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"Mistura explosiva", "se beber não dirija e se dirigir não beba". Quantas vezes você já escutou essas frases e quantas vezes levou realmente a sério. Se você é daqueles que costumam ignorar esse tipo de alerta, especialmente em períodos festivos como o Carnaval, saiba que a chance de se envolver em acidentes dobra com "apenas" três latinhas de cervejas e pode aumentar em 25 vezes após o consumo de sete "geladas".

Estatísticas comprovam que mais da metade dos acidentes de trânsito no país ocorre porque o motorista está com a taxa de alcoolemia acima de 0,6 gramas de álcool por litro de sangue. Isso equivale a 900 ml de cerveja ou 240 ml de vinho ou 120 ml de uísque uma hora após a ingestão – considerando um indivíduo de 70 quilos.

A quantidade era considerada pelo Código de Trânsito Brasileiro suficiente para classificar o indivíduo como alcoolizado e, portanto, passível de multa e até prisão. A Lei n.º 11.275, sancionada no último dia 7 de fevereiro pelo presidente Luís Inácio Lula da Silva, extingüiu essa medição para fins punitivos, no entanto, permitiu ao agente de trânsito autuar qualquer motorista por embriaguez, sem utilização do bafômetro.

De acordo com comandante do Batalhão de Policiamento do Trânsito de Curitiba, Irineu Ozires da Cunha, desde a última segunda-feira a fiscalização tem sido rigorosa e vai se intensificar nos dias de folia. "No período de Carnaval, o número de acidentes envolvendo motoristas com sintomas de embriaguez quase dobra. Vamos inibir e coibir os excessos", garante. Na visão dele, com a mudança na lei cabe agora ao motorista provar que não está embriagado diante dos sintomas apresentados na abordagem policial. "Se ele não admitir que ingeriu bebida alcoólica, então terá que provar no bafômetro ou em exame de sangue. Caso contrário ficará valendo o testemunho do agente de trânsito", ressalta.

O ex-diretor do Instituto Médico Legal de Curitiba, Carlos Ehlke Braga Filho, explica que os efeitos da bebida podem variar dependendo da pessoa e da circunstância em que se encontra. "Se estiver de estômago vazio, bebendo rápido, pode ficar alcoolizada com uma quantidade de álcool menor. Duas ou três latinhas já comprometem certas habilidades ao dirigir, como virar o volante ao mesmo tempo que se dá atenção ao tráfego", avisa. O médico revela que, ao contrário do que muitos pensam, até mesmo quem bebe diariamente tende a sentir os efeitos mais rápidos. "O fígado desse indivíduo não tem mais a capacidade plena de metabolizar o álcool. Ou seja, a concentração no organismo acaba sendo maior do que numa pessoa com o órgão em melhor estado". Ele lembra que o indivíduo sob efeito de álcool não tem a percepção de que está alterada, negando que esteja embriagada e não aceitando qualquer tipo de conselho.

Sem remédio

Se alguém bebeu demais e está inconveniente, a tendência das pessoas ao redor é colocá-lo debaixo do chuveiro e enchê-lo de café forte. No entanto, o máximo que conseguem com tais medidas é ter um bêbado desperto porque ele continuará alcoolizado. O único remédio, aconselha o traumatologista Marlus Gunia Schiavon, é esperar o tempo passar. "Cada dose ingerida precisa de duas horas para ser eliminada. Não há nada que se possa fazer para acelerar esse processo, a não ser a hidratação com líquido, que ajuda na excreção dos metabólicos do álcool pela urina", observa Schiavon.

Portanto, se o "porre" for inevitável, é bom lembrar que dirigir embriagado ou sob efeito de drogas é considerado infração gravíssima, com previsão de multa de R$ 957,69 e sete pontos na Carteira de Habilitação. Caso se envolva em acidentes estará sujeito à prisão, de dois a quatro anos, além de perder a carteira.

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