Um dos vícios mais comuns do motorista de carro é ficar com a mão apoiada no câmbio manual após uma troca de marcha. A atitude acelera o desgaste de algumas peças da transmissão e até do motor. Apesar de não exigir uma manutenção constante, o sistema mecânico de marchas pode ter a vida útil média de 200 mil quilômetros (carro novo) encurtada em 30% caso o usuário não atente para alguns cuidados simples.
Uma regra básica, que poucos conseguem segui-la, é não ter tanta pressa para mudar as marchas. A troca constante e sem necessidade gera um desgaste prematuro das delicadas peças que formam o mecanismo de sincronização (responsável por facilitar os engates).
"É difícil a caixa apresentar algum problema. Depende muito da forma de dirigir do motorista. É claro que se ele ficar o tempo todo mudando de marcha forçará a engrenagem, aumentando o desgaste das peças. Além disso, comprometerá também a embreagem", ressalta Jociel Webber, proprietário da Mecânica Webber, no Prado Velho, em Curitiba. Ele aconselha comandar as trocas com calma e somente quando o motor exigir. Pisar no pedal de embreagem até o fim do curso durante as mudanças também evita que a marcha "arranhe" e prejudique o sistema.
Outra situação recorrente no trânsito é aquela em que o condutor, com a falsa idéia de economizar combustível, mal engata a segunda marcha já passa para a terceira e depois para a quarta sem que a rotação seja a ideal. Isso força o câmbio e o motor. "Confira no manual do proprietário quais as velocidades indicadas para cada troca e em que situações pode-se efetuar a mudança. Procure reduzir ou aumentar as marchas de forma seqüencial, evitando pular. Também esticá-las demais pode estourar a correia dentada", orienta Fernando César Scarpin, proprietário da Fitalfa Auto Mecanica, no bairro Portão.
É bom ficar de olho em possíveis vazamentos, afinal de contas a transmissão precisa do óleo para funcionar. "Se manchas escuras aparecerem no chão da garagem é sinal de que há vazamento, e pode ser o fluido do câmbio", alerta Scarpin.
Além disso, o nível de óleo requer uma verificação a cada 25 mil quilômetros. Já a troca completa deve ser realizada a cada 50 mil quilômetros. Com o tempo de uso, o produto perde a viscosidade e suas propriedades aditivas, deixando de cumprir a função lubrificante e ocasionando o surgimento de ruídos. Em situações mais graves, a transmissão pode até quebrar", acrescenta.
Na troca, é imprescindível o uso de lubrificante recomendado pelo fabricante. Segundo Scarpin, se o óleo for mais grosso, o mecanismo trabalha mais pesado, causando um superaquecimento. Já um fluido mais fino gera ruídos na caixa. As duas situações acabam forçando o rolamento.
Por fim, há o inevitável desgaste espontâneo, que pode ser percebido pela dificuldade em trocar a marcha, quando ela começa a arranhar ou escapa ao engatá-la. Isso ocorre pelo fim da durabilidade dos componentes de acoplamento dos engates.
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