Desde 2008 os veículos modificados podem ser legalizados, desde que as alterações sejam autorizadas pelo Departamento de Trânsito (Detran), feitas em uma oficina preparada para isso e inspecionadas por um órgão credenciado pelo Inmetro. Apesar disso, são obrigados a circular sem seguro porque nenhuma empresa do setor aceita esses carros.
O analista de sistemas Marcus Vinicius Alves, 30 anos, tem um Renault Clio e diz que gostaria de rebaixar o veículo, mas desistiu da ideia desde que soube do seu corretor que o carro não poderia ser segurado. "Se todas as modificações são autorizadas não teria motivo para essa recusa", reclama Alves.
Outro motorista, que prefere não ser identificado, vive um dilema: anda com um carro com a suspensão modificada e afirma que não vai regularizar o veículo junto ao Detran enquanto não tiver a possibilidade de fazer um seguro específico para o seu veículo. O seu Chevrolet Corsa é usado diariamente e tem um seguro de carro normal. "Em caso de sinistro, tenho que resolver o problema do rebaixamento antes de chamar a seguradora", explica ele.
Risco
Essa prática arriscada parece não ser exceção. O proprietário de um Volkswagen Polo que também não quer ser identificado ouvido pela Gazeta do Povo conta que também instalou molas esportivas depois de ter feito o seguro. "Se vale a pena? Eu considero um risco calculado já que não fiz isso para correr mais, e sim por estética, e nunca me envolvi em acidentes. Circulo muito pouco com esse carro", afirma.
O diretor executivo do Sindicato das Seguradoras no Paraná e Mato Grosso do Sul, Ramiro Fernandes Dias, alerta para o risco dessa conduta. Ele lembra que num caso de acidente em que o motorista não tenha a possibilidade de fazer a alteração para que o veículo volte a ter suas características normais, o proprietário perderá o direito à cobertura.
Dias explica que se a fraude for constatada antes do pagamento, ele é simplesmente suspenso. Mas caso seja feito o pagamento e depois constatada a fraude, o motorista poderá ter problemas ainda maiores. "Esses casos têm sido denunciados ao Ministério Público na tentativa de que não se repitam e que com isso as empresas possam reduzir cada vez mais os custos dos seguros", diz o diretor. Segundo ele, em 2009 foram destinados, em todo o país, R$ 250 milhões para cobrir sinistros com indícios de fraude.
Dias confirma que não há empresas no mercado oferecendo cobertura para os veículos modificados. Ele afirma que as seguradoras entendem que as fábricas levam anos para projetar veículos que garantam a segurança dos seus ocupantes e que as modificações oferecem riscos.
Os proprietários dos carros com características alteradas alegam que as seguradoras poderiam ganhar muitos clientes se mudassem sua conduta. Dias, no entanto, acha que o universo não é suficiente para constituir um bolo de seguro que tenha um custo viável para o segurado. Ele lembra que em Curitiba, por exemplo, só 25% da frota circulante que é de 1,2 milhão de veículos têm algum tipo de seguro. Se para os carros tidos como normais já é pequeno o número de proprietários que optam pelo seguro, imagine no caso dos modificados, completa o diretor.
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