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A partir de 16 de fevereiro as gasolinas comum e aditivada sairão das bombas com o limite de 27% de álcool anidro em sua composição. O teto anterior era de 25%, enquanto o mínimo continua em 18% | Marcelo Andrade/Gazeta do Povo
A partir de 16 de fevereiro as gasolinas comum e aditivada sairão das bombas com o limite de 27% de álcool anidro em sua composição. O teto anterior era de 25%, enquanto o mínimo continua em 18%| Foto: Marcelo Andrade/Gazeta do Povo

Aumento velado

Menos energia no tanque pelo mesmo preço na bomba

Com o acréscimo de etanol, a lógica seria que a gasolina sofresse uma redução no preço, afinal o combustível vegetal é mais barato que o mineral. Mas, por enquanto, o governo federal não sinaliza para tal corte. "Quando se coloca álcool na gasolina, cada litro de combustível vai conter menos energia. Portanto, pagaremos o mesmo valor para comprar menos energia",diz o professor José Antônio Andres Velasquez Alegre, do Departamento Acadêmico de Mecânica da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR). Para ele, é mais um aumento, desta vez velado, que se soma à elevação no preço verificada dias atrás. Ele compara ao que ocorreu nos EUA recentemente quando houve uma queda de U$ 3,5 para US$ 2,5 no valor do galão (3,78 litros), reflexo da menor cotação externa do petróleo. Vale ressaltar que a Petrobras importa parte da gasolina que vende no país. E lá fora, o combustível chega a ser 40% mais em conta do que no Brasil.

Mistura maior faz consumo subir apenas 1%

Quem esperava visitas mais constantes aos postos com o aumento de etanol à gasolina pode ficar tranquilo. A diferença de 2% na adição do combustível vegetal representará apenas 1% de aumento no consumo dos automóveis, conforme o cálculo feito pelo engenheiro Cleyton Zabeu, da SAE Brasil. Segundo ele, o poder calorífico da combinação E25 é de 36,9 MJ/kg, enquanto que o da E27 é de 35,6 MJ/kg. Numa conta básica chega-se a 1,03 de diferença entre as duas misturas quanto ao poder calorífico - quantidade de calor emitido pela combustão completa de um combustível e que determina em seu rendimento final (leia-se consumo). Uma fonte ligada à área de engenharia de uma montadora foi além e cravou que o acréscimo no gasto será irrisório "O consumo nos carros deverá aumentar numa pequena proporção, inferior a 0,5%, lembrando que está se aumentando o teor máximo possível de etanol na gasolina, sendo que nem sempre este teor máximo é alcançado", ressalta.

Os carros a gasolina não precisarão recorrer à opção premium (que hoje custa R$ 4 ) quando adição máxima de 27% de etanol à gasolina entrar em vigor no próximo dia 16. Quem garante é o engenheiro Cleyton Zabeu, da comissão técnica de Motores Ciclo Otto da SAE Brasil.

No início da semana, a Anfavea (associação que reúne os fabricantes automotivos) havia feito uma recomendação para que modelos movidos somente com o derivado de petróleo evitassem a gasolina comum ou aditivada, pois a presença maior de álcool anidro poderia ocasionar danos no propulsor e comprometer o desempenho do veículo. O alerta, porém, segundo o engenheiro, é válido apenas para os automóveis carburados, que já sofrem com os atuais 25% de etanol na gasolina, ocasionando perda de potência e corrosão dos componentes, e também os importados adquiridos via empresas independentes, que não tiveram o propulsor adaptado para a proporção da mistura brasileira.

"Os motores com injeção eletrônica (a maioria da frota nacional) possuem um sistema de gerenciamento capaz de se autoajustar para variações bem maiores do que apenas 2% na composição", explica o especialista. Ele diz ainda que mesmos os importados vendidos oficialmente nas concessionárias passam por uma calibração no motor que permite cobrir mais de 27% de presença de álcool na gasolina sem causar danos. "Haverá uma ligeira perda de potência. O motorista precisará acelerar um pouco mais. Quanto à partida a frio, nada mudará", acrescenta.

Procuradas para comentar o assunto, algumas montadoras informaram que existe um acordo com a Anfavea para que o tema seja tratado apenas pela entidade. Em breve, o organismo apresentará aos associados os resultados dos testes feitos com a nova composição da gasolina. Enquanto isso, as fabricantes seguem o mesmo discurso do Anfavea e recomendam o uso da gasolina premium para motores que só aceitam o combustível mineral.

No entanto, consultamos o engenheiro mecânico de uma grande montadora do país que confirmou o risco quase zero de interferência nas condições de uso do bloco a gasolina. "Para este teor de etanol, o comportamento deverá ser o mesmo que o apresentado normalmente", frisa. A fonte diz, porém, que testes com a nova gasolina ainda estão sendo feitos para avaliar qual é o real impacto na vida útil do motor, por isso a recomendação da Anfavea em utilizar a combinação E25, que será mantida na opção premium.

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