A blindagem é uma opção aos motoristas das grandes cidades que buscam evitar tentativas de roubo a mão armada e outras situações de risco. Com o aumento da sensação de insegurança no país, o procedimento apresentou um salto de 21,13%, indo de 8.384 modelos em 2012 para 10.156 em 2013 em todo o Brasil, conforme o último levantamento da Associação Brasileira de Blindagem (Abrablin).
Fique atento
As empresas que realizam a blindagem ou mesmo alugam carros com esse tipo de proteção devem ter o Certificado de Registro no Exército e autorização das Forças Armadas. De acordo com a Abrablin, ao fim do serviço as empresas são obrigadas ainda a entregar um Termo de Responsabilidade ao consumidor. Além disso, os proprietários precisam informar a realização do procedimento ao Detran.
Embora o Paraná não figure entre os estados campeões neste processo, Curitiba conta com uma empresa especializada neste segmento: a LAF Blindadora, que fabrica por mês uma média de 20 veículos com proteção balística. De acordo com o diretor de marketing, Fernando Okamoto, 80% dos clientes se concentram na capital, enquanto os demais vêm do interior do estado e de Santa Catarina.
O perfil é formado por pessoas de alta renda, mas também por empresas que blindam os carros para o transporte de presidentes e diretores. Segundo Okamoto, em casos de crimes de maior repercussão, a busca pelo serviço costuma aumentar. Em sua maioria, os veículos que passam pelo processo são os SUVs de luxo e sedãs médios e grandes. Os utilitários mais protegidos são o Land Rover Range Rover Evoque e o Jeep Grand Cherokee. Entre os sedãs, as marcas com maior demanda são Audi, BMW e Mercedes-Benz. Mas isso não significa que carros abaixo dos R$ 100 mil, ou até mais compactos, não passem pelo processo.
“Hoje, qualquer carro pode ser blindado, desde o Evoque até a VW Saveiro, o Ford New Fiesta e o Hyundai HB20. A segurança não tem preço e muitos estão dispostos a pagar pela blindagem o mesmo valor gasto com o veículo. Tudo para ter mais tranquilidade”, afirma Okamoto. Os únicos carros que não podem ser blindados são os conversíveis e os com a carroceria a base de fibra, a exemplo do Troller T4.
Diferentes níveis
Aos civis, há quatro níveis permitidos de blindagem: o I, capaz de aguentar armas com calibres 32 e 38, mas vulnerável a armas mais potentes; o II e o II-A, que aguentam desde disparos de pistolas de 9 milímetros até a Magnum 357; e o III-A, que é o com a maior capacidade disponível aos clientes – suporta tiros da Magnum 44 e de submetralhadoras. O nível III pode ser instalado apenas com autorização das Forças Armadas, enquanto o IV é usado somente pelas Forças Armadas e por chefes de estado.
A LAF Blindadora oferece aos clientes somente a opção de nível III-A, principalmente devido à demanda do mercado – no Brasil, ela corresponde a 95% das blindagens. O preço gira em torno dos R$ 58 mil.
Este processo leva cerca de 30 dias e exige que o veículo seja completamente desmontado. De original, sobra só o trem de força. A carcaça é reforçada e os vidros são trocados para aguentar os disparos. “O nosso trabalho é exatamente como de uma montadora. Os carros vêm para nós com várias tecnologias, que são mantidas para que os clientes possam usá-las normalmente. Não há alteração nas características do veículo”, garante Okamoto.
Saiba como é feita a proteção dos carros
A blindagem de um veículo varia conforme a nível exigido pelo consumidor. No caso do III-A, o mais elevado e com maior procura no mercado, é necessário desmontar praticamente todo o veículo para a instalação de materiais com proteção balística. Isso aumenta o peso em 180 kg, de acordo com o diretor de marketing da LAF Blindadora, Fernando Okamoto. Só os vidros, que possuem várias camadas para bloquear os projéteis, correspondem a mais da metade do peso.
A lataria é retirada e recebe nas portas, teto, colunas, porta-malas e dianteira um revestimento de aramida, um tecido com fibras leves e de alta resistência para aguentar o impacto, e de aço. As rodas também ganham um reforço para que os pneus possam rodar alguns quilômetros mesmo depois de murchos. Por fim, o carro é submetido a testes de túnel de água e de rodagem para garantir a qualidade do serviço.
Alterações
Devido ao processo, porém, os tetos solares ficam inutilizáveis. Com o aumento do peso, o modelo apresenta também elevação no consumo e perda de torque e de potência. Okamoto declara que todas as tecnologias embarcadas, como bancos elétricos com memória, têm o funcionamento normal mesmo depois da blindagem. Em casos de colisões, a recomendação é que a manutenção seja feita pelas blindadoras para não alterar as características do veículo.
A LAF afirma que oferece cinco anos de garantia para as partes adicionadas no veículo e duas revisões gratuitas depois dos 5 mil km e dos 10 mil km rodados ou duas em um ano.
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