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O que você faria se um impala parasse ao seu lado e começasse a "pular" ou se equilibrar em três rodas? No mínimo, a reação seria um misto de susto e surpresa. Pois se você circula pelas ruas de Curitiba corre o risco de se deparar com esta situação.

Caso isso ocorra, após se recompor do impacto inicial, procure apreciar as peripécias que esse exótico veículo é capaz de fazer.

O automóvel nada discreto pertence ao piloto de F-1 e Cart Tarso Marques e é o único exemplar paranaense da cultura "lowrider", estilo criado pelos "chicanos" (mexicanos que moram em Los Angeles) na década de 50, que se destaca pela pintura diferente e suspensão modificada – o carro construído sob este conceito chama a atenção por realizar verdadeiros malabarismos sobre rodas.

Acostumado a acelerar a quase 400 km/h nas pistas mundo afora, Tarso nunca imaginou que andar "quase parado" o faria desfrutar de uma sensação que nenhum monoposto de corrida poderia proporcionar. Ao dirigir pela primeira vez um "lowrider", ele percebeu que a velocidade não era o único estímulo capaz de liberar a adrenalina em suas veias. Seu Impala 62, de cor rosada e detalhes cromados, consegue sair da posição "socado no chão" para saltos que alcançam 1 metro de altura. "É um momento que não dá pra definir. Aprecio tanto este passeio que dificilmente ultrapasso os 60 km/h", ressalta.

A paixão de Tarso por "lowrider" começou em 95, quando ainda morava nos Estados Unidos. Chegou a customizar um Landau com essas características, mas não sossegou até encontrar um Impala, legítimo representante deste movimento. Foram seis meses de trabalho em sua empresa, a TM Concept, em Pinhais, entre tirar a carroceria, refazer o chassi e mudar a suspensão, reforçando-a com ferro de maior espessura. Os amortecedores deram lugar à molas de 4 toneladas, mais duras do que as de trem. Para elevar e rebaixar o Impala à altura inimagináveis foram adicionadas três bombas hidráulicas de alta capacidade (duas para a traseira e uma para a dianteira). Impulsionadas por quatro baterias especiais, elas fazem os pistões hidráulicos de cada roda esmagarem a mola, que resistente, volta a posição original empurrando o carro para cima ou para baixo. Na posição "socada", o chassi chega a raspar no chão e, no "primeiro andar", todo o mecanismo na parte inferior que faz o carro "dançar" fica à mostra.

"Importei dos Estados Unidos cada peça do sistema. Isso faz dele um autêntico "lowrider", com 100% de conceito americano", destaca.

Tarso seguiu à risca a cultura lowrider chicana. Primeiro manteve o originalidade do motor Chevrolet V8 small bock de 283 polegadas (4,6 litros), com uma atenção redobrada aos detalhes visuais. Todas as peças receberem tratamento especial de cromo e pintura. Depois, tratou de recortar o teto para deixá-lo removível – originalmente o Impala tinha corroceria cupê. O aerografado acabamento interno recebeu tons brancos (carpetes e bancos de couro) e rosa (painel). Mostradores digitais de combustível, voltímetro e termômetro de água (todos com a logo da empresa de Tarso) completam o ar retrô-sofisticado do conversível.

A pintura mescla tons de rosa metálico com metal flake (pigmento metálico brilhante) da marca House of Kolor, a mesma utilizada nos carros do filme "Velozes e Furiosos". O toque final desta obra-prima se estende pelas duas laterais do Impala: desenhos aerografados que retratam passagens da vida do piloto. "Tudo que ocorreu de bom na minha vida, como família, namoradas, F-1, carros custom e motos Harley-Davidson estão retratados no carro", finaliza Tarso, que manda um recado aos interessados em encomendar um "lowrider" à TM Concept: "não pretendo fazer outro, a não ser que o cliente realmente entenda o espírito ‘lowrider’. Quanto ao meu, não está à venda. Sei que ele vale uns R$ 200 mil. Mas, nem por esse preço me desfaço dele".

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