Em um escondido depósito no centro de Florença, dois entusiastas se empenham em deixar como novas antigas Kombis, o mítico utilitário da Volkswagen, a maioria delas vinda do Brasil.
Alguns desses veículos têm mais de 50 anos, porém, depois de serem desmontados, reparados e, às vezes, adaptados para as tendências atuais, podem resistir a outro meio século, assegura Giacomo Nucci, mecânico e especialista em renovar esses veículos, dando-lhes um toque vintage.
“Com uma boa manutenção, as Kombis são indestrutíveis, ainda que tenhamos que refazer uma boa parte da mecânica, mantendo os motores de origem”, explica o artista, perto de um ‘pulmino’ (micro-ônibus em italiano), que parece recém-saído da fábrica, apesar de já ter uns bons anos.
Nucci se dedica a operar essas máquinas há sete anos, eternos símbolos de liberdade, para colecionadores e também para empresas de publicidade.
Empresas de moda “nos pedem Kombis sob medida” para fotos de catálogos, explica o mecânico, assegurando que há poucas empresas que ofereçam esse tipo de serviço.
Foi Mauro Altamore, um italiano que viveu por muito tempo no Brasil, que idealizou este “hospital” para antigas Kombis, cujos clientes vêm de toda a Itália, e também da Europa.
Confessa que se interessou quando pequeno por essas caminhonetes com motor traseiro, quando colecionava miniaturas do também famoso Fusca da Volkswagen. Esse carro lendário dá uma parte de seus elementos mecânicos (motor e eixo) para as Kombis.
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Geração hippie
“Jurei a mim mesmo que compraria uma aos 18 anos, mas meu pai me proibiu dizendo que consumiam (gasolina) demais”, relembra.
Desde então, perdi as contas de quantas dessas comprei antes de renová-las.
Tudo começou há 10 anos: “Fui para o Brasil por causa do meu trabalho” de importação e exportação, explica Mauro Altamore, e ele se deu conta da quantidade de Kombis que circulavam no país. “Pensei, então, que seria legal importar algumas” para a Itália.
“Entre meus clientes, a primeira empresa foi uma famosa companhia de biscoitos”, conta.
Mais tarde, continuou durante um tempo importando roupas do Brasil, mas acabou especializando-se nas Kombis, restaurando-as com a ajuda de Giacomo “para garantir a qualidade para meus clientes”.
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Esses automóveis, alguns totalmente transformados segundo os gostos dos clientes, têm entre 40 e 50 anos. Depois de renovadas, podem ser vendidas entre 10 mil e 50 mil euros (de R$ 36 mil a R$ 180 mil) , segundo Altamore.
As Kombis, que foram fabricadas aos milhões, continuam sendo muito procuradas, especialmente as que foram transformadas em trailer. Um luxuoso modelo dos anos 1950, chamado ‘23 janelas’, alcançou os 200 mil euros (R$ 717 mil) em um leilão no final de 2014.
As de modelo T2 foram fabricadas na Alemanha até 1979 e no Brasil até 2013.
A geração hippie fez da Kombi seu veículo preferido e, depois de tantos anos, continua gostando. Simboliza a liberdade para viajar e seduz tanto os jovens quanto os adultos, de todas as classes sociais, assegura Altamore.
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Dezenas de páginas na internet são dedicadas às Kombis e contam com milhares de seguidores por todo o mundo, que se organizam em festivais em sua homenagem e, inclusive, realizam grandes encontros onde participam centenas desses automóveis.
“Na Kombi você vira a chave, dá a partida e não sabe realmente para onde vai, mas pouco importa, porque você sabe que pode dormir lá dentro...”, explica.
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