Trabalhadores da Mercedes-Benz em Juiz de Fora (MG) cruzaram os braços e paralisaram a produção na segunda-feira (15). À tarde, eles foram para a Câmara Municipal para participar de uma audiência pública convocada por vereadores locais para discutir a situação da unidade que, segundo os políticos, estaria sob risco de fechar as portas. Embora a empresa tenha dito que não encerrará as atividades no local, admitiu ajustes na unidade que podem reduzir número de funcionários diretos para um terço do atual.
O encontro na Câmara foi organizado pela Assembleia Legislativa de Minas Gerais após informações de que a Mercedes estaria estudando transferir a operação para outro estado. A medida deixaria desempregados mais de 1,1 mil trabalhadores. "Resguardar empregos e a produção na cidade é muito importante", disse Antônio Almas, prefeito de Juiz de Fora.
O diretor de comunicação da Mercedes, Luis Carlos de Morais, participou da audiência e negou o fechamento. "Nós investimos R$ 700 milhões em Juiz de Fora e tivemos a maior crise econômica da história deste país", justificou. Ele disse que a indústria de caminhões trabalha com ociosidade de 60% e citou as dificuldades de se produzir no Brasil. "Não é fácil, com tantos problemas, chegar na Alemanha e falar que queremos mais investimentos."
Marco Antônio Jesus, presidente da Federação Estadual dos Metalúrgicos de Minas Gerais, cobrou mais exatidão da montadora e disse que a continuidade da produção das cabinas de caminhão na cidade segue sendo uma dúvida. Ele afirmou que a empresa foi beneficiada com investimentos do governo estadual 20 anos atrás, quando abriu a fábrica em Juiz de Fora. "Então a empresa precisa ter responsabilidade social com os trabalhadores."
Ajustes são necessários, diz empresa
Em nota, a direção da Mercedes-Benz disse que "em nenhum momento informou que deixaria de produzir em Juiz de Fora", pois a unidade tem importância estratégica para o grupo. A unidade produz cabines para os caminhões feitos na fábrica de São Bernardo do Campo, no ABC paulista, além do caminhão Actros e a importação de veículos Sprinter feitos na Argentina.
Segundo o jornal Tribuna de Minas, a produção do Actros iria para a unidade de São Bernardo do Campo e a importação da Sprinter, que entra no país via Porto Seco no Rio de Janeiro, passaria a ser feita pelo Porto de Vitória, no Espírito Santo. Durante a audiência, Morais confirmou a transferência da produção do Actros.
Sem dar mais detalhes, a empresa admitiu, contudo, que há necessidade de ajustes, "tanto na produção como nos processos logísticos", para tornar a empresa mais eficiente e competitiva no mercado. Informou ainda que, dos R$ 2,4 bilhões de investimentos planejados para 2018 a 2022, também há um aporte para a planta mineira.
A companhia lamentou a paralisação dos funcionários e argumentou que o mercado está retomando suas demandas. "Estamos em um período em que o mercado de caminhões está retomando suas demandas e, com a paralisação, estamos deixando de produzir nossas cabinas de caminhões para atender nossos clientes."
Os representantes sindicais disseram à Tribuna de Minas que se os rumores de mudanças se confirmarem, os 1,1 mil empregos diretos poderiam ser reduzidos para algo em torno de 300.
A empresa é líder do mercado de caminhões. No primeiro trimestre a Mercedes vendeu 6.646 caminhões, alta de 61,7% em relação ao mesmo período de 2018.
Justiça do Trabalho desafia STF e manda aplicativos contratarem trabalhadores
Parlamento da Coreia do Sul tem tumulto após votação contra lei marcial decretada pelo presidente
Correios adotam “medidas urgentes” para evitar “insolvência” após prejuízo recorde
Milei divulga ranking que mostra peso argentino como “melhor moeda do mundo” e real como a pior
Reforma tributária promete simplificar impostos, mas Congresso tem nós a desatar
Índia cresce mais que a China: será a nova locomotiva do mundo?
Lula quer resgatar velha Petrobras para tocar projetos de interesse do governo
O que esperar do futuro da Petrobras nas mãos da nova presidente; ouça o podcast
Deixe sua opinião