A etapa de Santiago (Chile) foi disputada num circuito motando no principal parque da cidade.| Foto: Daniel J. Edelman / Divulgação Nissan

A Fórmula 1 sempre foi um laboratório para tecnologias que saíram das pistas e chegaram às ruas. Exemplos do motor em alumínio (mais resistente), lubrificantes eficientes que prolongam a vida do propulsor, troca de marchas por alavancas (borboletas) atrás do volante, recursos aerodinâmicos, câmbio automatizado e controle de tração (evita das rodas girarem em falsos).

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Como a mobilidade elétrica virou palavra de ordem no mercado automotivo nos últimos anos, essa contribuição da principal categoria do automobilismo mundial tende a ficar cada vez menor. 

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Mas uma nova modalidade começa a ocupar esse espaço, conectada à substituição de motores a combustão por energia limpa: a Fórmula E

Trata-se de uma competição que envolve monopostos elétricos e também sob a chancela da FIA (Federação Internacional de Automobilismo), assim como a F-1

Criada em 2014, vem atraindo montadoras dispostas a usar a modalidade como vitrine para investimentos não só na propulsão alimentada por baterias como em soluções que estão transformando a maneira como os carros são conduzidos e alimentados. 

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A equipa da Nissan estreou nesta temporada na Fórmula E. 
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A Nissan, líder mundial na produção e comercialização de veículos elétricos, é a mais recente marca a sentar no cockpit da F-E. Nesta quarta temporada (2017/ 18), a empresa japonesa se juntou a Audi, BMW, Jaguar, DS (ligada ao grupo PSA Peugeot-Citroën) e Mahindra. Na próxima temporada, será a vez de Mercedes-Benz e Porsche

A estratégia é usar a categoria para impulsionar o que se está fazendo com os veículos elétricos fora das pistas. Primeiro levamos a expertise que temos na rua para dentro da modalidade. E em breve o caminho será inverso, usando o conhecimento das pistas para evoluir os carros do cidadão comum.

Juan Manuel Hoyos, diretor de marketing da Nissan para a América Latina, durante a 3.ª etapa da F-E, que ocorreu no fim de janeiro em Santiago, no Chile. 

A sinergia entre pista e rua já vem ocorrendo, como alguns módulos da bateria da F-E e os pneus (18 polegadas) emprestados dos automóveis.

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Circuitos mais próximos do público 

Não à toa que as provas acontecem exclusivamente em circuitos de rua ou parques, ambientes dos carros elétricos, o que gera uma proximidade maior com o consumidor, em vez de ocorrer em pistas muitas vezes situadas a quilômetros de distância da cidade. 

O calendário é formado por regiões onde os veículos movidos a energia limpa se inserem na condução urbana. Podemos correr nas mesmas vias em que, por exemplo, o Nissan Leaf pode ser conduzido diariamente.

Michael Carcamo, diretor da Nissan Global Motorsport. 

O Brasil ganhará uma etapa da F-E nos próximos anos, com estudos de traçados de rua em São Paulo ou Belo Horizonte. 

Para o piloto brasileiro Lucas Di Grassi, que corre pela equipe Audi, a presença de fabricantes tradicionais na F-E significa a busca por entender melhor o funcionamento da tecnologia elétrica, uma vez que já dominam o motor a combustão e não há muito mais o que se fazer hoje em dia.

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O piloto brasileiro Lucas Di Grassi corre pela equipe da Audi. 

“Não faz mais sentido investir em esporte a motor para desenvolver carro a combustão, que daqui 10, 15 anos não serão mais vendidos”, afirmou Di Grassi, fazendo referência a países como Alemanha, França e Reino Unido que já anunciaram ou sinalizaram a proibição da presença nas ruas de motores a diesel a partir das próximas décadas. 

Na visão do piloto, o que interessa para as montadoras agora é entender quais são as dificuldades e as facilidades dos componentes e como o motor elétrico e uma bateria se comportam em regimes mais extremos, como o de corrida, buscando soluções para melhorá-los. 

A Fórmula E é o melhor lugar para uma fabricante de veículos estar com a crescente eletrificação automotiva. É por isso que temos mais montadoras aqui do que a soma das outras categorias, como Fórmula 1, IndyCar e Nascar.

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Lucas Di Grassi, campeão da segunda temporada (2015/ 16) da Fórmula E. 

Divulgação do elétrico Leaf 

A Nissan decidiu entrar na competição de olho nessa transferência de tecnologias das pistas para as ruas - e vice-versa - e também para divulgar seus produtos eletrificados, especialmente o Leaf, um dos carros com emissão zero de poluentes mais vendido no mundo - já foram mais 380 mil unidades emplacadas desde o lançamento em 2010. 

O Leaf é o garato-propaganda da campanha de eletrificação que a Nissan está realizando na América Latina. 

O modelo começa a ser vendido neste ano em oito países da América Latina, começando pelo Brasil (já em pré-venda, por R$ 178,4 mil) e Chile e depois entrando na Argentina, Uruguai, Colômbia, Equador, Costa Rica e Porto Rico. 

Além do Leaf, o mercado brasileiro recebe em 2019 pelo menos outras quatro novidades: Renault Zoe, Chevrolet Bolt, JAC IVE40 e VW e-Golf

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 Como é a Fórmula E 

A temporada inicia no fim de um ano e termina na metade do seguinte, como ocorre com o futebol na Europa. As pistas são sempre planas, com retas curtas e curvas fechadas. 

A categoria é formada por monospostos com chassi e bateria iguais para todas as equipes. A diferença está apenas na parte detrás do veículo, composto por motor e suspensão traseira. 

Ela estreou nesta temporada a segunda geração de carros, com novas baterias que permitam a aceleração de 0 a 100 km/h em apenas 2,8 segundos e velocidade máxima de 280 km/h. 

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O segredo para chegar à frente é saber aliar velocidade com eficiência energética, dosando o consumo da bateria para não ficar parado pelo caminho. Por isso, o motor elétrico pesa, em média, apenas 20 quilos e o carro é construído por materiais superleves. 

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“É preciso ter um carro rápido, com a maior velocidade possível, mas também economizar bateria para chegar ao final da prova. Isso não é nada fácil", destacou Carcamo, da Nissan Motorsports

Michael Carcamo, diretor da Nissan Global Motorsport, ao lado do piloto suíço da Nissan, Sebastian Buemi. 

A nova bateria pode atingir até 250 kW, o que garante cerca de 340 cv de potência. Ela possibilita aos pilotos usar um único carro durante a prova inteira, que dura 45 minutos. 

Di Grassi explicou que a conversão da energia é o diferencial de cada equipe. “Quem melhor souber fazer essa conversão, andará entre os primeiros. Para isso, são importantes itens como o inversor, que converte a corrente direta para a alternada”, detalhou. 

O piloto acredita que esse mecanismo mais eficiente de se converter energia chegará aos carros elétricos de rua no futuro próximo. 

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Outros pilotos conhecidos

Além de Di Grassi, a categoria conta com outros três brasileiros que já participaram da Fórmula 1: o ex-ferrarista Felipe Massa, que corre pela Venturi, e Nelsinho Piquet (ex-Renault), da equipe Jaguar, além de Felipe Nasr (ex-Sauber), que fará sua estreia na prova deste sábado (16), na Cidade do México, defendendo a equipe GEOX Dragon/ Penske. 

Felipe Massa, que estreou neste ano na F-E, em foto de diviulgação da 1.ª etapa na Arábia Saudita. 

A disputa será às 20h (horário de Brasília), com transmissão da Fox Sports a partir das 19h30. 

Antes do México, a F-E correu no Chile (Santiago), Arábia Saudita (Al-Diriyah) e Marrocos (Marraquexe). Ainda receberão a modalidade países como Itália (Roma), França (Paris), Alemanha (Berlin) e Estados Unidos (Nova York). 

Outros nomes conhecidos do público do automobilismo são o líder do campeonato, Sam Bird, que foi piloto de testes da Mercedes na F1, o segundo colocado, Jérôme D’Ambrosio, que dirigiu pela antiga equipe Marussia em 2011, Jean-Eric Vergne (Toro Rosso de 2012 a 2014), Sebastien Buemi (Toro Rosso, de 2009 a 2011) e Stoffel Vandoorne (companheiro de Fernando Alonso na McLaren até a temporada passada). 

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 *O jornalista viajou a convite da Nissan do Brasil
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