O interesse dos jovens por carros tem se mostrado menor. As fabricantes, assim como a mídia especializada, estudam há algum tempo maneiras de atrair os possíveis motoristas.
Dados do Departamento Nacional de Trânsito (Denatran) comprovam a tendência observada. De acordo com o órgão, nos últimos três anos, a emissão da Carteira Nacional de Habilitação (CNH) para jovens de 18 a 21 anos caiu 20,61%. Foram 939 mil documentos em 2017, ante 1,2 milhão em 2014.
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De acordo com a gerente de Estratégias de Pesquisa do Instituto Mobih, Viviane Macedo, alguns aspectos importantes estão relacionados a essa queda.
O fator econômico é um deles: “a crise econômica vem, desde 2016, impactando na vida de todos”, justifica a especialista - o Mobih foi criado para garantir o engajamento da sociedade com o tema da mobilidade humana
No entanto há o aspecto social, tão relevante quanto:
Está acontecendo uma mudança importante no comportamento das pessoas, que buscam mais qualidade de vida e que não querem mais passar tanto tempo em congestionamentos. O fator tempo, hoje, é fundamental. Precisamos otimizá-lo, já que ele está mais escasso.
Por isso, há um número considerável de aspirantes a condutores procurando outras alternativas para se locomover que não sejam a CNH para jovens.
“Os jovens já não veem mais a CNH como uma forma de independência, como acontecia em décadas atrás. Os demais meios possibilitam que eles coloquem outras prioridades acima da compra de um carro ou da obtenção da carteira. A paixão pelo carro vem diminuindo com o tempo”, analisa Viviane.
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Custo alto desanima ter um carro
O mineiro Gustavo Assis é designer, ciclista e faz parte do índice: “No começo, não tirei a habilitação por motivos financeiros. Minha família não quis pagar e eu não animei desembolsar tanto dinheiro. Aí o tempo foi passando e perdi a vontade de dirigir. Faço a maioria das coisas a pé ou de bike. Quando não, ou tenho carona de amigos ou pego um ônibus ou uso aplicativos.”
Para o jovem, a gasolina em alta, trânsito, estacionamentos, IPVA e seguro são alguns fatores que o desanimam a ter um carro. “Pretendo tirar CNH, mas não pretendo comprar um automóvel. A carteira seria para alguma ocasião específica ou para alugar um carro em alguma viagem”, argumenta.
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São Paulo, a capital mundial do Uber
O maior centro urbano do Brasil, São Paulo, é a cidade que mais usa Uber no mundo. Diariamente cerca de 150 mil motoristas atendem passageiros na capital paulista, segundo estudo do Datafolha.
Com as facilidades proporcionadas pela tecnologia, é comum que as pessoas optem por aplicativos de transporte para locomoções: ida e volta ao trabalho, ida a bares, economia com estacionamento.
O Sindicato dos Proprietários de Centros de Formação de Condutores do Estado de Minas Gerais confirmou que desde 2015 percebe uma queda no número de interessados em iniciar o processo para tirar a CNH para jovens.
“O momento econômico reduzindo o poder de compra das famílias, associado ao alto custo na compra de um automóvel, tem motivado essas diminuições, soma se a isto, ainda, outros fatores como aumento de oferta do transporte por aplicativos e o mito que tirar ‘habilitação é muito caro'”, justifica Brian Gonçalves, gerente administrativo do sindicato.
Motos e bicicletas como alternativas
A entidade mineira destaca ainda que nos últimos dois anos o número de pessoas interessadas em se habilitar na categoria A (moto) não caiu. Em 2017, o número aumentou em 1%.
“Neste ano a perspectiva de aumento se mantém. Algumas razões, como o custo de uma moto, a facilidade de deslocamento e estacionamento, associado ao consumo de combustível reduzido tem motivado este aumento”, afirma Gonçalves.
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Procurada pela reportagem, a Federação Nacional das Autoescolas e Centro de Formação de Condutores (Feneauto) não comentou a questão da diminuição da emissão de CNH para jovens.
Uma pesquisa recente do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap) aponta que ciclistas paulistas economizam até R$ 451 por mês e têm 90 minutos livres a mais por semana.
Aqueles que consideram abrir mão da CNH para jovens são menos estressados e geram menos impacto ao meio ambiente, já que reduzem a emissão de CO2.
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