precárias, atoleiros quilométricos e trechos de mata densa. Para piorar, calor e umidade intensos, insetos, jacarés, onças, cobras e aranhas. Se para muitos esse ambiente é o último lugar do mundo que gostariam de estar, para um grupo de curitibanos foi o cenário ideal e inesquecível durante 28 dias.
Trilheiros de carteirinha, o cirurgião-dentista Thiago Brusamolin (23 anos), a psicóloga Sandra Costa (44), o engenheiro Felipe Campelo (62), o médico Sérgio Pitaki (52), os empresários Marcelo Machado (28) e Verner Maia (29) e o estudante André Dufour (16) decidiram encarar a bordo de dois Troller e um Land Rover 110 a desafiadora Rodovia Transamazônica, terceira mais longa estrada do Brasil, com 2.300 quilômetros.
Para aumentar a adrenalina, principal combustível do off-road, o período escolhido foi entre dezembro e janeiro, justamente o auge das chuvas na região. Por não ser pavimentada, o trânsito na rodovia é quase impraticável nessa época do ano, o que significa transpor obstáculos e dificuldades encontrados em pouquíssimos lugares do mundo. "É uma estrada abandonada. Levamos três dias e duas noites para percorrer 680 quilômetros", relata Brusamolin.
Os aventureiros partiram de Curitiba no dia 20 de dezembro do ano passado. A "Expedição As Araucárias", como foi batizada, tinha pela frente cerca de 10 mil quilômetros entre ida e volta, cruzando oito estados. Como era esperado pelo grupo, a viagem foi marcada por alguns problemas mecânicos, como cabeçote fundido e quebra de suspensão devido aos inúmeros buracos. "Além de resolver o nosso problema, ajudamos muitos carros e caminhões atolados entre Mato Grosso e o Pará. Algumas pessoas estavam de três a quatro dias sem água e comida", conta Machado.
Se não bastasse os obstáculos naturais, os curitibanos tiveram que superar também a animosidade de algumas tribos indígenas no Amazonas e no Amapá. "Tivemos que fazer um desvio por causa de uma ponte derrubada por índios, passando por algumas reservas indígenas onde tínhamos que pagar pedágio a nativos não muito amigáveis", recorda Machado.
A precária condição da Transamazônica acabou encurtando a viagem de dois dos três carros da expedição. "O sistema de tração da roda dianteira ficou comprometido. E no barro, sem tração é impossível seguir em frente", diz Brusamolin, que ao lado de Machado, deu sequência à epopeia na selva. Outros cinco integrantes acabaram retornando de avião de Manaus.
Os "sobreviventes" puderam assim contemplar a beleza dos encontros das águas do Rio Negro com o Rio Solimões, que formam o Rio Amazonas. Passaram também oito dias acampados no carro em cima de uma balsa sob sol de 49 graus. "Fizemos muitos amigos e fomos recebidos em várias cidades pelos jipes clubes locais", ressalta Brusamolin. "Lá para o Norte o povo tem uma vida sem muitos recursos, sobrevivem apenas com menos do necessário, mas estão sempre dando risada", comenta Machado.
Depois dessas férias inesquecíveis, os participantes da "Expedição As Araucárias" já traçam planos para as próximas. "Algo como Venezuela e Caribe via Colômbia", planeja Brusamolin.
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