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O Citroën DS5 (esq.) e o Peugeot 3008, ambos com motores HYbrid4, foram as “cobaias” utilizadas pelo grupo PSA para realizar os testes com o biodiesel brasileiro | Divulgação/PSA
O Citroën DS5 (esq.) e o Peugeot 3008, ambos com motores HYbrid4, foram as “cobaias” utilizadas pelo grupo PSA para realizar os testes com o biodiesel brasileiro| Foto: Divulgação/PSA
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Tecnologia

HYbrid4 surgiu em 2011

A tecnologia HYbrid4 é usada na Europa pela Peugeot desde do ano passado. Ela estreou no crossover 3008 e depois migrou para o sedã 508 e o Citroën DS5. O HYbrid4 associa um motor a diesel, localizado sob o capô dianteiro e responsável por tracionar as rodas da frente, a um propulsor elétrico, situado na parte traseira do veículo e que move as rodas de trás. O funcionamento pode ser realizado de forma conjunta ou separadamente.

O motor elétrico tem autonomia de quatro quilômetros, a uma velocidade de até 60 km/h, mas o acúmulo da potência elétrica garante, em média, que pelo menos 30% das distâncias sejam feitas no modo elétrico.

Em trecho urbanos e mais congestionados, ele chega a responder por 60% da quilometragem. O seu carregamento é feito quando o condutor tira o pé do acelerador e durante as frenagens.

O sistema oferece a possibilidade de escolher entre quatro modos de condução (foto): Auto, que gerencia o funcionamento dos dois motores (elétrico e térmico), colocando um só em operação ou simultaneamente; o ZEV (Zero Emission Vehicle), que aciona apenas o propulsor elétrico durante a condução; o 4WD (tração nas quatro rodas); e a Sport, no qual os regimes atingidos pelo motor são mais elevados e as trocas de marchas, mais rápidas.

Apoio

2 mil euros é valor do subsídio oferecido pelo governo francês para quem adquire um carro híbrido diesel. Com isso, os modelos dotados desta tecnologia e que são cerca de 5 mil euros mais caros do que um com motor somente a diesel sairia apenas 3 mil euros a mais. O Citroën DS5, por exemplo, custa 44 mil euros (R$ 114 mil), enquanto o Peugeot 3008 é vendido por 37,6 mil euros (R$ 98 mil).

  • O propulsor elétrico fica localizado no porta-malas do carro

A PSA Peugeot Citroën deu mais um passo para diminuir o nível de poluição emitido pelos automóveis. O grupo apresentou esta semana, no Rio de Janeiro, uma nova alternativa, que adiciona biodiesel brasileiro ao motor híbrido. É a primeira vez no mundo que um propulsor que combina energia elétrica e térmica (a combustão) recebe esse tipo de combustível.

Os modelos escolhidos para testar a novidade foram o Peugeot 3008 e o Citroën DS5, ambos equipados com os motores HYbrid4 a diesel e comercializados na Europa.

O resultado foi a queda de 99 para 75 gramas de CO2 por quilômetro rodado, com a adição do biodiesel B30 nacional à tecnologia híbrida. O B30 utiliza 30% de biodiesel, feito a partir de um processo que mistura cana-de-açucar e óleo vegetal (extraído da soja, mamona, palma, entre outros), e 70% de diesel comum.

Para se ter uma ideia, na Europa a legislação é rígida quanto à emissão de gases poluentes pelos veículos. O limite permitido atualmente é de 150 g de CO2/km; valor que cairá para 130 g de CO2/km a partir de 2015. Lá, os carros a diesel usam a proporção B5, mas passarão para B10 em breve.

O presidente para o Brasil e América Latina do grupo PSA, Carlos Gomes, destacou que os resultados fazem dos modelos exibidos no país os carros com menor nível de emissões de dióxido de carbono por quilômetro a rodar por aqui. "As emissões são 25% menores que a carros 1.0 abastecidos com etanol e 30% comparado a um modelo a diesel", observou o executivo.

E olha que exemplares fran­­ceses pesam o dobro do popular brasileiro e são muito mais potentes: geram 200 cv (163 cv do bloco a combustão e 37 cv do elétrico) con­tra apenas 70 cv do carro mil nacional.

Os modelos testados não passaram por nenhuma adaptação para receber o biocombustível. Segundo Franck Turkovics, gerente de Engenharia de Powertrain PSA Brasil, o desgaste do motor com biodiesel é semelhante ao com derivado de petróleo, inclusive com a mesma durabilidade. "Seria necessário pequenas mudanças, como a troca do filtro de combustível, por exemplo", pontuou.

Consumo

Além da menor emissão de gases poluentes, os testes mostraram que o biodiesel melhora também o consumo de combustível do veículo. Conforme dados oficiais, a média obtida no ciclo cidade-rodovia foi de 26,3 km/l. Bem melhor do que os 20 km/l do sistema híbrido a diesel somente. Como comparativo, o consumo do Peugeot 3008 vendido no Brasil, que é equipado com motor 1.6 turbo a gasolina, de 165 cv, não passa dos 13 km/l na média.

Embora tenha escolhido a Rio+20 para exibir os modelos no Brasil, a empresa garante que não há nenhuma conversação com o governo brasileiro para o uso da tecnologia por aqui, mesmo porque a venda e uso de carros de passeio a diesel são proibidos no país desde 1976.

"Não temos conversas com o governo. Nosso intenção é servir de ponto de apoio à Europa no desenvolvimento de biocombustíveis. Este é um projeto mundial e não especificamente brasileiro", afirmou Carlos Gomes.

ProjetoMeta é chegar ao B100

O Projeto Biodiesel Brasil teve início em 2003 como resultado da parceria entre a PSA Peugeot Citroën e o Ladetel (Laboratório de Desenvolvimento de Tecnologias Limpas), da Universidade de São Paulo. Está na terceira fase, onde os testes com biodiesel tem como base vegetal a cana-de- açucar e a palma. Nas etapas anteriores foram usadas também a soja, a mamona, o dendê, entre outros. As avaliações atuais foram reforçadas com a integração dos carros com tecnologia HYbrid4, que já equipa na Europa os modelos Peugeot 3008 e 508 e o Citroën DS5.

O projeto utiliza biocombustível 100% brasileiro. Ele é testado em uma proporção de 30% de biodiesel e 70% de diesel metropolitano e é chamado de B30. Atualmente, as principais ações de biodiesel no Brasil adotam uma mistura de 2% a 5% de biodiesel (B2 a B5). Em um próximo avanço da pesquisa, irá se trabalhar com 100% de biodiesel, sem mistura com diesel normal, o chamado B100.

"Enquanto uma petroleira demoraria anos para desenvolver um projeto semelhante, nós já temos a tecnologia pronta para ser utilizada", observou Fernanda Villas-Bôas, diretora de Comunicação da PSA Brasil.

O jornalista viajou a convite da PSA Brasil.

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