Paciência é uma das virtudes dos apaixonados por "hot rods" (carros antigos com mecânica moderna). São muitas as etapas que envolvem o processo de restauração, da recuperação da lataria, normalmente em estado deplorável, passando pela construção mecânica até chegar à pintura e o acabamento. Um modelo ao gosto do dono pode levar meses e às vezes anos para ficar pronto.
Há casos em que esse tempo beira ao exagero. O Ford Tudor 1931 do analista de sistemas curitibano, Bernardo Amaral Wolff Neto, o Benny, 41 anos, é um bom exemplo. Uma década se passou entre a aquisição da carcaça e a colocação do pára-choques frontal estilo "picareta", último item a ser instalado no carro. "O dono anterior, um amigo meu, comprou de um senhor que usava a carcaça como casinha do cachorro. Infelizmente, o cão acabou desapropriado", brinca o atual proprietário.
O Ford chegou a Benny totalmente depenado. "Não tinha peças dentro, vidros, painel, pára-lamas e grade. Nem o assoalho de madeira existia mais, corroído pelo tempo. Só havia sobrado a cabine, duas portas e um chassi pelado", relembra.
Tão longa "gestação" só a chegada das rodas importadas dos Estados Unidos demorou oito meses deu resultado: um legítimo hot rod com preparação de alto nível, mecânica caprichada e um visual envocado, que lhe rendeu o apelido de "Bad Jack" (em português, algo como "Sujeito Mau").
Os componentes mecânicos foram cedidos por um Camaro Type LT 1974, aliás o principal "doador" para a revitalização do Ford. Do Chevrolet esportivo vieram o diferencial autoblocante, que impede que as rodas patinem em esticadas mais longas, e os freios dianteiros a disco ventilados os traseiros a disco são do Omega. A caixa de câmbio automática de quatro marchas foi herdada de um outro Camaro.
O ronco do motor V8 também tem a melodia do Chevy 74. Trata-se de um small-block 350, de impressionantes 5.7 litros. "Os cabeçotes são do motor 327, que deixou a taxa de compressão mais alta (10,5:1)", destaca. Alimentado por dois carburadores Quadrijet de 500 cfms, o propulsor chega a desenvolver 400 cavalos de potência. Para completar a imponência do motor, que se destaca à frente do carro, dois coletores de escape se prolongam pelas laterais do veículo. "O modelo foi adaptado dos carros de corrida da década de 50", enfatiza.
Para ficar a cara de mau, o teto foi rebaixado cerca de 10 centímetros do original. A oficina Hot & Husty, do restaurador Sérgio Liebel, utilizou versões antigas da Ford para vestir o "Bad Jack". O colete e a grade dianteira são de um exemplar 1932, assim como os faróis e o pisca-alerta. Um modelo 1939 "emprestou" as lanternas traseiras, enquanto que detalhes como maçanetas, retrovisores vieram de um Ford 1931. A pintura bicolor mescla uma base laranja da cintura para baixo e um branco, que vai até o teto. Os pára-lamas traseiros foram alargados para receber as rodas aro 15".
Mas se por fora o Tudor faz jus ao apelido, por dentro a agressividade dá lugar ao luxo. O acabamento das portas e do teto é na cor creme com detalhes em alto relevo no desenho de flames (chamas). O painel veio de um Ford 1932 e recebeu um sobre painel de aço escovado com instrumentos medidores. O banco foi feito sob medida para a carro, sendo inteiriço com divisão nos encostos. O volante é um exemplar Billet Specialties de três raios em alumínio polido e a alavanca de câmbio tem o formato de pistão. A chave da ignição e o botão de partida ficam na base do console, bem como os acionadores do vidro elétrico.
O Bad Jack não traz aparelho de som, apenas entrada para iPod e alto-falantes. "Nem precisa. Para mim, a melhor música é aquela que vem do motor V8", orgulha-se Benny.
Serviço: Os donos de hot rod se reúnem as quintas-feiras, das 20h as 23h, no estacionamento do Tribunal de Contas, no Centro Cívico. Mais informações no site (www.curitibaroadsters.com.br).
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