De pai pra filho
Infectado pelo alfismo
Entre os entusiastas que vão pegar a estrada neste domingo está o empresário de Curitiba Ronei Della Giacoma. Dono de uma coleção impecável de 11 modelos Alfa Romeo, ele não poderia perder a oportunidade de percorrer todo o trajeto a bordo do seu 2300, ano 1985. "Vai ser uma semana de muita curtição", afirma.
Ele valoriza os atributos do carro e a sensação única de dirigir o clássico que, segundo ele, já era bem avançado para a época. O modelo trazia, por exemplo, direção hidráulica, freios a disco, câmbio de cinco marchas e ar-condicionado. "Sem contar o ronco do carro, que é fabuloso. Dirigir um Alfa não é ser melhor ou pior do que ninguém, mas é diferente", avalia Giacoma.
Ansioso pela viagem, o empresário já se encarregou de deixar o 2300 pronto na semana passada. O alfista conta que o seu carro está em tão bom estado que foi necessário apenas trocar óleo e filtro. Para Giacoma, os modelos da Alfa Romeo são mais que objetos de adoração. A marca faz parte da vida dele e da família.
Tudo começou na década de 1960, quando o colecionador, então com 17 anos, acompanhou o pai para comprar um carro. O modelo escolhido foi um FNM JK (1963), que posteriormente passou para ele e o acompanha até hoje.
Em um mural de fotos, o veículo aparece como um integrante da família, presente nos momentos mais importantes, como nos casamentos de Giacoma e dos filhos. "Desde aquela época, dos meus 17 anos, que sou apaixonado pela marca. Meu pai também era e me infectou com esse vírus dos alfistas", declara.
No final dos anos 1970 ele também teve um 2300 (ano 1978) e anos mais tarde acabou vendendo o modelo, algo que se arrepende até hoje. Ao longo dos anos, o vírus da Alfa Romeo foi se espalhando ainda mais pelo sangue do empresário, que foi aumentando cada vez mais a coleção de modelos.
Ele criou um verdadeiro santuário dedicado à marca, em uma garagem junto à empresa, com 11 carros, antigos e mais recentes, além de uma decoração especial com os símbolos da marca. "Sempre digo para a minha esposa que ela conhece todas as minhas amantes e, além disso, ajuda a sustentá-las", brinca o entusiasta, referindo-se à coleção de carros.
2.300 km
É o total aproximado que os modelos da Alfa Romeo percorrerão ida e volta para visitar a fábrica da Fiat, em Minas Gerais, um dos locais de produção do modelo 2300 o outro foi em Xerém (RJ). A caravana, formada por colecionadores do Paraná, São Paulo, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, sairá da capital paulista no sábado (22), passa por Curitiba, onde haverá um jantar à noite, seguem para São José do Rio Preto (SP), depois Duque de Caxias (RJ), até chegar à cidade mineira de Betim, no dia 26.
Os alfistas estão chegando. De São Paulo, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e até de fora do país. Até sábado, dezenas deles se reúnem em Curitiba, onde serão recebidos por uma legião de entusiastas para celebrar uma paixão em comum: a Alfa Romeo.
A ocasião é mais do que especial para os integrantes do clube nacional Alfa Romeo BR. No dia 25 de março, comemoram-se 40 anos do início da produção do modelo 2300, que foi fabricado no Brasil até 1986. Uma data que, para esses apaixonados pela marca italiana, merece não apenas um dia de celebração, mas uma semana inteira. Depois da reunião do grupo em Curitiba, os alfistas partem em um comboio com 15 carros rumo a Betim (MG), onde fica a sede da fábrica brasileira da Fiat, dona da Alfa Romeo desde o fim dos anos 1970.
Serão aproximadamente 2.300 quilômetros percorridos, para fazer referência ao nome do modelo aniversariante, e ao longo do percurso, outros colecionadores se unem ao grupo. A expectativa é de que mais de 60 carros participem do evento.
Viagem
Mesmo com todos os veículos em dia com a manutenção, o grupo decidiu se precaver para a viagem e garantir que ninguém ficará pelo caminho. Dois mecânicos de São Paulo, que fazem parte do grupo, levarão na bagagem peças e o conhecimento especializado para eventuais problemas.
Antes de chegar a Betim, eles farão algumas paradas estratégicas no caminho. A primeira delas é em São José dos Campos, no interior de São Paulo, cidade na qual mora o integrante do clube Michael Svoda. Com mais de 50 anos de idade, ele tem o seu lugar de destaque no grupo pelo fato de nunca ter optado por um modelo que não fosse Alfa Romeo.
Outra presença ilustre na viagem será a do alemão Axel Marx, que vem da Suíça exclusivamente para o evento. Ele é considerado um dos mais importantes colecionadores da marca italiana no mundo.
No dia 25, o grupo chega ao lugar onde tudo começou. No distrito de Xerém, em Duque de Caxias (RJ), ficava a histórica fábrica de motores dos caminhões FNM, conhecida como "Fenemê". A unidade também produziu, entre 1960 e 1973, o sedã FNM JK, que utilizava tecnologia da Alfa Romeo. E foi lá que, em 1974, a marca passou a fazer o 2300, inspirado em outro modelo produzido na Itália, o Alfetta. Em 1978 a Fiat comprou a Alfa Romeo e a fabricação do 2300 foi transferida para a unidade de Betim, onde perdurou até 1986.
Além de serem recebidos para celebrar os 40 anos do carro, o grupo espera saber um pouco mais sobre os planos da Fiat para a Alfa Romeo no Brasil. Ainda mais agora que a montadora confirmou a volta da marca ao país. "Queremos verificar in loco o que eles vão trazer pra cá", afirma Ronei Della Giacoma, um dos integrantes do clube.
Opinião - Jovens também estão se encantando pelo culto ao carro antigo
Josmar Santoro, Coordenador estadual do Alfa Romeo BR
O que percebo é que o antigomobilismo vem crescendo muito e ganhando força. As pessoas estão começando a notar o encanto dos carros antigos, até mesmo o pessoal mais jovem. Não é apenas coisa de velho, temos muitos colecionadores de 25 a 35 anos.
Além dessa questão da paixão pelos carros e o prazer de restaurar modelos antigos, é uma forma de preservar a história da indústria automobilística.
O carro é um dos meios de transporte mais importantes na história da humanidade e um produto que puxa a evolução de outras indústrias. Por isso, é fundamental mostrar as origens do que nós temos hoje para os mais jovens.
Curitiba é um polo muito interessante do antigomobilismo, mas precisa de mais divulgação, mais eventos. Claro que a cidade também acaba ficando um pouco fechada nesse sentido, pois muitos colecionadores não gostam de mostrar seus modelos e acabam guardando apenas para si.
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