A Nissan lança oficialmente no Brasil o Leaf, o seu carro 100% elétrico que já estava em pré-venda desde o Salão do Automóvel de São Paulo, em novembro do ano passado.
Só que modelo chega às lojas agora custando R$ 16,6 mil a mais Ou seja, pulou de R$178,4 mil para R$ 195 mil. A montadora justifica a diferença no preço à inclusão do wallbox, um carregador de parede para recarga rápida em rede doméstica (sai por R$ 9 mil), além da variação cambial.
As unidades oferecidas durante a reserva também vinham com o equipamento, porém era oferecido como cortesia aos compradores. "Foi uma forma de presentear quem acreditou no produto", disse Marcos Silva, presidente da Nissan no Brasil.
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No período de pré-venda foram comercializados 20 exemplares do carro, que começam a ser repassados aos clientes.
Importado do Reino Unido, a segunda geração do Leaf é equipada com um propulsor elétrico de 40 kW, capaz de gerar 149 cv.
A autonomia com uma carga completa pode chegar a 320 km, com uso moderado do carro, sem acelerações bruscas.
O tempo para recarregar varia de 6 a 8 horas com o wallbox e de 20 a 40 horas com o cabo portátil de emergência e numa tomada convencional. A Nissan disponibiliza um técnico para fazer a instalação do carregador de parede.
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O Leaf é equipado com um pacote de tecnologia digno de veículos premium. Na lista estão o controle de velocidade adaptativo, que freia e acelera o carro automaticamente, bancos com ventilação e aquecimento, frenagem automática de emergência, correção de saída de faixa e câmera de 360°.
Já andamos no modelo durante apresentação à imprensa automotiva em São Paulo. Confira a seguir a nossa impressão sobre o carro movido a bateria e com emissão zero de poluentes.
Aceleração de turbo
Os motores elétricos têm como característica despejar um nível de torque digno de propulsores turbos. No Leaf, são 32,6 kgfm de força, a mesma de um Audi A4 2.0 TFSI.
A entrega é imediata assim que pisamos no pedal do acelerador e está disponível em todas as faixas de giro. Ao acionar a função Boost no câmbio, o sprint é ainda mais divertido.
O velocímetro digital sobe rapidamente e chega aos 100 km/h em 7,9 segundos, desempenho bem melhor que os hatches médios: Chevrolet Cruze 1.4 turbo (24,6 kgfm/ 9 s), VW Golf 1.4 turbo (25,6 kgfm/ 9,1 s) e Ford Focus 2.0 (22,5 kgfm/ 9,2 s).
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'Consumo' bem melhor que 1.0
Só que andar com o pé lá no fundo num veículo elétrico significa torrar a carga da bateria rapidamente. E a intenção não é essa. Por isso, mesmo com todo esse torque e a potência de 149 cv (110 kWh), a velocidade máxima atingida é de apenas 144 km/h.
A ideia aqui é se deslocar sem poluir e com um ‘consumo’ de fazer inveja ao mais econômico dos modelos 1.0.
A bateria do Leaf de 40 kWh é capaz de segurar uma carga de 240 km de média no ciclo urbano, graças ao sistema de regeneração de energia durante as frenagens ou quando aliviamos o pé do acelerador. Seria algo próximo a 50 km/l de combustível dos motores a combustão interna.
Baterias auxiliam na estabilidade
Pudemos perceber a estabilidade segura, favorecida pelas baterias instaladas no assoalho, sob os assentos, que baixam o centro de gravidade do veículo.
A direção elétrica é precisa, contribuindo para respostas rápidas ao comando do motorista. Já a rolagem da carroceria é mínima nas mudanças bruscas de direção.
Para frear, é só tirar o pé do acelerador
A autonomia maior também pode ser obtida com outros dois recursos: a tecnologia e-Pedal e o botão Eco.
O primeiro caso é uma solução incomum ao que estamos acostumados a ver. É possível acelerar e frear usando apenas o pedal do acelerador. Basta tirar o pé do pedal da direita que o carro diminui a velocidade gradativamente até parar totalmente.
Com alguns quilômetros rodados já pegamos o jeito da tecnologia. Além de realimentar a bateria, é ideal para quando se avista um sinal fechado ou o trânsito parado à frente. Mas não se preocupe, o pedal de freio estará ali para uma frenagem mais imediata.
É um conceito de um pedal que já existe no BMW i3 e no Chevrolet Bolt. Já a função Eco limita a entrega de potência.
Silêncio ao ligar, aspirador de pó ao rodar
A falta de ruído é a marca registrada do motor elétrico. É necessário um aviso no painel para informar que o carro está ligado ao apertar o botão de partida. O silêncio sob o capô é absoluto.
Ao entrar em movimento, um pequeno zunido começa a surgir e à medida que se ganha velocidade ele lembra o som de um aspirador de pó, porém bastante suave, amplificado pelo barulho do rolamento dos pneus com o piso.
Espaço de sedã e bom nível de conteúdo
O Leaf tem 2,70 metros de entre-eixos, similar ao de um sedã médio como o Toyota Corolla, por exemplo. Isso garante uma boa acomodação para quem vai atrás, mas o túnel central bastante elevado deixa o ocupante do meio mal acomodado.
Como as baterias estão sob o assoalho, abre espaço no porta-malas, que pode transportar até 435 litros de bagagem.
O acabamento é de qualidade, com couro nos bancos, portas e no volante multifuncional. Há ainda detalhes de Alcantara que melhoram a sensação de sofisticação.
O painel traz superfície de plástico emborrachado, agradável ao toque, e detalhes cromados e em preto brilhante (abraçando o sistema multimídia e no console central).
Há uma boa área para acomodação de objetos nas portas, além de inúmeros porta-copos. Pelo preço do carro, sentimos falta do ajuste elétrico dos bancos, ao menos para o motorista.
O quadro de instrumentos mescla mostradores digitais com o velocímetro analógico, solução usada pelo Kicks, com uma porção virtual que mostra dados como o funcionamento da bateria.
O multimídia vem com câmera de ré, conexão Android Auto e Apple CarPlay e visão 360 graus, que facilita as manobras de estacionamento, principalmente para checar a distância para o meio-fio.
Destaque para a transmissão em formado circular e de aparência futurista, que regula as posições Drive, Boost, Ré, além do botão do Parking. O comando é bem intuitivo e fácil de usar.
Bateria de sobra para cidade e lazer
A marca fez dois testes para mostrar de que é possível rodar bastante sem a necessidade de carregar a bateria o tempo todo ou de ficar parado no caminho.
Simulou-se uma ida e volta de casa ao trabalho com percurso total de 45 km e 1h45 de duração em São Paulo. No fim do primeiro dia havia 83% de carga. Após cinco dias de uso, ainda sobravam 17%, sem ter feito nenhuma recarga neste período.
O gasto diário com energia foi equivalente a R$ 4,72 ou R$ 23,60 na semana (segunda a sexta) segundo a tarifa de energia paulista. Num carro 1.0 com motor a combustão, o valor diário aproximado seria de R$ 14 e de R$ 70 nos cinco dias com gasolina a R$ 3,99 o litro.
Na estrada, o teste foi realizado entre São José dos Pinhais e Paranaguá, no litoral paranaense. Com um trajeto de 150 km percorridos (ida e volta), sendo 25 km de descida e subida na Serra do Mar, ainda restaram 35% de energia na bateria na chegada.
O gasto com a energia na tarifa paranaense foi de R$ 13,65, enquanto que num modelo 1.0 seria necessário desembolsar R$ 39,90 para fazer os mesmos 150 km, com a gasolina a R$ 3,99.
O carregamento rápido com tensão de 400 volts permite reabaster 80% da energia da bateria em 40 minutos. O sistema está disponível em alguns estabelecimentos comerciais de capitais como São Paulo, Curitiba e Rio de Janeiro, e trechos de rodovias no Paraná, São Paulo e Rio de Janeiro.
Leaf vira fonte de energia
O Leaf também pode funcionar com uma fonte de eletricidade, por meio de um rede instalada que permite abastecer a casa com a energia da bateria, evitando assim o consumo na residência em períodos de pico, por exemplo.
O Leaf é o quinto carro elétrico a desembarcar no mercado brasileiro (confira os outros modelos e os preços). No mundo, ele já vendeu mais de 400 mil unidades desde o lançamento sim 2010, sendo um dos modelos do segmento mais comercializado.
Atualmente é comercializado em 50 países e, além do Brasil, chega também na Argentina, Chile e Colômbia.
Por aqui, a novidade está disponível nas cores branco, branco com teto preto, prata e cinza. E em 7 lojas pelo Brasil: São Paulo (Carrera e Fuji), Rio de Janeiro (San Diego - Barra), Brasília (Gran Premier), Curitiba (Barigui), Florianópolis (Globo) e Porto Alegre (Iesa). A marca oferece 3 anos de garantia para o carro e 8 anos para a bateria.
*O jornalista viajou a convite da Nissan
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