O Citroën C4 Cactus, lançado no Brasil em outubro do ano passado, representa muito mais que um novo modelo: a marca francesa pretende fazer dele um divisor de águas para restaurar sua imagem meio cambaleante no país. No ano passado, por exemplo, enquanto a produção de automóveis no Brasil cresceu 13%, a Citroën caiu 15% em relação a 2017. Quem aposta todas suas fichas no Cactus são duas executivas da empresa: Linda Jackson, CEO mundial da marca e Ana Theresa Borsari, diretora geral da PSA (holding Peugeot e Citroën) no Brasil.
Linda é inglesa de Coventry, tem 60 anos, entrou para o setor em 1977 na Jaguar e depois na MG Rover. Mudou-se para Paris em 1998 para assumir a Rover na França. Em 1998 assumiu a diretoria financeira da Citroën francesa, mas voltou para seu país em 2005 para chefiar a subsidiaria inglesa da marca. Em 2014 foi chamada de volta à França para se tornar a primeira mulher no mundo como CEO de uma multinacional do setor. E foi considerada, logo depois, a mais importante executiva feminina na indústria automobilística mundial.
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Ana Theresa é paulista, tem 48 anos e se formou como advogada pela USP. Entrou para a Peugeot do Brasil em 1995 onde assumiu vários postos até se mudar para a França, onde comandou a diretoria comercial do sul da Europa. Foi então para a Eslovênia assumir a diretoria geral da Peugeot no país até retornar para o Brasil em 2015 para comandar as operações locais da marca. No início do ano passado tornou-se diretora geral da PSA, responsável pelas marcas Peugeot e Citroën no Brasil.
Companhia faz 100 anos neste ano
A Citroën sempre se destacou pela ousadia mecânica e de design. Assombrou o mundo em 1934 com o primeiro automóvel produzindo em série com tração dianteira, o “11 Legere”. Seu sucessor foi o arrojado DS lançado em 1955, com suspensão hidropneumática. A DS virou recentemente a marca de luxo da PSA.
A Citroën torna-se uma marca centenária em junho deste ano, registrando a produção acumulada de 50 milhões de unidades no mundo. Ultrapassou em 2017 a marca de um milhão de carros produzidos mas quer atingir a 1,6 milhão em 2020.
A versão brasileira é a segunda geração do Cactus e tem algumas diferenças em relação ao francês, entre elas alguns recursos de design e mecânicos para torná-lo mais um SUV que um hatchback. Deu certo: em seus primeiros três meses (outubro a dezembro de 2018), o Cactus vendeu mais que a soma dos outros três modelos da Citroën no Brasil (C3, AirCross e C4 Lounge).
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Ana Theresa, numa entrevista coletiva juntamente com sua “chefe” Linda Jackson em outubro do ano passado, revelou conhecer muito bem os problemas da Citroën no Brasil. Sabe que as quedas nas vendas superiores às do mercado (de 72 mil em 2012 para 18 mil em 2017) foram provocadas principalmente pela falta de investimentos em novos modelos, na deficiência da rede de concessionários e assistência técnica. Só no ano passado, o empresário Sergio Habib (importador da marca na década de 90), ex-presidente da subsidiária brasileira, fechou suas últimas 12 lojas, alegando ser altamente deficitário mantê-las sem uma participação mínima da marca no mercado.
Mas a diretora da PSA no Brasil está dedicada a um plano de recuperação que já trouxe os primeiros resultados, com a abertura de novas concessionárias, planos de conquistar clientes e fidelização à marca. Cabe ao Cactus ser o porta-bandeira destes novos tempos da Citroën no Brasil. Ana Theresa e Linda são discretas mas não escondem seu otimismo em relação ao sucesso de seus planos para recuperar a marca no nosso mercado. O segredo para o pulo final do gato de sua espinhosa missão tem nome: Cactus…
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