Nova medida
Governo estuda aumento gradual
Caso a decisão do governo federal prevaleça, o cronograma inicial do Conselho Nacional de Trânsito (Contran) determinado em resolução há quatro anos será derrubado. O porcentual dos carros novos que deveriam ter esses dispositivos foi aumentando aos poucos, chegando a 60% em janeiro deste ano, e seria de 100% em 2014. Mas o ministro sugere que continue o aumento gradual.
Assim, as aposentadorias de VW Kombi e Gol G4, além do Fiat Mille, poderiam ser canaceladas. Por enquanto, estes modelos terão a produção interrompida caso a exigência começasse em 2014.
Segundo o sindicato dos metalúrgicos do ABC, o fim da Kombi e do Gol G4, por exemplo, impactaria no emprego de 4 mil funcionários da unidade da VW em São Bernardo do Campo (SP). "Várias empresas de autopeças já demitiriam a partir de dezembro por conta da Kombi", disse o secretário-geral do sindicato, Wagner Santana, ao portal G1. Conforme ele, mais de 200 empresas fornecem peças só para a Kombi, que quase não usa itens importados.
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse que há uma preocupação não só com emprego mas também em relação aos preços dos automóveis, que, na visão dele, deverão subir. "Elevariam de R$ 1 mil a R$ 1,5 mil com a instalação dos equipamentos", ressaltou o ministro. Uma reunião entre governo e montadoras para discutir o assunto está agendada para esta terça-feira.
A obrigatoriedade de freios com ABS e airbags nos carros novos vendidos no Brasil, prevista para vigir a partir de 1º de janeiro de 2014, pode ficar para depois. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, informou esta semana que o governo federal estuda permitir que 20% dos carros nacionais saiam das montadoras sem os dispositivos no ano que vem.
A indefinição do governo está causando desconforto, principalmente entre aqueles que adquiriram uma das 1.200 unidades da Kombi Last Edition, lançada em setembro pela Volkswagen para marcar o fim da fabricação, após 56 anos. O projeto é incompatível com as novas exigências.
Em Curitiba, as três maiores concessionárias da marca Corujão, Copava e Servopa receberam 18 unidades da série especial. Ao todo, nove foram vendidas. O veículo custa R$ 85 mil já a versão "comum" Standard 1.4 Flex sai por R$ 50.030.
Fã do carro, o advogado Henrique Gaede, de Curitiba, afirma que a VW estará desrespeitando o consumidor caso volte a produzir a van. Ele buscará ressarcimento. "Não só pelo dano material, mas por toda a expectativa, da espera a escolha da placa", diz. Na opinião dele, a Volkswagen corre um risco de arranhar a credibilidade da marca.
A fabricante, por sua vez, não deixa claro se a possível mudança de regras pode dar mais tempo de vida à Kombi. "A Volkswagen do Brasil atende plenamente à legislação vigente. A empresa seguirá toda e qualquer nova regra a ser aplicada para o setor automotivo", afirma a montadora em comunicado oficial. Uma situação semelhante aconteceu 1993, com o Fusca. O carro, que deixou de ser produzido no país em 1986, teve a fabricação retomada a pedido do então presidente do Brasil Itamar Franco.
Antônio Carlos Altheim, diretor Comercial do Grupo Corujão, acha que o consumidor não corre esse risco. "Independentemente da decisão do governo, a fabricação da Kombi será descontinuada, pelo menos essa é a informação que eu tenho", garante.
Segurança
"Brasil precisa de carros mais seguros agora, não depois"
A ausência do airbag tem levado alguns modelos populares vendidos no Brasil a ganharem notas baixas nas avaliações de segurança realizadas pelo Latin NCAP, braço latino-americano do Global NCAP, responsável por testes de colisão pelo mundo. O Chevrolet Agile e o Renault Clio, por exemplo, ambos testados sem a bolsa inflável, obtiveram zero de cinco estrelas possíveis no quesito proteção de adultos.
O Latin NCAP lamenta que o governo estude adiar a obrigatoriedade de ABS e airbag a todos os carros novos. "O Brasil precisa de carros mais seguros agora, não depois. O governo deve introduzir regulamentações sólidas e transparentes. Os fabricantes de automóveis têm de oferecer aos motoristas a mesma proteção que proporcionam a seus clientes em outras partes do mundo", afirma a organização em nota.
A entidade diz que os últimos testes de colisão demonstraram que os fabricantes podem construir veículos cinco estrelas em relação à segurança, como foi o caso do Ford EcoSport.
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