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2 mil euros é valor do subsídio oferecido pelo governo francês para quem adquire um carro híbrido diesel. Com isso, os modelos dotados desta tecnologia e que são cerca de 5 mil euros mais caros do que um com motor somente a diesel sairia apenas 3 mil euros a mais. O Citroën DS5, por exemplo, custa 44 mil euros (R$ 114 mil), enquanto o Peugeot 3008 é vendido por 37,6 mil euros (R$ 98 mil).
A PSA Peugeot Citroën deu mais um passo para diminuir o nível de poluição emitido pelos automóveis. O grupo apresentou esta semana, no Rio de Janeiro, uma nova alternativa, que adiciona biodiesel brasileiro ao motor híbrido. É a primeira vez no mundo que um propulsor que combina energia elétrica e térmica (a combustão) recebe esse tipo de combustível.
Os modelos escolhidos para testar a novidade foram o Peugeot 3008 e o Citroën DS5, ambos equipados com os motores HYbrid4 a diesel e comercializados na Europa.
O resultado foi a queda de 99 para 75 gramas de CO2 por quilômetro rodado, com a adição do biodiesel B30 nacional à tecnologia híbrida. O B30 utiliza 30% de biodiesel, feito a partir de um processo que mistura cana-de-açucar e óleo vegetal (extraído da soja, mamona, palma, entre outros), e 70% de diesel comum.
Para se ter uma ideia, na Europa a legislação é rígida quanto à emissão de gases poluentes pelos veículos. O limite permitido atualmente é de 150 g de CO2/km; valor que cairá para 130 g de CO2/km a partir de 2015. Lá, os carros a diesel usam a proporção B5, mas passarão para B10 em breve.
O presidente para o Brasil e América Latina do grupo PSA, Carlos Gomes, destacou que os resultados fazem dos modelos exibidos no país os carros com menor nível de emissões de dióxido de carbono por quilômetro a rodar por aqui. "As emissões são 25% menores que a carros 1.0 abastecidos com etanol e 30% comparado a um modelo a diesel", observou o executivo.
E olha que exemplares franceses pesam o dobro do popular brasileiro e são muito mais potentes: geram 200 cv (163 cv do bloco a combustão e 37 cv do elétrico) contra apenas 70 cv do carro mil nacional.
Os modelos testados não passaram por nenhuma adaptação para receber o biocombustível. Segundo Franck Turkovics, gerente de Engenharia de Powertrain PSA Brasil, o desgaste do motor com biodiesel é semelhante ao com derivado de petróleo, inclusive com a mesma durabilidade. "Seria necessário pequenas mudanças, como a troca do filtro de combustível, por exemplo", pontuou.
Consumo
Além da menor emissão de gases poluentes, os testes mostraram que o biodiesel melhora também o consumo de combustível do veículo. Conforme dados oficiais, a média obtida no ciclo cidade-rodovia foi de 26,3 km/l. Bem melhor do que os 20 km/l do sistema híbrido a diesel somente. Como comparativo, o consumo do Peugeot 3008 vendido no Brasil, que é equipado com motor 1.6 turbo a gasolina, de 165 cv, não passa dos 13 km/l na média.
Embora tenha escolhido a Rio+20 para exibir os modelos no Brasil, a empresa garante que não há nenhuma conversação com o governo brasileiro para o uso da tecnologia por aqui, mesmo porque a venda e uso de carros de passeio a diesel são proibidos no país desde 1976.
"Não temos conversas com o governo. Nosso intenção é servir de ponto de apoio à Europa no desenvolvimento de biocombustíveis. Este é um projeto mundial e não especificamente brasileiro", afirmou Carlos Gomes.
ProjetoMeta é chegar ao B100
O Projeto Biodiesel Brasil teve início em 2003 como resultado da parceria entre a PSA Peugeot Citroën e o Ladetel (Laboratório de Desenvolvimento de Tecnologias Limpas), da Universidade de São Paulo. Está na terceira fase, onde os testes com biodiesel tem como base vegetal a cana-de- açucar e a palma. Nas etapas anteriores foram usadas também a soja, a mamona, o dendê, entre outros. As avaliações atuais foram reforçadas com a integração dos carros com tecnologia HYbrid4, que já equipa na Europa os modelos Peugeot 3008 e 508 e o Citroën DS5.
O projeto utiliza biocombustível 100% brasileiro. Ele é testado em uma proporção de 30% de biodiesel e 70% de diesel metropolitano e é chamado de B30. Atualmente, as principais ações de biodiesel no Brasil adotam uma mistura de 2% a 5% de biodiesel (B2 a B5). Em um próximo avanço da pesquisa, irá se trabalhar com 100% de biodiesel, sem mistura com diesel normal, o chamado B100.
"Enquanto uma petroleira demoraria anos para desenvolver um projeto semelhante, nós já temos a tecnologia pronta para ser utilizada", observou Fernanda Villas-Bôas, diretora de Comunicação da PSA Brasil.
O jornalista viajou a convite da PSA Brasil.
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