A onda de recalls continua movimentando a indústria automotiva. A cada semana surgem novas convocações pelas montadoras de modelos que saem de fábrica com algum tipo de problema. Só no Brasil, a semana passada fechou com 58 chamados de janeiro a novembro deste ano, número que já supera de longe o recorde registrado em 2009, que foi de 43. O volume de unidades envolvidas chega a 1,2 milhão entre carros e motos.No entanto, segundo levantamento do Departamento de Proteção e Defesa do Consumidor (DPDC), do Ministério Público Federal, responsável por investigar o problema e enviar um laudo técnico às montadoras com a ordem de recall, 40% dos proprietários faltam às convocações das montadoras no país quase meio milhão de carros. Seja por desconhecimento ou pelo desinteresse em efetuar o serviço.
O aposentado Nilton Matana Constantin, 64 anos, de Curitiba, está neste grupo. O seu Honda City figura na relação das 126.774 unidades, incluindo o New Fit, que foram chamadas a partir da segunda semana de outubro para corrigir um problema no modo de limpeza interna. O defeito pode transferir detritos presentes no assoalho para a parte interna do acelerador, o que, em casos extremos, poderá dificultar a redução na rotação do motor, levando ao risco de acidente.
Constantin não ficou sabendo do recall, à época divulgado pela mídia (como acontece em todas as convocações), e ficou indignado com a concessionária onde comprou o carro por não tê-lo informado soube do chamado pela reportagem. "Disseram que a quantidade de veículos envolvidos dificultava comunicar a todos", conta o aposentado, que aproveitará a revisão dos 10 mil km para solucionar o defeito.
Já o psicólogo Roberto Mendes Guimarães, 31 anos, da capital, tomou conhecimento via portal da Gazeta do Povo que o seu Chevrolet Agile precisava visitar uma autorizada para trocar a mangueira de alimentação de combustível, pois a mesma poderia apresentar fissuras e consequente vazamento, com possibilidade remota de incêndio no compartimento do motor.
O chamado da montadora ocorreu no fim de agosto e até agora o proprietário não efetuou o serviço. "Fui duas vezes à loja, mas não havia a peça. Ficaram de me avisar assim que chegasse. Ainda estou esperando", informa Guimarães, que admite não estar preocupado caso a troca não seja feita.
A reportagem ligou para algumas autorizadas da Chevrolet em Curitiba e confirmou que, por um determinado período, a mangueira de combustível do Agile estava em falta, fato que já não ocorre hoje. Vale lembrar que o proprietário pode procurar esse tipo de serviço em qualquer autorizada da marca, e não necessariamente naquela onde adquiriu o veículo.
Outro grupo que não costuma atender à convocação são os compradores de modelos usados, envolvidos em recalls, que não foram comunicados pelo antigo dono ou pela revenda de que o veículo deixou de passar por eventual convocação.
Para diminuir essa falha na comunicação, desde 1.º de novembro a informação se o veículo "respondeu" ou não à chamamento da fábrica consta na base de dados do Departamento Nacional de Trânsito (Denatran) e pode ser verificada via Registro Nacional de Veículos (Renavam) no site do órgão, do mesmo jeito que se consulta a existência de multas e tributos. Além do Renavam, a informação constará no campo "observações" do Certificado de Registro e Licenciamento de Veículo (CRLV).
Uma eventual pendência no documento com relação ao recall não resulta em nenhuma restrição ou penalidade ao proprietário do veículo. No entanto, no momento da negociação do carro a pendência no Renavam pode se tornar um fator negativo para a compra ou venda. "Se o dono não fizer o reparo vai transferir a dor de cabeça para o outro, que vai compreender ou usar esse fato como barganha para conseguir um desconto no preço do carro, por exemplo", afirma o engenheiro da Sociedade de Engenheiros da Mobilidade (SAE Brasil), Francisco Satkunas.
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